Pernoite no Disco-Porto

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Dias atrás, minha mãe e o Natan perguntaram se eu gostaria de participar da atividade do CUME, minha resposta foi sim, porém eu tinha um compromisso no domingo. Então a mamãe sugeriu de eu ir no sábado, e no domingo voltar para o meu compromisso que nada mais nada menos, era minha primeira eucaristia.

Luiza Kielt Bilinoski Rocha – 13 anos.

Na sexta-feira organizamos nossas coisas, Natan me orientando o que seria necessário para essa caminhada, até porque é minha primeira pernada mais puxadinha e meu primeiro acampamento na Serra do Mar. Sábado acordei às 05h30, na maior empolgação, é tudo novo para mim. Me arrumei, tomei meu café, apanhei minhas coisas e fomos encontrar o pessoal no posto de combustível.

Grupo do CUME no início da caminhada.

Antigas construções dos Aquedutos

Conversamos um pouco e já estava na hora de ir. Me despedi da mamãe que não pode ir com a gente, e pegamos a estrada. Fui de carona com a Rafaela, dormi praticamente o caminho todo. Quando chegamos na fazenda Lírio Verde, estava com um pouco de preguiça, até começar a caminhar e o corpo esquentar. Já no começo da trilha que é a Picada Cristóvão, me chamou a atenção, uma construção, o Fiori com suas aulas de história, falou que era e os aquedutos da antiga usina Cotia.

A primeira parada foi na cachoeira do Saci, que tem esse nome por conta do rio que tem apenas uma perna, desde a sua nascente até desaguar no Rio Cachoeira, não tem nenhum afluente. A cachoeira é simplesmente espetacular, a vontade de entrar e dar um mergulho era grande, mas a vontade de continuar sequinha e quentinha era maior. Nossa intenção era beirar o rio para não perder a represa do Saci, aí eu participei de uma coisa que achei que não fosse ver tão rápido que é varar mato. Isso não fui eu que fiz, mas entrar numa trilha que precisou ser aberta na hora foi bem legal. A represa também chamou minha atenção, uma construção daquela no “meio do nada”.

Cachoeira do Saci

Represa do Saci

Para voltar à trilha da Conceição, andamos em cima de tubulações de concreto, paramos em uma bica d’ água, e a partir dali parecia que eu estava andando em um rio no meio da trilha, lá se foram meus pés secos. Continuando a caminhada rumo ao Disco Porto onde iríamos acampar, passamos em uma ponte de troncos, bem liso sobre o rio Cotia que precisamos ter todo o cuidado para não cair, passado a tensão aproveitamos para descansar um pouco e logo aparece a minha mãe ao nosso encontro.

Tubulações

Trilha da Conceição

A partir daí, segundo informações já estávamos quase chegando no nosso local de descanso, passando pelo rio novamente e novamente, infelizmente me molhando até as coxas, na real eu estava adorando atravessar o rio, pena que já iríamos para a caminha, nosso destino já estava bem próximo. Nossa última passagem pelo rio e a última subidinha, CHEGAMOS AO DISCO PORTO! E o visual do paredão do Ibitirati ia se abrindo para nós.

Uma das inúmeras travessias do rio.

Antes de escurecer, o pessoal foi armando suas barracas, enquanto Natan, Fiori e Bolívia arrumavam a rede em que iam dormir, eu ajudava a mamãe a montar a barraca que eu iria dividir com a Rafa.

Tudo pronto, fomos nos reunir para jantar, toda a turma junto, cada um preparando seu prato. Mamãe assumiu como sempre a panela. Comemos um “arroz com tudo”, estava bem gostoso e a pimenta deu um toque a mais, pois esquentou muito. Fiquei ouvindo as diversas histórias contadas até a hora de ir dormir.

Preparando a comida.

No dia seguinte acordamos num dia lindo, troquei de roupa, tomei meu café da manhã e arrumei as coisas que eu iria levar de volta, pois iria para casa mais cedo que o resto da turma e partiu Janela da Cotia. É bem perto de onde pernoitamos. Atravessamos uma pontezinha, onde dava em uma árvore. Descendo a árvore já deu para avistar as grades do túnel. Ao entrar no escuro sem enxergar nada peguei a lanterna e fui seguindo, encontrei deslize de pedras e morceguinhos. Confesso que tive um pouquinho de medo, quase nada.

Ibitirati ao amanhecer

Janela da Cotia

Eu, mamãe, Vera e Adelino que também iriam voltar com a gente nos despedimos do Natan e do Fiori. A partir da Janela, Fiori explicou para a mamãe um caminho que não seria necessário atravessar tanto o rio, a trilha estava meio fechada, mas lembro do ponto de referência que era um limoeiro, porém algo não saiu como o planejado.

O Adelino estava na frente, e tudo indica que saímos abaixo do ponto que deveria terminar a trilha.  Mamãe sabia que precisava cruzar o rio e pegar novamente a trilha, o problema que estava ruim de achar um ponto bom para cruzar o rio, e sem querer durante uma das tentativas eu dei uma escorregada e cai de costas nas pedras.

Ponte de Troncos

Quando passamos para o outro lado do rio, eu fiquei com um pouco de dor, não querendo continuar por dentro do rio, então falei para a mamãe tentar desviar uma pedra e ir varando mato até tentar encontrar a saída, e novamente lá estou varando mato! Foi a minha sorte, acabamos encontrando novamente a trilha principal.

Já estava atrasada, eram mais de 11h da manhã, precisava estar em Piraquara às 15h. Foi aí que literalmente foi uma correria. Caminhei tão rápido com minha mãe que, na tentativa de chegar a tempo em casa, Adelino e Vera estavam mais atrás. O caminho era longo, escorreguei na lama e machuquei minha mão, minhas perninhas já estavam bambas de andar rápido, não estou acostumada, mas não fez com que eu desistisse.

Mais pontes.

Novamente no aqueduto, eu e mamãe tiramos umas fotos, que ficaram bem bonitas por sinal.

Às 13h45 chegamos na fazenda, tiramos a polaina, jogamos a mochila dentro do carro e pegamos a estrada, desta vez não tinha como dormir. Mamãe dirigiu rápido, nós duas conversamos bastante, um momento só nosso. Talvez era para disfarçar o nervosismo que as estávamos bem atrasadas.

Chegamos em casa às 15;15 e em menos de 15 minutos, eu e mamãe tomamos banho, nos arrumamos e fomos para a igreja.

Durante a celebração da minha Primeira Eucaristia, minha mãe e eu tivemos uma crise de riso, pois descobrimos que tínhamos que estar na igreja às 15:00 e não às 15:30 como eu pensei. Contudo eu estava bem feliz de ter dado tudo certo, pode ter certeza que nunca vou esquecer desse final de semana, e dia 16/05/2021 será sempre lembrado como um dia “mutho loko”.

Agradeço muito ao Fiori pelos ensinamentos e espero que venham muito mais trilhas e noites no meio do mato.

Esse texto foi escrito pela jovem aventureira Luiza Kielt Bilinoski Rocha – 13 anos.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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