Os maoris chegaram à Nova Zelândia vindos da Polinésia e notaram que as moas eram animais dóceis, fáceis de serem caçados. Eles apenas consumiam suas coxas, pois acreditavam que elas fortaleciam seus guerreiros. As moas viviam nas florestas, que começaram a escassear por ação da agricultura dos maoris. Doenças trazidas por aves migratórias e efeitos de uma erupção vulcânica foram também causas da extinção.
Existiam cerca de dez espécies diferentes de moas. Sua população chegou a 170 mil exemplares (dos quais 9 mil gigantes), mas não sobreviveram menos de dois séculos após a chegada dos homens. Tornaram-se extintas entre os séculos XV e XVI, aliás junto com as águias de haast. Porém, como existe ainda hoje uma grande quantidade de ossos, seria possível retirar material para mapear seu genoma e ressuscitar essas aves maravilhosas.
O dodô era um grande pombo gordo e acinzentado, com 1 m de altura, patas amarelas e longos bicos coloridos. Sua aparência singular fez dele no Ocidente um símbolo de algo remoto e exótico e um ícone da extinção animal. Habitava a Ilha Maurício, onde a pouca competição por alimento permitiu que atingisse grande porte. A falta de predadores mamíferos fez com que perdesse a capacidade de voar. Não se conhece sua população nem seu comportamento, mas sabe-se que eram dóceis, sendo facilmente capturados.
A Ilha Maurício é uma dessas formações perdidas no Oceano Índico, a quase mil km de Madagascar, por sua vez uma ilha no leste da África. Seu nome foi uma homenagem a nosso conhecido Maurício de Nassau. Antes da chegada dos holandeses, era inteiramente coberta por florestas, cujos frutos e raízes eram alimento dos dodôs. A primeira menção ao dodô ocorreu no fim do século XVI e o último avistamento, quase ao fim do século seguinte. Assim, a ave foi extinta em menos de um século.
Em seu apogeu, os araus gigantes se espalhavam da Noruega ao Canadá e da Flórida à Itália, contavam-se milhões deles. Eram aves com até 85 cm de altura e, no meu entender, muito bonitas, com dorsos pretos, frentes brancas, grandes bicos curvos e manchas claras abaixo dos olhos. Incapazes de voar, caminhavam lentamente, mas eram exímias nadadoras, devido ao uso das asas e nadadeiras. Mergulhavam muito fundo e submergiam mais longo que as focas. Eram animais sociais e monogâmicos.
Sua docilidade fez com que fossem caçadas desde a pré-história, como atestam os ossos encontrados em acampamentos neandertais. Seu extermínio aumentou com o início das navegações, pois os ovos e a carne serviam de alimento para os marinheiros, atraídos pela pesca do bacalhau. Eram também mortas como isca de pesca e lenha para fogueira, devido a seus corpos oleosos. Suas penas eram usadas em travesseiros e, à medida que a caça as fez mais raras, tornaram-se alvo de colecionadores. Já se disse que foram exploradas de todas as maneiras que o engenho humano podia conceber.
Num dia de verão de 1844, três islandeses aportaram na ilha, onde vivia o último casal de araus, junto com o ovo que procriaram. As lentas aves foram enforcadas, enquanto o ovo se partiu. Elas foram vendidas a um comerciante por míseras nove libras. Ninguém mais sabe delas, mas o Instituto de História Natural da Islândia orgulhosamente exibe um exemplar (na realidade, um esqueleto), que pertenceu à coleção de um conde dinamarquês. Foi adquirido por exatas mil vezes o preço daquele último casal de araus.
O Lago de Atitlan é um local turístico perto de Antígua, cidade colonial que já foi a capital da Guatemala. É um local paradisíaco, cercado por cênicos vulcões e vilas pitorescas. Ele abrigava uma espécie de mergulhão que nunca foi numerosa, devido à sua distribuição restrita – não mais de 200 a 300 indivíduos. Estes mergulhões de atitlan eram aves grandes, com envergadura de 120 cm, curiosamente incapazes de voar. De plumagem castanha e verde oliva, habitavam ninhos à margem do lago, eram territorialistas e monogâmicas.
Mas gostaria de encerrar esta coluna com uma nota otimista sobre a nossa ararinha azul. Ela era endêmica da caatinga baiana e foi primeiro descrita por Spix, na sua histórica viagem ao Brasil. Mas, devido ao corte de madeira, à competição com abelhas africanas e sobretudo ao tráfego ilegal, a população se reduziu a um único animal. Por volta do ano de 2000, ele desapareceu, após cantar inutilmente para chamar a companheira que não mais existia.
Só havia então ararinhas em cativeiro, quase uma centena delas, o que as tornou uma das aves mais raras do mundo. Em 2014, registrou-se pela primeira vez o nascimento de duas ararinhas num centro de conservação paulista. Quem sabe possam ser gloriosamente reintroduzidas na natureza e voltem a pintar de azul o céu da caatinga.