Por Fábio Fliess
Veja a segunda parte do relato
Após o descanso merecido no hotel, iniciamos o safári seguindo primeiro para o parque Lake Manyara. Contando com densa vegetação, possui estradas circulares, que facilitam a observação dos animais. Isso torna o passeio repleto de surpresas, pois a cada curva você pode esbarrar com algum animal. Vimos elefantes, babuínos, girafas e zebras. Um leão dormia tranquilamente debaixo de uma árvore, sem se importar com os carros e as câmeras dos curiosos. Sem dúvida, é fantástico ver tão de perto animais que só víamos pela TV ou presos pelas grades de um zôo.
No dia seguinte, seguimos para Ngorongoro, onde dentro de uma cratera de um vulcão extinto, encontra-se uma reserva animal, que impressiona quando vista de cima. A cratera tem cerca de 20 kms de diâmetro e seu interior, onde a vida animal se desenvolve, está a 600m abaixo da estrada de acesso e conta com um lago que ocupa cerca de 10% de sua superfície. Possui uma pequena área de floresta e o restante é um imenso campo gramado. Realmente, trata-se de um mundo a parte, onde a vida animal esbanja beleza. Poucas são as espécies animais que não estão representadas nesse santuário, declarado Reserva da Biosfera, pela Unesco.
Mas no caminho para Ngorongoro, o 4X4 onde estávamos quebrou duas vezes. No total, foram quatro horas de atraso no meio do nada. Uma situação um tanto incômoda… Um veículo do próprio parque nos ajudou e ainda nos levou para visitar a cratera.
Uma vez lá dentro, vimos cenas inesquecíveis: uma leoa fazia sua siesta, felizmente, com o estômago cheio e permitiu que o nosso veículo chegasse bem perto para as tradicionais fotos e filmagens.
Pudemos avistar também alguns rinocerontes, nada amistosos. Quase extinto, em função da grande perseguição que sofreu por parte dos caçadores de chifres, o rinoceronte é, junto com o leopardo, um dos animais mais difíceis de se avistar na natureza. As cenas que marcaram nossa despedida de Ngorongoro foram de um guepardo tomando conta de seu almoço uma gazela, e uma outra leoa, cuidando orgulhosa de seus 3 filhotes.
No dia seguinte, o 4X4 já estava devidamente consertado e seguimos viagem para o famoso parque do Serengueti. Tomamos um atalho na estrada e visitamos Olduvai Gorge, um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo. Depois de uma verdadeira aula sobre a evolução do homem, voltamos à estrada.
Com suas planícies infinitas, o Parque Nacional do Serengueti tem uma área equivalente a um terço da área do estado do Rio de Janeiro e é o parque nacional mais conhecido da África. Milhões de gnus haviam retornado de sua migração anual e pastavam tranquilamente ao lado de milhares de zebras e gazelas. Talvez a cena mais impressionante foi ver um leopardo no alto de árvore, usando as folhagens como uma perfeita camuflagem. Havia caçado um javali e demonstrou sua extrema força carregando a presa até o alto da árvore.
Com a visão desse belo animal, nós havíamos conseguido avistar os big five, como são denominados os 5 principais animais africanos: o elefante, o leão, o búfalo, o rinoceronte e o leopardo. Nos despedimos dos parques tanzanianos com a certeza de que a fauna local é incrível e merece ser visitada outras vezes.
O retorno para Arusha foi digno de nota: o 4X4 quebrou outra vez e teríamos que fazer o restante da viagem num ônibus. Depois de uma certa espera, um veículo que poucos chamariam de ônibus parou para que embarcássemos. Mais uma vez fomos salvos dessa loucura quando um outro carro parou para nos dar carona. Sabe-se lá como, quando voltamos a estrada, éramos 7 pessoas e uma quantidade igual de mochilas espremidas dentro de um carro.
Quando o motorista arrancou tivemos a nítida sensação de que viriam mais emoções. A impressão é que o carro só tinha uma marcha, tamanha a aceleração que o motorista imprimia ao coitado. Voando pelas estradas da Tanzânia ao som uma música louca, uma mistura de pagode com axé music cantada em suahili, olhávamos uns para os outros imaginando o que mais poderia acontecer…
Aconteceu: vinte minutos depois chegamos numa barreira policial, cheia de guardas mal humorados e bem armados. Depois de ouvir as explicações do motorista no dialeto local, o guarda olhou para o Marcelo e falando um péssimo inglês perguntou qual seria a justificativa para um carro tão abarrotado. Logo pensamos: pronto, agora só falta a nossa versão não bater com a do motorista. Marcelo contou, obviamente, a verdade… O guarda pensou por alguns instantes e nos liberou.
No dia seguinte, voltamos para Nairobi. A hora de voltar para casa estava próxima. Passamos o Natal todo dentro de aeroportos e aviões para a longa viagem de retorno. No dia 26, as 14hs estávamos desembarcando no aeroporto Tom Jobim, dando um ponto final à essa aventura. Aliás, não sei se podemos chamar de ponto final, pois a tão falada magia africana se instalou em nossos corações e mentes, deixando saudades eternas…
Uma possível cura para essa saudade é estar sempre em busca novas emoções e aventuras. E quem sabe, um dia, voltar à Africa para viver essas aventuras novamente!!
Um grande abraço e até a próxima!