Em uma aventura que uniu superação, logística complexa e cumplicidade, o casal brasileiro Fayson Merege e Dayane Damm realizou um feito inédito para montanhistas do Brasil: escalar todas as cinco montanhas com mais de 6 mil metros de altitude na região de Arequipa, no Peru. Em uma expedição de 16 dias, eles conquistaram os cumes do Hualca Hualca (6025 m), Chachani (6070 m), Ampato (6300 m), Solimana (6093 m) e o Coropuna (6425 m), maior vulcão do país.

O casal comemorando o cume do Solimana, uma das montanhas mais desafiadoras da expedição. Foto: Dayane Damm
A aventura não foi apenas uma conquista no montanhismo para os dois, mas também um projeto fotográfico e audiovisual minuciosamente planejado para registrar cada detalhe dessa experiência. Fayson, vem de uma família de fotojornalistas e em 2014 decidiu seguir a carreira de fotógrafo de natureza e paisagem. Ele conta que a paixão pelas montanhas nasceu depois que se mudou para Curitiba, em 2010. “Fui aos poucos fazendo trilhas e montanhas no Brasil, tendo na bagagem as clássicas travessias do Brasil, diversas trilhas na Patagônia, Andes e agora focando um pouco em alta montanha “, explicou ele, que já visitou mais de 50 países.
Dayane, também fotógrafa e criadora de vivências outdoor para mulheres, se apaixonou pelas montanhas mais recentemente. Sua primeira montanha foi o Pico da Bandeira, em 2021. “Desde essa experiência a paixão pelas montanhas só aflorou, realizando outros trekkings e travessias no Brasil e outros países. E em 2023 fiz ascensão no Misti, minha primeira alta montanha. Ali que me envolvi com os vulcões nevados de Arequipa e quis continuar a jornada na região, explorando cada vez mais”, revelou.
A ideia de escalar todos os 6 mil de Arequipa nasceu em 2024, quando, após subir juntos o Chachani, Fayson propôs o desafio de serem os primeiros brasileiros a completar a lista. “Sugeri pra Day e ela topou na hora”, lembra ele.
Logística intensa em 16 dias
Com o tempo limitado, o casal precisou de planejamento rigoroso. Chegaram a Arequipa em 09/05 e usaram os dias seguintes para aclimatação. Entre 15 e 25/05, partiram para as ascensões.
“A aclimatação foi feita em etapas rápidas. Contamos com o apoio do nosso guia local, Roy Romero, para organizar a ordem das montanhas por altitude e facilitar a adaptação”, diz Fayson. As escaladas incluíram trechos longos de carro, até 7 horas em alguns casos, e caminhadas de até 3 horas até os campos altos.
Entre os maiores desafios logísticos, eles citam os deslocamentos longos, o desgaste físico das escaladas em sequência e o frio intenso, especialmente em altitudes superiores a 6000 m.
Além do desafio físico, a dupla teve a missão de registrar toda a expedição. Para Fayson, equilibrar a fotografia com a escalada exigiu estratégia. “Conciliar fotografia com escalada em condições extremas é, sem dúvida, um dos maiores desafios e também uma das maiores recompensas. A altitude, o frio intenso, o vento e o esforço físico constante fazem com que cada clique precise ser muito bem pensado. Nem sempre é possível parar, ajustar a câmera com calma e escolher o melhor ângulo. Muitas vezes, a fotografia acontece no meio do movimento, entre uma respiração ofegante e outra, equilibrando não só o corpo, mas também a decisão de qual momento vale registrar.”, conta ele.
Dayane foi responsável pelo audiovisual, registrando tudo em vídeo. “Além de preocupar com a segurança e condicionamento, contar uma história através dos vídeos de forma real e verdadeira, não perdendo a essência de cada momento e reação diante do desafio. Como fiquei por conta do enredo audiovisual, toda estrutura, ou pelo menos o máximo de previsão precisava ter para gravar de acordo com as informações que tínhamos. Pra isso criei uma base de momentos a serem registrados e equipamento prático e de qualidade, como as GoPros e acessórios, que são perfeitas para esportes extremos.”, explica.
A experiência foi também uma prova de cumplicidade. Em condições extremas, o apoio mútuo foi fundamental. “Na montanha a jornada a dois fica mais fácil quando o sucesso do outro é seu também”, diz Fayson. Em um momento marcante no glaciar do Solimana, quando Dayane chorava de cansaço, ele a incentivou: “Juntos somos mais fortes”.
Essa parceria, contam, foi essencial para conquistar todos os cumes. Entre momentos de vulnerabilidade e força, a expedição consolidou o vínculo do casal. “A montanha nos uniu ainda mais”, diz Dayane.
Momentos marcantes e superações
O cume do Solimana, uma das montanhas mais técnicas do projeto, foi o auge do projeto. A ascensão exigiu escalada em gelo, travessia de cristas estreitas e superação do medo. “Minha primeira experiência em uma parede de gelo de 180 m, ainda de madrugada, foi muito desafiadora”, lembra Dayane. “É algo que me dá orgulho, por poder representar o feminino nesse meio”, completou.
Fayson relembra o frio extremo no Coropuna como o maior desafio físico. “Cheguei esgotado ao falso cume. A motivação da Day foi essencial para eu conseguir continuar”.
Mas o projeto não termina nos cumes. Fayson e Dayane planejam transformar o material registrado em um short film que será exibido em festivais de montanha e, quem sabe, um livro. “Queremos que essa história inspire mais pessoas, especialmente mulheres, a buscarem suas próprias montanhas”, diz Dayane.
Como conselho para quem quer explorar a alta montanha em Arequipa, eles sugerem começar por vulcões mais acessíveis, como o Misti ou o Chachani, antes de se aventurar em desafios maiores. “Completar os principais da região é uma ótima forma de se preparar, viver a cultura local e se encantar com os vulcões que dominam o horizonte da cidade”, concluem.



















1 comentário
Casal mais phoda da atualidade! 💙❤️👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