Por Luciano Fernandes
Todos os filmes foram exibidos como de praxe no Cinema Odeon, que é um cinema muito “cool”, e um dos mais charmosos da cidade do Rio de Janeiro.
Logo na recepção para pegar a credencial para assistir aos filmes notava-se um toque de sutileza e elegância com TODOS os posteres da mostra enquadrados expostos. Mostrando que 10 edições se passaram e em como a evolução da comunicação visual acompanhou esta evolução.
Apesar de especular-se de que estaria um pouco vazio, por ser apenas filmes brasileiros, e alguns supostamente amadores, o cinema estava cheio. Faltou muito pouco para estar lotado. Como de sempre o público da parte superior do cinema é o mais ruidoso, e o mais participativo do evento. Sobrando para todos os filmes vaias, urros, aplausos, risos, e etc… Sempre um espetáculo à parte, e ótimo termômetro de saber como o vídeo está agradando.
Vamos aos filmes de ontem :
“Viajantes radicais, pelo caminho de Lévi-Strauss”
Um Excelente Documentário sobre a reconstituição do percurso de pesquisa do filósofo francês Lévi Strauss.
O filósofo também é responsável pela criação e desenvolvimento da USP e em toda a filosofia de ensino que por lá ainda existe. O filme muito bem narrado e editado não houve um foco muito grande em esportes, se restringindo em algumas cenas.
O foco principal do filme foi mesmo as fotos e impressões do filósofo. Talvez por não focar muito em esporte, e sim contar em como pode ter sido para um europeu ver índios selvagens e natureza exuberante.
Não acredito que o vídeo vá ganhar o festival. Por ser realizado por uma emissora de tv, contou com aquele caráter mais descritivo, focando sempre na história do filósofo, mas nunca nos esportes.
Houve alguns mapas mostrados do caminho percorrido, porém pecou um pouco em descrever dados de como chegar e como (e com quem) aproveitar mergulhos em caverna ou até mesmo raftting na amazônia.
Para saber mais sobre as notas que na minha opinião cada filme merece, estão todas no twitter : http://twitter.com/kleternman
“Bolívia – Política, Cultura e Montanhismo”
O filme retrata o dia a dia de escaladores em uma escalada de Alta Montanha. O vídeo de aproximadamente 18 minutos focou vários aspectos da Bolívia : cultura, cidades e política.
O início que esclarecia como está a política pareceu que iria entrar em uma verdadeia explanação de política, porém os autores optaram por apenas mostrar uma ponta do problema sem se aprofundar.
Como curioso que sou fiquei com vontade de saber mais, e var mais entrevistas. Acredito que haja até mais material com os produtores, mas pela duração do programa, deve ter sido suprimido.
Toda a descrição da escalada, com ataque ao cume careceu de uma explicação mais profunda, assim como houve uma ausência do período de preparação para este tipo de escalada.
Acredito que com esta abordagem seria mais interessante, e até mesmo possibilitaria um vídeo mais longo que mostrasse vários aspectos de quem por ventura se interessaria em realizar.
Algo a se observar é a obsessão dos produtores em a cada 5 minutos fazer uma pessoa local, ou até mesmo eles mesmos falarem o nome da produtora “Casca Grossa”, que na minha opinião chega a ficar por vezes fora até mesmo de contexto. algo que poderia facilmente ser suprimido, e ser elegantemente planejado em alguns pontos do filme.
Porém apesar do filme ter sido bom, não acredito que este ano a produtora conseguirá repetir o sucesso de 2008 quando arrebatou o prêmio de melhor filme pelo público. Apesar do filme ser de boa qualidade, na minha opinião faltou um “que” que o fizesse tão atrativo.
Muitos comentários das pessoas ao sair do cinema, comentavam a baixa qualidade das imagens, que evidenciava que a câmera usada não era dos modelos de última geração, o que obviamente será corrigido pelos produtores em outros vídeos elaborados, pois de 3 anos para cá a qualidade de câmeras de filmar digitais evoluiu muito.
