Montanhistas escalam face norte do Monte Jannu, um dos últimos desafios do Himalaia

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Os montanhistas americanos Alan Rousseau, Matt Cornell e Jackson Marvell conquistaram a face norte do Monte Jannu no coração do Himalaia. A escalada inédita no Nepal possui um alto nível de dificuldade e era considerada um dos últimos desafios da cordilheira.

Trecho técnico da escalada.

Essa face da montanha era desejada há décadas. Muitos montanhistas tentaram escalá-la sem sucesso. Em 2000, Mark Synnott, um renomado montanhista também teve sua tentativa frustada e declarou essa escalada como o “o último grande problema do Himalaia”.

O monte Jannu possui 7.710 metros de altitude e a maior dificuldade para escalar essa montanha é a aproximação pois ela está localizada em uma região remota. Além disso, suas paredes íngremes exigem experiência, técnica apurada e coragem dos escaladores.

Face Norte do Monte Jannu

Os seis dias de escalada

Os três americanos optaram por escalar o Monte Jannu utilizando a estratégia de escalada alpina, ou seja, escalar no tempo mais rápido possível e com o menor número de equipamentos. Assim, eles levaram consigo apenas o que era estritamente necessário e que cabia em suas mochilas. Todavia, não pense que isso é significa pouca coisa. A lista de equipamentos contava com cordas, mosquetões, parafusos de gelo, piolets, crampons, um saco de dormir que acomodava os três juntos e até mesmo dois portaledges (uma espécie de plataforma para que pudessem dormir suspensos na parede). Para comer, eles levaram comida desidratada e um kit com fogareiro e panela.

Eles também escalaram sem usar oxigênio suplementar, sem uma equipe de Sherpas para fixar cordas, e sem carregadores após o acampamento base. A rota escolhida pelo trio tem cerca de três quilômetros e segue pela parede íngreme e congelada da face norte. Para chegar até a base da montanha, eles percorreram uma trilha de seis dias.

O acampamento base ficou instalado a 4.700 metros. No primeiro dia de escalada eles conseguiram alcançar 5.900 metros de altitude, onde pernoitaram em uma greta de gelo. E após mais cinco dias de escalada com noites pendurados na parede, eles chegaram ao cume.

Contudo a poucos metros do cume, Marvell descobriu que as pontas de seus dedos da mão estavam com sinais de congelamento. “Estamos a 100 metros do topo e temos a janela meteorológica da década”, ponderou Marvell. “Vale a pena perder a ponta de um dedo ou esse congelamento vai piorar? E me pareceu que o risco valia a pena”.

Assim os três amigos completaram a escalada da vida deles no dia 12/10. Marvell retornou para sua casa e segue com um tratamento para seus dedos que felizmente não precisaram ser amputados. A via aberta pelo trio chama-se “Bilhete de ida e volta” (M7 AI5+ A0) 2700m e é considerada uma das escaladas mais desafiadoras dessa década.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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