Redefinindo o mapa de escaladas no Brasil com Psicoblocs

0

Mais um grande potencial para a modalidade foi descoberto recentemente pelos cariocas Felipe Dallorto e Flavia dos Anjos. Desta vez no nordeste brasileiro


Por Marcos André Araújo

Felipe Dallorto e Flavia dos Anjos abriram mais uma porta para que o Brasil passe a ser uma das rotas de escaladores extremos. Sendo Mallorca, na Espanha, o berço e a meca da prática psicobloc, o nordeste brasileiro se apresenta com grande potencial que ainda precisa ser explorado. Uma das portas de entrada para esta novidade é a cidade alagoana Olho D´Água do Casado, onde a dupla esteve durante o feriado de Corpus Christi.
&nbsp,
Lá passa o Rio São Francisco, o Velho e famoso Chico, maior rio brasileiro, que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e sobe para o nordeste banhando a Bahia, Sergipe e Alagoas. O cânion localizado na cidade alagoana foi a base para a nova exploração da dupla carioca. “A primeira coisa que veio em minha mente quando avistei aquele cânion gigante foi que o Brasil é um país mágico! Sensacional as cores das rochas, avermelhadas e amareladas, no estilo Mallorca. Fora os nativos que são super receptivos e atenciosos”, conta Dallorto. “O lugar é de impressionar. Muitos negativos e buracos”, diz a escaladora Flavia.
&nbsp,
Antes de comemorarem o sucesso da empreitada, a ansiedade tomou conta. “As expectativas eram enormes. As fotos que vimos do lugar eram surreais, muitas caves, tetos e paredes cercando o maior cânion navegável do mundo. Estávamos certos de que iria rolar coisa boa por lá”, descreve Dallorto. “Vimos fotos em sites de turismo que chamaram muito a nossa atenção, mas com a experiência de duas expedições anteriores, sabíamos que as fotos podiam enganar. Então, foi preciso ir até lá para tirar a duvida”, reforça Flavia.
&nbsp,
Ao todo, Felipe Dallorto e Flavia dos Anjos batizaram 16 vias. Segundo eles, são todas bem atléticas e exigentes. “É um lugar maravilhoso, impressionante e imponente, ficamos até perdidos, sem saber por onde começar, mas o próprio lugar nos mostrou seu caminho e descobrimos bons setores para a prática, que oferece algumas dificuldades como um tipo de rocha quebradiça e muitos galhos no fundo do lago. Isso nos deu medo, mas também valorizou o que conquistamos”, avisa Flavia. “Foram as melhores vias que já conquistei e o melhor lugar por onde pisei”, revela Felipe.
&nbsp,
As vias

Com um lugar mágico e cheio de possibilidades para a prática do psicobloc, não demorou muito para o casal encontrar o que sonhava. “Após sete minutos navegando encontramos o primeiro setor, sólido, negativo e com quedas limpas. Ali conquistamos a primeira via, ´Maria Bonita´, uma seqüência de monodedos e bidedos com um crux bem forte acima dos 10 metros de altura. Logo ao lado, obviamente, conquistamos a linha ´Lampião´”, explica Felipe.
&nbsp,
Um pouco mais para frente, outro paraíso se abriu. “Avistamos uma linda aresta totalmente negativa com lacas sólidas, porém duvidosas. Após alguns voos, a batizamos de ´Macaxeira Voadora´”. Já no segundo dia de expedição, o motor do barco ficou à deriva, todavia, em vez de azar, a sorte estava ao lado. “Tivemos que ficar por ali mesmo, pois a chuva veio forte e nos abrigamos debaixo de um teto de uma parede bem negativa. Após alguns minutos percebemos que estávamos abrigados debaixo de uma linha alucinante, a mais forte que entramos nessa viagem, que levou o nome de ´Mulé da Peste´”.
&nbsp,
As outras 12 vias foram batizadas por Feijão de Corda, Os Cangaceiros, Bode Seco, Bode Molhado, Cabra Macho, Couro de Bode, Cachaça com Mel, Forró Safado, Show da Natureza, Não me Peça Fiado, Pé-de-Serra e Cão Tinhoso. Felipe Dallorto editou três vídeos que contam os lugares que descobriu e abriu para a prática do psicobloc no Brasil. Para conferir os vídeos, basta clicar aqui.
&nbsp,
Futuro

Para Felipe Dallorto, pioneiro em descobrir locais para a verdadeira prática do psicobloc no Brasil, a modalidade tem tudo para dar certo. “Acho que só tem a crescer, pois o nosso país é rico em mares, rios e pedras, e o psicobloc é uma escalada pura que mexe com qualquer pessoa que pratica a modalidade com essa consciência”. Flavia dos Anjos também está otimista. “Sabemos que estamos contribuindo para o crescimento da escalada, ajudando a desenvolver nossos caminhos e possibilidades”, diz.
&nbsp,
Para ela, o interesse em conhecer a modalidade já está sendo despertado em várias pessoas. “O psicobloc é atraente com um algo especial dentro das modalidades da escalada. As pessoas já estão perguntando, estão cheias de curiosidade. Acho que vai crescer e até formar um grupo próprio. Escaladores que só se dedicam a isso e outros que podem se tornar escaladores só para o psicobloc”.

:: Veja mais: Relato de Felipe e Flavia sobre os psicoblocs do Canyon do São Francisco

Compartilhar

Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

Deixe seu comentário