Como relatei em minha coluna anterior, estou trabalhando em uma organização filantrópica, uma ONG. Um dos departamentos da Associação Cívica Feminina é a URDV (Unidade de Reabilitação de Deficientes Visuais). Trabalho Fantástico desenvolvido por profissionais especializados em educação para deficientes visuais.
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Por pura coincidência cósmica em 2010 provavelmente passei na frente do stand da URDV na Reatch e nem percebi. Este ano vou como Parofes, mas também como Gerente Adm Financeiro que preza pelo funcionamento e preservação deste trabalho mais que nobre.
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Bem, de aproximadamente um ano pra cá eu e Pedro separadamente andamos trocando e-mail com uma figurinha muito especial. Nosso amigo Igor Balestra, que se tornou deficiente visual já adolescente e teve que re-aprender a viver literalmente. Precisou ser alfabetizado, aprender a ler e escrever em Braile, e todos os processos conhecidos de reabilitação para este tipo de deficiência que, no meu ponto de vista, é a pior de todas.
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Sempre digo que eu aguentaria ser somente mudo. Mas eu não aguentaria ser surdo porquê vivo música. Não aguentaria ser cadeirante por motivos óbvios. Mas não suportaria de forma alguma ser cego e não poder vislumbrar as encostas florestadas das montanhas brasileiras e os flancos nevados e glaciados das nossas montanhas andinas. De jeito nenhum, não suportaria.
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Por isso eu admiro muito o Igor e todos os outros deficientes visuais que lutam pela vida, aceitam sua limitação e a transformam em algo produtivo mesmo dentro deste universo difícil, escuro. O Igor adora montanhismo e faz algumas caminhadas. Tem sonhos muito legais. Quem sabe um dia ele não consegue realizar alguns deles? Sorte pra tu cara! Ah, esqueci de falar, o Igor trabalha no suporte da HP!!!
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Agora diga-se de passagem, existem casos e casos. Relembro do que eu e Tácio presenciamos na Serra Fina ano passado: Um homem (que aparentemente sofreu um derrame – tinha um lado do corpo praticamente paralisado) sendo quase que arrastado montanha abaixo, descendo a Pedra da Mina (4ª montanha mais alta do Brasil) para chegar ao Vale do Ruah. Não gostei do que vi, achei extremamente imprudente por conta da agência que o aceitou como cliente não por o ter feito, mas por não disponibilizar equipamento adequado, infra-estrutura adequada.
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Entendo da necessidade da pessoa de salpicar a vida, deixar de lado a tristeza e seguir
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Continuando: Ano passado na palestra vimos equipamentos muito legais, na verdade excepcionais! Todos adaptados à vida do cadeirante com objetivo de prática dos chamados “esportes radicais” como rapel, rafting, canyonismo, arvorismo, escalada em rocha e indoor, etc.
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Este ano me senti na obrigação de visitar a feira e mostrar aqui no meu espaço ,e no meu blog um pouco deste mundo que tem como objetivo retornar à sociedade as pessoas que passam por alguma dificuldade de mobilidade, limitação física ou mental, mas que simplesmente não desistem de viver. Tornam-se símbolos de perseverança e determinação. Deixo ,algumas fotos. Espero que gostem!
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Fomos à feira ontem dia 17 de abril, último dia. Não gostei da feira como gostei da edição de 2010. Havia pouco sobre esportes para deficientes e mais um pouco os carros adaptados engoliram a feira. Acho que se continuar assim em mais quatro ou cinco edições não haverá stands normais, só os grandes dos fabricantes das quatro rodas. Um pouco decepcionante.
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Existia coisas bem interessantes como vimos em stands um pouco mais elaborados de empresas privadas com soluções pra deficientes visuais e amputados. Máquinas que viram páginas de livros, teclados curvos para que a pessoa que só tem uma mão possa usar atalhos como CTRL +P ou CTRL + L. Engenhocas legais por demais diga-se de passagem. O nosso stand da URDV estava simples visto que não temos muitos recursos pra embelezar o espaço e mostrar a instituição, mas isso faz parte. Aos poucos tudo melhora.
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Senti falta também de uma palestra legal pra ver. Lili e eu fomos logo de manhã já que queríamos filar um almoço na tia dela, então não dava pra esticarmos a estada na feira até mais tarde.
Ah uma coisa legal que eu não conhecia. Existe uma empresa chamada Hardcore Sitting, brasileira, que faz cadeiras de rodas especiais pra manobras radicais, como se fosse skate pra cadeirantes! Muito massa…Vale a pena dar uma olhada no site deles e observar os equipamentos e vídeos super transados.
Bem, é isso aí, a feira foi mais fraca do que no ano passado mas mesmo assim valeu muito ir.
Espero que gostem das fotos.
Abraços a todos,
Parofes