“Woodsy”
O filme retrata o estilo de vida de um americano que vive fora do sistema. Vivendo, muitas vezes na ilegalidade, acampando em parques e locais de natureza nos EUA.
Um filme muito interessante, mas se parece mais com o tipo de filmes que se vê aos montes pelo Vimeo. Aliado a este detalhe fica o fato de que o filme era totalmente americano. E em um festival de filmes brasileiros.
De longe não será um filme que ganhará prêmios, mas de qualquer maneira é um bom video para se ver e meditar em tudo que temos e tudo que precisamos.
No filme porém não se explica de onde sai o dinheiro da pessoa para comprar os equipamentos, as roupas, as barracas e etc…
Pois por mais que ele esteja fora do sistema, alguém tem de pagar por tudo aquilo que ele estava fazendo. Inclusive pagar fianças (que ele diz ter pago) quando é preso.
“Tupungato – acima dos 6 mil”
O filme conta a aventura de alguns amigos para se fazer uma alta-montanha próximo ao Aconcágua. Tudo realizado em 2005.
O filme é muito interessante, porém por não ter tido o roteiro muito trabalhado, e por vezes soar muito como um filme feito a mostrar apenas a amigos próximos, não é muito interessante para se ganhar um festival de filmes de montanha.
Por não ter trabalhado muito no roteiro, e optado por aproveitar TODO e qualquer material filmado na filmagem origina, ficou muito longo e tornando maçante e repetitivo ao longo de seus 44 minutos.
Aos produtores fica a dica de trabalharem mais o roteiro, focando sempre mais nos escaladores, e em seu histórico, seus desejos e suas expectativas. Assim como a preparação.
Porém, as fotografias mostram uma grande qualidade do fotógrafo, e poderiam ocupar uma parte maior do filme devido à sua qualidade. Não é grande favorito a ganhar a categoria de melhor filme, mas pode ganhar em alguma categoria técnica.
“Slack Brasil”
Vídeo que retrata os principais apreciadores do “Slack Line” na cidade do Rio de Janeiro.
O filme é de uma beleza fotográfica imensa. Mostra em vários locais do Rio de Janeiro pessoas praticando este esporte relativamente novo, assim como imagens muito impressionantes de praticantes nos “Natural Games” realizado na França.
Um filme obrigatório para todo e qualquer praticante de “Slack”, e uma verdadeira fonte de inspiração para manobras.
É um filme bem leve, e um excelente cartão postal da Cidade do Rio de Janeiro. Com uma fotografia belíssima e uma descrição de uma pessoa que vive intensamente a cidade.
Não acredito que alguém que veja este vídeo não fique com vontade de : ou conhecer a cidade ou praticar slack line.
Muito provavelmente deve ganhar o prêmio de melhor fotografia, ou edição. Na minha opinião corre por fora para ganhar como melhor filme na escola do público.
“Surf nas Montanhas”
Vídeo que retrata da influência do “surf de montanha” na cidade de Visconde de Mauá, na estado do Rio de Janeiro.
O filme retrata de forma documental, e muito bem editado, como foi o desenvolvimento do esporte chamado de “surf de montanha”.
Porém ao se assistir ao filme fica evidente que e apenas um nome mais elaborado para skate off road. Uma pancha de skate com rodas pneumaticas e grandes descendo a montanha, seria o termo mais apropriado.
Com várias imagens de várias manobras lembrou, e muito, todos os filmes documentais de skate. O filme também se inspirou, e muito, no filme “Dogbowl – onde tudo começou” que é um dos melhores filme de skate dsponíveis.
Acredito que o filme não irá abocanhar nenhum prêmio, pois olhando à luz da razão é um filme que mais apresenta o esporta para quem já é praticante de skate.
Para o público alvo do festival que são escaladores, e amantes da montanha foi um pouco tedioso, apesar do filme ser muito bem feito em termos técnicos.