Já tinha visto vários amigos voarem das montanhas. O primeiro que lembro foi o Gil Piekarz voar no morro do Camapuã em 2000 ou 2001. Depois presenciei seu voo na Torre da Prata. Assisti por várias vezes o "profanado" Dilson voar com seu parapente da pedra do Grito no Getúlio.
Li relatos do Julio Nogueira, do primeiro voo no Pico Paraná, do Gil e seus voos no Everest e no Illimani, e de tantos outros montanhistas e escaladores que seria impossível citar, pois não conseguiria lembrar de todos.
Lia, achava fantástico e sempre pensava que, infelizmente, aquele mundo não me pertencia. Até a tarde daquele sábado de novembro, no Anhangava, em que após o Rafael ralar sobre nossas cabeças, o vi engatar numa térmica e chegar a base das nuvens, para depois descer e voltar a ralar sobre nós.
Falei, vou voar nessa "porra" também.
Coincidentemente, na mesma semana tive a honra de assistir uma palestra do Gil, no CPM, onde ele contou suas aventuras no mundo do Paramontanhismo. E mais coincidentemente ainda eram as respostas quando eu questionava esses grandes voadores sobre qual escola / instrutor eu deveria procurar para me iniciar neste mundo tão diferente. De cada dez, onze indicaram o Marcio Lichtnow, da escola Vento Norte.
No dia seguinte, estava eu na porta da escola Vento Norte, ouvindo as primeiras palavras do Marcio. Este é um daqueles seres iluminados, que, no bom sentido, invejamos. O cara faz o que gosta, é bom no que faz e, sinceramente, nasceu para isso!
O bate papo já se transformou numa aula. E as aulas em atividades e treinamentos, que logo viraram voos e agora, sete meses após iniciar o curso, posso dizer que iniciei minha "carreira" no paramontanhismo, no mesmo local onde meu sonho começou: Anhangava.
Foi um dia de semana, onde 99% das pessoas assistiam o Brasil ganhar dos Camarões na Copa, e eu e o Rafael esperávamos o momento ideal, em que o vento perdesse força para podermos decolar. Havíamos chegado às 13:30 na montanha, com termais muito fortes e vento seguramente acima dos 40km/h, que impediam o voo.
Porém, como ditam os voadores, só voa quem está na rampa. Esperamos até as 16:30, quando o vento perdeu um pouco de intensidade e, ainda mantendo força, possibilitou um grande voo naquela montanha.
E sobre o voo, deixo o vídeo abaixo, que acredito ser mais descritivo que quaisquer palavras…