Esta proibição é até hoje considerada como uma das mais injustas na escalada, seja por conta do significado histórico da Lapinha para a escalada brasileira, assim como pela ausência de uma justificativa mais contundente e também pelo empenho dos escaladores, que eram os únicos visitantes que se organizavam para realizar mutirões de limpeza e de conservação da natureza no local.
A liberação da escalada na Lapinha sempre foi um dos principais objetivos da AME, Associação Mineira de Escalada, que há muito tempo negocia a liberação da escalada na região e promove eventos para a conscientização ambiental e montanhismo de mínimo impacto. Com a criação da FEMEMG (Federação de Montanhismo e Escalada de Minas Gerais), o movimento ganhou força e representatividade, ao ponto que no ano passado foi realizado um evento em Ouro Preto onde Funcionários do IEF, membros da FEMEMG e CBME (Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada) discutiram as políticas preservacionistas dos parques, com objetivo de conscientizar as autoridades que a escalada não é uma atividade que gera grandes impactos.
Talvez o primeiro sinal do Seminário de Ouro Preto seja sentido agora, com a sinalização de que o Parque do Sumidouro irá liberar a escalada até o final deste ano.
Apesar da sinalização, é preciso salientar que se houver a liberação, ela será em caráter experimental e a conduta do visitante irá pesar muito para no futuro a escalada seja de fato contemplada no Plano de Manejo do Parque, abrindo um procedente histórico importante na luta contra as proibições em parques estaduais mineiros, que além do Sumidouro, encontram restrições na Gruta do Rei do Mato, Parque do Tabuleiro, Ibitipoca entre outros.
Avanço e retrocesso
Ao mesmo tempo em que a sinalização de que a Lapinha será aberta mostra um avanço na mentalidade de administrar áreas naturais, um Projeto de Lei estadual, de autoria do Deputado Adalclever Lopes-PMDB, prevê que o Parque do Sumidouro, onde fica a Lapinha, seja reduzido à categoria de Área de Proteção Ambiental, que é um tipo de unidade de conservação que prevê um uso mais abrangente, diferente da categoria de parque, que é uma categoria de proteção integral.
Esta mudança permitiria a urbanização de algumas áreas e poderia até mesmo permitir a pastagem e outras atividades agropecuárias, além de poder sinalizar uma ampliação do aeroporto de Confins para dentro da área de proteção, o que é um projeto antigo do Governo do Estado.
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