A manhã oscilava entre nublada clara com breves aberturas de céu azul as 9:30hrs, horário em q saltei na Est. Franco da Rocha, integrante da linha rubi da CPTM. Bem disposto, ao invés de tomar o busão q me deixasse na portaria do PE Juquery (no caso, qq um q fosse pra Mairiporã) resolvi ir a pé mesmo, economizando a “valiosa” quantia de quatro “pilas”. Tomei então a “Estrada do Governo”, nome popular pela qual atende a Rodovia Prefeito Luis Salomão Chamma (SP-23), e me mandei em direção à ilustre unidade de conservação. A medida q avançava e deixava a urbe, despertou-me a atenção o fato dalguns estabelecimentos comerciais pegarem carona na “fama” local, fazendo alusão a unidade psiquatrica q ali perdurou durante bom tempo.
Pois bem, uma vez chegando nos limites do parque resolvi abreviar a pernada não entrando pela portaria principal (a “P1”, ou seja, aquela q tem na frente ao corpo de bombeiros) e sim na “P2”, portaria menor e quase imperceptível q fica coisa de 1km antes da outra. E assim, as 10:10hrs ultrapasso seu pórtico de madeira, cumprimento cordialmente o guardinha q toma conta dela, e me pirulito pelo caminho principal indicado pela eficiente sinalização do lugar. Vale mencionar q esta portaria costuma fechar com freqüência, principalmente em dias de chuva pois o Rio Juquery (q está bem ao lado) costuma ter seu nível elevado e não raramente inunda a estrada de acesso a mesma.
Andando descompromissadamente e sem vivalma no lugar, abandono a rota principal e toco pro sul, subindo suavemente o largo estradão avermelhado q não demora a descortinar a vastidão do lugar. Atravesso o enorme descampado escarlate q já fora uma agitada pista de pouso e, mais adiante, passo batido pelo “Quiosque da Seriema”, onde alguns funcionários fazem manutenção dos banheiros. Daqui em diante a pernada sobe e desce suavemente a cumieira dos morros sgtes, forrada de vegetação arbustiva e retorcida, onde os horizontes se ampliam permitindo avistar tanto a simpática torre de observação como o Ovo da Pata, pto culminante do parque q exibe suas elegantes corcovas se esparramando pra oeste.
Na sequência, ignoro a bifurcação da “Árvore Solitária” e me dirijo em direção do sopé do Ovo da Pata, onde chego num piscar de olhos. Aqui, a exatas 11hrs, ao invés de subir o morro, atendo pruma picada obvia q desce prum vale sentido sudeste. Esta vereda é a q dá acesso á trilha sul do parque. Inicialmente ela desce pro supracitado vale, onde alguma vegetação alta pode obstruir o caminho, mas é evidente seu uso, fato constatado pelas marcas de pneus de bike e embalagens de suplementos energéticos. Mas passado o alto capinzal do vale a picada sobe pra crista sgte, onde o avanço é bem desimpedido. Aqui atento p/ algo q não havia da última vez q passara por ali: uma placa do parque proibindo o acesso, sinal q ali é limite oficial do mesmo.
Uma vez no alto da crista sgte nos deparamos com uma vereda larga e bem batida, q é a “trilha sul” de fato. Aqui, percebe-se claramente q ela desce pro bairro do Morro Grande, a sudoeste. Ao invés disso, tomo seu sentido oposto, ou seja, me mantenho pela crista da morraria rumo sudeste, onde a pernada se mantem em nível. E lá vou eu, palmilhando agradavelmente aquela cumieira serrana com bela vista da parte sul do parque e vista diferenciada do Ovo da Pata, q vai ficando cada vez mais distante. A brisa sopra suavemente, trazendo o forte odor de capim gordura das proximidades, e logo o tempo ate então nublado se irradia do mais puro e quente sol.
