Desafio da Travessia Transparaná é lançado

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Em 23/11, o montanhista Élcio Douglas Ferreira apresentou oficialmente o projeto Transparaná (TPR) durante um evento no Refúgio Altamontanha. Trata-se de um audacioso desafio que atravessa toda a Serra do Mar no estado do Paraná, conectando as fronteiras de São Paulo e Santa Catarina em um percurso aproximado de 220 km. A travessia passa pela maior área contínua de Mata Atlântica preservada no Brasil e é considerada uma das mais desafiadoras do país.

Símbolo da nova travessia. Imagem: Elcio Douglas

A maior parte do trajeto será realizada por caminhos selvagens, sem trilhas demarcadas, com exceção da seção central, onde está localizada a já renomada travessia Alpha Crucis Express, também idealizada por Elcio. Curiosamente, os 77 km da Alpha Crucis, amplamente reconhecidos como uma das rotas mais difíceis do Brasil, representam a seção “mais tranquila” da Transparaná, justamente por contar com trilhas. Os primeiros 45 km e os últimos 90 km do percurso serão realizados em mata fechada, sem qualquer trilha pré-existente.

Evento de lançamento da Transparaná. Foto: Élcio Douglas

O Desafio e a Logística

A proposta da Transparaná é criar uma experiência única e selvagem. O trajeto será guiado por 16 checkpoints estrategicamente distribuídos ao longo do percurso. Cada ponto contará com uma pequena clareira para acampamento e um totem contendo informações como coordenadas geográficas, número do ponto, e a direção para o próximo destino. Os aventureiros deverão chegar a esses pontos atravessando a mata densa, sem auxílio de trilhas, em um estilo que preserva o caráter desafiador da jornada.
Estima-se que a travessia demande entre 25 e 30 dias para ser concluída, com as melhores condições climáticas ocorrendo no inverno, durante a temporada de montanhismo no Paraná. Mesmo assim, os participantes devem estar preparados para enfrentar frentes frias severas, chuvas inesperadas, dias curtos e noites longas. A logística também é um fator crítico: com a extensão do percurso, é inviável carregar todos os suprimentos necessários desde o início. Assim, pontos de reabastecimento para comida, roupas, e outros itens essenciais serão indispensáveis.

Requisitos e Premiação

Dada a magnitude do desafio, será exigida comprovação de experiência em travessias de longa duração para quem desejar participar. Além disso, os interessados deverão apresentar um plano detalhado para a realização da travessia e pagar uma taxa de inscrição de R$ 500,00 por membro da equipe. Caso a travessia seja concluída com sucesso, o valor arrecadado será revertido em premiação para os participantes. Em caso de insucesso, o montante será acumulado para futuros desafiantes, potencializando o prêmio até que a travessia seja finalmente completada.
Para validar a realização da Transparaná, será obrigatória a utilização de rastreadores em tempo real, registros de GPS do trajeto, além de fotografias nos checkpoints que incluam todos os integrantes da equipe e as credenciais fornecidas pelos organizadores. A travessia deve ser realizada em uma única investida, sem revezamentos, embora membros da equipe possam desistir durante o percurso, permitindo que os restantes continuem. O limite máximo de integrantes por equipe é de quatro pessoas.

Apoio e Próximos Passos

O projeto conta com o apoio do Clube Paranaense de Montanhismo (CPM), que organizará uma palestra aprofundada sobre o tema no dia 4 de dezembro de 2024, na sede do clube em Curitiba. O evento de lançamento reuniu dezenas de montanhistas, incluindo a presença do presidente do CPM, da Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM), e de Henrique Paulo Schmidlin, conhecido como “Vitamina”, um dos maiores nomes do montanhismo nacional.
A Transparaná promete não apenas desafiar os limites físicos e mentais de seus participantes, mas também destacar a importância da preservação da Mata Atlântica e do montanhismo sustentável no Brasil.
A motivação principal de Elcio para o lançamento do desafio, é tornar a TPR um patrimônio imaterial do Paraná e do bioma Mata Atlântica e assim criar uma mobilização para se contrapor a construção da BR-101 no Paraná, o que causaria incalculáveis danos ao escasso e ameaçado bioma.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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