NÚMERO DE MORTOS NO HIMALAIA
Circularam pela internet inúmeros dados errados e várias questões distorcidas sobre a avalanche que assolou o Manaslu no fatídico 23 de setembro. Por exemplo, falou-se que o Manaslu tem 63 mortos, outros lugares consignaram 70 mortos. Quantos são, enfim, os escaladores que perderam a vida no Manaslu até hoje? São 77.
Lista de mortos nos 8000:
Everest – 237
K2 – 81
Manaslu – 77
Nanga Parbat – 68
Dhaulagiri – 67
Annapurna – 62 (se as notícias preliminares se confirmarem, são 68 agora)
Cho Oyu – 47
Kangchenjunga – 41
Makalu – 32
Gasherbrum I – 29
Shishapangma – 24
Broad Peak – 21
Gasherbrum I – 21
Lhotse – 14
Totalizando, são 821 mortos nestes mais de cem anos de exploração dos cumes 8000. O maior ceifador de vidas é o Everest, seguido pelo K2 e Manaslu. Os que menos mataram foram o Broad Peak, o Gasherbrum I e o Lhotse.
No tocante ao grau de periculosidade (número de cumes vs número de mortos), fica assim:
Annapurna – 29,39%
K2 – 26,47%
Nanga Parbat – 20,18%
Dhaulagiri – 14,76%
Kangchenjunga – 14,49%
Manaslu – 13,35%
Makalu – 8,93%
Gasherbrum I – 8,76%
Shishapangma – 7,79%
Broad Peak – 5,19%
Everest – 4,06%
Lhotse – 2,81%
Gasherbrum II – 2,20%
Cho Oyu – 1,50%
Como se vê, o Annapurna é a montanha mais perigosa, seguida de perto pelo K2. Já as mais seguras, relativamente, são o Everest, o Lhotse, o Gasherbrum II e o Cho Oyu.
AS MAIORES TRAGÉDIAS NO HIMALAIA
Outras informações que circularam erroneamente foram quanto às maiores tragédias em decorrência de avalanche havidas nas montanhas da Ásia até os dias de hoje.
Essas são as maiores catástrofes ligadas a avalanches:
1ª) Região do Everest (Nepal, 1995) – 91 mortos (em várias avalanches simultâneas)
2ª) Pik Lenin (Rússia, 1990) – 43 mortos
3ª) Kang Guru (Nepal, 2005) – 18 mortos
4ª) Nanga Parbat (Paquistão, 1937) – 16 mortos
5ª) Manaslu (Nepal, 1972) – 15 mortos
6ª) K2 (Paquistão, 2008) – 11 mortos
7ª) Manaslu (Nepal, 2012) – 11 mortos
DESASTRE NO MANASLU (23-9-2012)
Na madrugada de 23 de setembro, uma avalanche de grandes proporções desceu pela rota normal do Manaslu (Face Nordeste), e atingiu o campo 3 (6800 metros), onde inúmeros alpinistas estavam se preparando para atacar o cume. Foi de tal proporção, que levou consigo onze vidas: Remy Lecluse, Ludo Challeat, Fabrice Priez, Catherine Ricard, Philippe Bos, Gregory Costa, Dominique Ouimet, Chris Mittermeyer, Dawa Dorje Sherpa e Marti Gasull Roig.
A notícia circulou o mundo e foi publicada aqui no Altamontanha:
DESASTRE NO ANNAPURNA (8-10-2012)
Nem bem secaram as lágrimas pela perda de tantos alpinistas queridos, e ecoaram pelo mundo notícias lúgubres vindas da Rússia, de que a expedição uzbeque que tentaria a rota normal do Annapurna fora atingida por uma avalanche descomunal, como poucas vezes vistas na história do Himalaia. Os integrantes de outra expedição que, por sorte, estava no campo-base no momento do incidente, disse que toda a encosta do Annapurna colapsou. A avalanche soterrou toda a expedição do Uzbesquistão, incluindo o top climber Ilyas Tukhvatullin (novas rotas no Everest e no K2), Ivan Lobanov, Alexander Bykov, Yevgeny Yegorov, Serguey Ilyasov, Andrey Kutsy e Dmitry Serebryakov. Há pouca esperança de localizar algum deles com vida.
ESTARIAM OS DOIS INCIDENTES CONECTADOS?
É certo que a Face Norte do Annapurna é propensa a avalanches. Mas esta foi muito diferente das que costumam espocar pela face, e de proporções assustadoramente maiores. Também chamou a atenção a avalanche do Manaslu, que foi num local onde não costumam ocorrer com aquela magnitude. Por terem sido dois eventos inusitados e com um curto intervalo de tempo, há pessoas que advogam a tese de que os dois eventos estão conectados.
Segundo informes preliminares vindo do campo-base do Annapurna, o líder da expedição russa Gleb Sokolov teria dito que pelo jeito que a avalanche ocorreu poderia ser decorrência de um terremoto ou de um abalo sísmico.
Enquanto não se chega a uma conclusão se os dois eventos são produto de pequenos sismos ocorridos na placa que separa a Índia da China, as atividades de busca continuam. O certo é que o número de mortos atingiu quase 20 nessa temporada, um dos outonos mais sombrios da história do Himalaia.
Por: Rodrigo Granzotto Peron
Texto finalizado em: 9-10-2012