Alternando trechos abertos e outros com eucaliptos, o avanço é ágil e logo alcanço um setor onde a crista palmilhada se junta a outra q toca pro norte. Aqui é onde nasce (ou termina, como preferir) a q chamei de “trilha leste”, vereda q vale a pena conhecer, corta o miolo do parque e o percorre em paralelo aquela q leva ao Ovo da Pata. Daqui em diante a “trilha sul” era um mistério pra mim e lá vou eu, as 11:30hrs, descendo suavemente em meio a um belo bosque de reflorestamento q logo desemboca num terreno mais aberto, se afastando cada vez mais do parque. Toras empilhadas fazem questão de cunhar o fato daquela área não pertencer ao parque, e não dá menos de 20min tocando sentido sudeste q até então misteriosa “trilha sul” finda num terreno dominado por torres de alta tensão.
Num piscar de olhos me espremo no vão da grade q guarda as torres e, as 11:50hrs, me vejo no entroncamento da precária Rua Valdemir Bispo de Assunção com o asfalto da estrada q interliga Caieiras a Mairiporã. Sem mta alternativa começo a andar pela bucólica rodovia sentido leste, cercado de belos bosques e alguma chácara aqui ou ali. Ao meio-dia passo pela frente da suntuosa portaria do Condomínio Residencial Alpes de Caieiras, q mais parece um feudo, e logo adiante novamente me vejo andando solitariamente pelo asfalto. Apenas com algum cuidado, pois o acostamento é mínimo, senão inexistente, e os veículos passam a milhão por ali.
Mas as 12:10hrs me deparo com o belo espelho d’água dum espichado braço da Represa Paulo Paiva de Castro, onde alguns pescadores tentam a sorte a beira da mesma. Uma trilha margeia a represa entre o capinzal e o asfalto, onde é possível chegar próximo da água. Dejetos de capivara abundam em td trajeto assim como algum lixo aqui ou ali. Mas me mantenho rente o asfalto, de modo a bordejar a represa a distância, onde alguns trechos estão nitidamente cercados por ser propriedade particular da Sabesp. Placas indicando ali ser Bacia Hidrografica do Manacial do Juquery e área de reflorestamento estão espalhadas aos montes.
Caio num trevo cujo emplacamento me diz estar no bairro de Sta Inês, e dali toco pela estrada do mesmo nome pro norte. Quiosques vendendo artesanato local abundam, mas me mantenho Sempre rente a represa, por sinal, repleta de avisos e advertências. Logicamente q por ser área de proteção de manaciais e recuperação ambiental da Sabesp o acesso é proibido, mas não parece ser o q a população pensa pq durante td trajeto vejo trilhas e picadas q levam a belos remansos e praias na represa. Veículos encostam tranquilamente a td momento na estrada, desovando famílias inteiras q se deleitam as margens do convidativo espelho d’água. E claro q por conta do horário das 13hrs e do sol a pino este q aqui vos escreve tb teve sua merecida dose de tchibum.
Revigorado e após mastigar rapidamente um lanche da
mochila, na sequencia simplesmente toquei pela Estrada Sta Inês rumo norte e as 14hrs alcancei a “Estrada do Governo”, mais precisamente até o trevo q é limite oficial de Franco da Rocha com Mairiporã. Ali não tardou a passar condução pra Franco da Rocha, onde saltei coisa de meia hora depois. Uma passada básica no mercado me abasteceu de latinhas de cevada geladas, q beberiquei na surdina no trem, durante a volta, feito ambulante da CPTM.
Muita gente me pergunta se faço uso a piscina do prédio onde resido e fica passada diante minha resposta negativa. Sinceramente, hoje estou muito mais inclinado a um bom banho natureba em meio a qq incursão no mato, seja ele de mar, rio, cachu, lago ou até represa. Isto pq banho natureba ganha muito mais valor nessas cirscuntâncias q qq imersão num “poço” artificial entupido de água e cloro. É nada mais q a recompensa dum dia árduo na serra ou duma jornada exploratória no mato. Ou até o prêmio dum simplório rolê dominical, nada convencional e de meio período, nos arredores do “último remanescente de cerrado da região metropolitana de São Paulo”.