Na noite de sábado, a volta de um passeio em família terminou de forma trágica para o petropolitano Ulisses da Costa Cancela. O alpinista industrial, de 36 anos, voltava de uma festa, no Rio, quando entrou, por engano, na favela “Vai Quem Quer” e teve o carro atacado a tiros por traficantes. Ulisses foi atingido na cabeça. Ele foi socorrido, levado para o Hospital de Imbariê, em Duque de Caxias, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo do alpinista foi sepultado na tarde de ontem.
Segundo Farlen Macieira, que é tio de Ulisses, o sobrinho tinha ido a uma festa no Rio. Eram 22h30 quando ele retornava para Petrópolis e achou que tinha perdido o último acesso para a cidade. “O Ulisses dirigia. Ele perdeu o acesso e eles entraram no seguinte tentando fazer o retorno. O carro andou pouco mais de 50 metros quando começaram a atirar contra ele, ainda em movimento. Ele mandou que a esposa e os amigos se abaixassem e tentou fugir com o veículo de ré. Ele foi atingido na cabeça. O carro ainda chegou a colidir contra um muro”, conta o tio.
Segundo informações de parentes, depois do ataque, os bandidos ainda ameaçaram os outros ocupantes do veículo, mandando que eles deixassem o local. A esposa e os dois outros acompanhantes chegaram a ligar para a Polícia Militar, que afirmou não entrar na favela. Neste meio tempo surgiu um carro, um Chevette, que pegou o rapaz e levou até o pedágio da Concer, na BR-040, de onde ele foi levado para o hospital, onde morreu cerca de duas horas depois.
O carro, que até a manhã de ontem permanecia no local do crime, tem diversas perfurações de tiros. Ulisses foi o único ocupante atingido. “Ele foi alvejado no lado direito da cabeça. Chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu”, informa Farlen, que diz ainda que mesmo a seguradora precisou de apoio policial para retirar o veículo do local. “Isso mostra o quanto o lugar é perigoso”, afirma o tio. Revoltados, parentes criticaram a falta de sinalização na rodovia e a insegurança. No local não existe qualquer placa indicando a entrada da favela e o risco ao qual correm os motoristas.
O corpo de Ulisses foi trazido para o Instituto Médico Legal – IML, em Corrêas, ainda na manhã de domingo. O corpo foi liberado para o velório, que aconteceu na capela da funerária Oswaldo Cruz, ainda na noite de domingo. O sepultamento aconteceu às 16h30, no Cemitério Municipal. Para a família, a forma violenta como Ulisses morreu revolta. “Nós já perdemos o direito de ir e vir. Agora meu sobrinho perdeu o direito de viver. Foi grosseira a forma como aconteceu. Foi desumano”, lamenta o tio.
Ulisses era casado e estava com a esposa há dez anos. Ele trabalhava como alpinista industrial em uma empresa que presta serviço para a Petrobras fazendo manutenção em plataformas de petróleo. Segundo o tio, ele estava fazendo um curso de aperfeiçoamento e havia acabado de comprar o carro que foi alvejado pelos tiros. “A vida dele estava se organizando. Estava buscando desenvolvimento na profissão, tinha comprado um carro novo e, de repente, perdeu a vida dessa forma estúpida. A minha irmã está arrasada”, informa Farlen.