Em todos os mapas atuais, o Ben Nevis, a mais alta montanha do Reino Unido, aparece com a altura de 1.344 m. Na verdade, porém, o ponto culminante britânico mede 1.345 m. Essa foi a descoberta do geógrafo Mark Graeves, que no final de 2015 mediu a montanha com a ajuda de um sistema de GPS.
Na verdade, a diferença foi de menos de um metro, mas significativa o suficiente para arredondar a altitude do Ben Nevis de 1.344.527 m para 1.345 m.
Medições
Graeves conta que precisou monitorar 12 satélites durante duas horas para fazer as medições mais precisas. No período, uma infinidade de dados dos satélites foi coletada por um aparelho GPS no topo do Ben Nevis.
O cruzamento das informações é interessante porque levou em conta também a distância da montanha para os satélites, não apenas seu tamanho. Outros sensores vizinhos também foram usados para o cálculo final.
Mas nem todas as montanhas são medidas de forma tão precisa assim. No Reino Unido, muitos picos são medidos do alto, por meio do uso de uma técnica chamada fotogrametria: consiste em sobrevoar uma colina ou pico e tirar uma série de fotografias que podem ser analisadas para a confecção de um modelo em 3D.
Feito em escala, o modelo permite uma estimativa bem razoável da altura. Mas não é tão preciso quanto o GPS.
Ao redor do mundo, há várias montanhas que, por conta de acesso mais complicado, nunca foram medidas com GPS. Em setembro do ano passado, por exemplo, a revista National Geographic publicou uma reportagem sobre esforços de medição do Hkakabo Razi, em Mianmar. A expedição enfrentou condições tão inóspitas que os alpinistas não conseguiram completar sua missão. A altura da montanha permanece objeto de debate.
Na Cordilheira dos Andes, há diversos picos que jamais foram medidos de forma conclusiva. O Cerro Paradones, por exemplo, aparece em guias com altitudes diferentes, variando entre 4.900 m e 5.000 m.
A medição mais recente do Ben Nevis difere apenas marginalmente de uma estimativa de 1949. Mas o Ulugh Mutzagh, um pico nas montanhas de Kun-Lun, na Ásia, foi "encolhido" de 7,723m para 6,973m em 1985 por uma expedição sino-americana.
Há também o caso das montanhas que ninguém escalou. O Labuche Kang III East, considerado o segundo maior pico ainda "virgem" do mundo, é um grande exemplo. Está na Cordilheira do Himalaia, no Tibete. Mapas chineses e russos da área listam sua altura em 7,200 m.
No ano passado, o Denali também teve sua altura alterada.
Até o Everest já foi alvo de disputas. Em 2011, o Nepal questionou a medição oficial da montanha (8.848 m) com um estudo próprio. O motivo? O país, que tem no montanhismo uma de suas principais fontes de renda, alegou que a neve no cume também deveria ser levada em conta. A China discordou, sugerindo que uma redução de quatro metros daria uma altura mais precisa.
Ironicamente, apenas um ano antes os dois países tinham chegado a um consenso. E até hoje os resultados da nova medição encomendada por Katmandu ainda não foram divulgados.
As mais altas montanhas do mundo são lugares desafiadores para se levar a cabo qualquer tipo de medição. E é uma lição de humildade ver com sua magnitude ainda nos deixa pequenos.