Com apenas 9 anos, Chloé se torna a brasileira mais jovem a escalar o Kilimanjaro

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Aos 5.895 metros de altitude, diante do nascer do sol africano, uma menina brasileira de apenas 9 anos viveu um momento que lembrará para o resto da vida. Chloé Toledo Ruggles alcançou o cume do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, e se tornou a brasileira mais jovem a conquistar a montanha mais alta da África. A façanha, que exigiria preparo físico e mental de qualquer adulto, foi realizada em seis dias de caminhada, ao lado de seus pais, Izabella Toledo e Eric Ruggles.

A pequena montanhista e sua família no cume do Kilimanjaro. Foto: Izabella Toledo

Chloé fez questão de levantar a bandeira do Brasil no cume. Foto: Izabella Toledo

Chloé e Nirmal Purja. Foto: Izabella Toledo

A expedição foi organizada pela empresa nepalesa Elite Exped, liderada pelo renomado montanhista Nirmal Purja, conhecido mundialmente por quebrar recordes no Himalaia.

Longe de ser um feito isolado, o cume do Kilimanjaro é consequência de uma vida inteira em contato com a natureza. Chloé frequenta uma escola Montessori nos Estados Unidos, onde mora com a família, e divide os estudos com atividades como dança, costura, corrida, francês e até xadrez. Desde pequena, porém, acompanha os pais em viagens e aventuras. Já visitou mais de 30 países e trilhou em montanhas do Peru, Nepal e Estados Unidos.

“Quando ela tinha 6 anos fomos para o Peru, e foi lá que ela começou a fazer trilhas em montanhas mais altas e adorou. Desde o começo parece ter sido algo bem natural pra ela”, conta Izabella. Ela também já percorreu parte da trilha para o Acampamento Base do Everest. Chloé chegou até Namche Bazar com o pai enquanto sua mãe fazia o roteiro completo.

A mãe da pequena montanhista relatou também que sempre questiona a filha para saber se ela deseja ir para montanha para agradar aos pais ou se está indo por vontade própria. “A resposta é sempre a mesma, ela quer muito participar das trilhas/ expedições”, contou.

Chloé relata que ama estar nas trilhas e montanha. Foto: Izabella Toledo

Os treinos para a grande escalada

Sem montanhas na Flórida, onde vivem, a família treinou subindo e descendo escadarias de estádios de futebol americano com mochilas pesadas, em treinos de até 70 andares. Além disso eles costumam andar em média 15km de bicicleta e antes da viagem, eles também escalaram picos no Colorado, alguns acima de 4 mil metros, para se acostumarem com os baixos níveis de oxigênio.

A pequena montanhista tem uma rotina de treinos e disciplina de gente grande. Foto: Izabella Toledo

“A Chloé é naturalmente disciplinada, e quando vamos treinar no estádio ela decide que vai subir e descer por exemplo 50 andares e ela não para até terminar”, contou a mãe da pequena montanhista. “No Kilimanjaro, muitas pessoas ficaram impressionadas o quão forte ela foi mentalmente e fisicamente”, relembra a mãe.

O cume do Kilimanjaro

A noite gelada da ascensão ao cume foi o maior desafio para Chloé e para Izabella, que temia o frio e o cansaço da filha. Mas a menina não hesitou. Enquanto caminhava a pequena pensava: “Eu consigo, eu me sinto ótima, e eu não vou desistir”.

“Ela não reclamou do frio e não falou nada sobre parar ou desistir. Durante todo o trajeto eu ia conversando com ela e orientando a respirar fundo, e dizendo que logo o sol ia nascer e íamos renovar nossas energias com a luz e o calor do sol, e foi exatamente isso que aconteceu”, revelou Izabella.

Madrugada do dia de ataque ao cume. Foto: Izabella Toledo

 

 

 

Chloé enfrentando o glaciar próximo ao topo da montanha. Foto: Izabella Toledo

Ao chegar ao topo, Chloé relatou como se sentiu.  “[Ela] disse que não foi fácil durante a noite, mas ela nunca pensou em desistir! E eu perguntei, quão feliz você se sente? E ela disse: não um feliz normal, um “mountain happy” … um “feliz” que a gente só sente quando chega ao cume!”, contou sua mãe orgulhosa.

Para Izabella, a conquista vai além do feito esportivo. “Eu acho que ela não entende ainda o quão especial é essa conquista, mas ela entende o quão forte ela é e ela entende que quando somos corajosos, focados e não desistimos, por mais difícil que seja, chegamos lá”, afirma.

A mãe também deixa um recado para outros pais: “Não tenham medo de levar seus filhos para as  montanhas, para acampar, incentivem o contato com a natureza! Essa é a nossa essência! As crianças só precisam dessa exposição pra nos mostrar o quão fortes, corajosas,  resilientes e inspiradoras elas são”, disse Izabella.

Essa não é primeira grande aventura de Chloé. Foto: Izabella Toledo

Após o Kilimanjaro, Chloé já demonstrou interesse em enfrentar novos desafios. Durante a expedição, perguntou ao líder sobre o Aconcágua, a montanha mais alta das Américas, localizada na Argentina. Antes disso, porém, a família planeja novas escaladas no Colorado, sempre mantendo o espírito de aventura em conjunto.

A pequena montanhista se diz pronta para novas aventuras. Foto: Izabella Toledo

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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