Na coluna desta semana, Julio Fiori fala sobre o que é o montanhismo tropical, ou seja, o montanhismo que praticamos no Brasil.
Diferente daquilo que é mostrado na TV, de um montanhismo realizado em ambientes gelados e sem oxigênio, no Brasil temos uma paisagem e uma identidade própria, singular e por isso devemos valorizá-la como algo distinto.
É incontestável a fascinação exercida pelas histórias das ascensões em grandes altitudes nos Himalaias ou nos Andes e das conquistas de grandes paredes nos Alpes ou na Patagônia. A rocha exposta, o gelo alvíssimo e a falta de oxigênio exercem poder avassalador na mente de montanhistas e cineastas de todas as latitudes.
Os dois primeiros são elementos muito fotogênicos, e a mitologia encarnada no terceiro praticamente domina a mídia esportiva e obscurece tudo ao seu redor. Mas felizmente o verdadeiro montanhismo, tanto o glamoroso quanto o incógnito, é praticado longe das câmeras.
Até que existem tentativas de retratar o montanhismo tropical como bem demonstram alguns episódios da série À Prova de Tudo levada ao ar pela TV a cabo (exceto a inexplicável atração gastronômica por lesmas, insetos e fezes frescas), mas quase sempre se detêm pelas bordas devido principalmente às dificuldades implícitas nessas empreitadas.
Equipamentos eletrônicos são muito sensíveis ao excesso de umidade, e as câmeras têm necessidade de muita luz para realizarem seu trabalho. Nas montanhas tropicais a umidade é imensa, as chuvas são constantes e podem durar semanas ou meses e árvores com 30 ou 50 metros impedem a entrada de luz. Nos poucos dias ensolarados, pequenos fachos de luz brilhante rasgam o teto da floresta criando zonas de luz intensa em contraste com o fundo escuro que, um pesadelo para o fotógrafo, se transforma numa impossibilidade para as câmaras de vídeo. ,
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