Leandro Montoya realiza escalada solo e voo de parapente no Mont Blanc

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O montanhista e praticante de voo livre Leandro Montoya escalou e decolou de parapente a partir do cume do Mont Blanc em 20/09. Ele sobrevoou a montanha e a rota de subida por cerca de 15 a 20 minutos até pousar em Chamonix.

Montoya no cume do Mont Blanc se preparando para decolar. Foto: Leandro Montoya

Montoya é o único piloto de parapente a decolar do cume do Pico da Neblina, feito que realizou em 2019, e conta que se inspirou no montanhista e piloto de parapente Rodrigo Raineri para essa decolagem do cume do Mont Blanc. Essa montanha é considerada o berço do montanhismo e também foi um importante local para o desenvolvimento do “Hike and Fly” e do parapente a partir do final da década de 70.

De acordo com Montoya, ele planejava esse voo há bastante tempo, quando surgiu a oportunidade de ir à França a trabalho. Assim, o brasileiro decidiu tirar alguns dias de férias antes de seu compromisso para tentar esse voo. Ele contou que tinha apenas 15 dias de férias e reservou alguns dias em abrigos na montanha para tentar subir em um dia de clima propício para a escalada e o voo.

No entanto, ele não conseguiu encontrar nenhum parceiro que pudesse escalar na mesma data e seguiu sozinho para o Mont Blanc na tentativa de encontrar alguém subindo sem parceria. Como não encontrou ninguém, Montoya decidiu seguir solo, mas organizou-se para ir logo atrás de alguns grupos, visando aumentar sua segurança.

Montoya durante a escalada solo. Foto: Leandro Montoya

Ele levou 7 horas e 16 minutos para chegar ao cume, saindo do abrigo Tête Rousse (3100m), e contou que passou muito frio nas mãos, pois havia perdido os mitons que deixou no abrigo Gouter alguns dias antes quando subiu para aclimatar. Outra dificuldade mencionada pelo montanhista foi manter o controle mental e psicológico para escalar essa montanha sozinho.

“Teve alguns trechos em que pensei: se eu tiver que descer por aqui, vai ser duro. Porque quando você está descendo, fica olhando para o abismo o tempo todo. Em que caiu, morreu. Não existe essa possibilidade de cair. E aí eu pensei: tomara que dê voo, porque eu não quero descer aqui depois”, relatou Montoya.

O voo sobre o Mont Blanc

Ainda durante a subida, encontrou outro piloto de parapente que, embora não tenha conversado muito, o ajudou a confirmar a possibilidade de voar a partir do cume. Ao chegar ao topo do Mont Blanc, Montoya se deparou com outros quatro pilotos: dois tentando decolar para o sul e dois para o norte. O brasileiro decidiu acompanhar os pilotos que foram para o lado sul, por questão de segurança tendo em vista da direção do vento mais favorável para ele.

O brasileiro sobrevoando o Mont Blanc. Foto: Leandro Montoya.

Os pilotos que já estavam prontos decolaram antes, e Montoya ficou sozinho no cume por algum tempo até finalmente decolar e sobrevoar a montanha, passando sobre a rota que acabara de percorrer a pé. Ele conta que foi uma grande euforia: “Lá de cima, vi meus próprios passos, senti o amor e tudo o que importa. Agradeci a Deus, chorei um pouco e gritei bastante também. Que céu maravilhoso! As cristas do Brévent e do Aravis, que voei em outras viagens, estavam lá, e me lembrei dos meus irmãos e amigos. Que dia incrível!”, relatou.

Ao pousar, ele conta que sentiu falta dos amigos para comemorar junto. “Estou muito feliz e quero fazer de novo. Mas espero vir com os amigos e encordado na próxima vez, para não precisar passar sufoco”, completou.

Montoya gravou um vídeo onde ele conta em detalhes essa experiência e dá dicas valiosas para quem deseja escalar o Mont Blanc e também tentar um voo desde o cume!

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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