Parque do Monge fica aberto só mais 2 meses

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Romeiros e a população da Lapa, a 74 quilômetros de Curi­tiba, têm pouco menos de dois meses para visitar o Parque Estadual do Monge. O acesso foi liberado depois de ficar fechado por um ano e meio para obras de revitalização. Em outubro, a entrada será novamente proibida, para que as obras sejam, en­­fim, reiniciadas.


Por Katia Brembatti, da sucursal de Ponta Grossa – Gazeta do Povo, modificado pela redação do AM

O Instituto Am­­biental do Paraná (IAP), responsável pela unidade, decidiu reabrir provisoriamente o parque, apesar do atraso no cronograma da remodelação, que deveria estar pronto em fevereiro, no cinquentenário do espaço. “Com essa demora, achamos por bem atender ao pedido da comunidade local e permitir o acesso”, disse a diretora de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP, Marcia Tossulino.

A cada fim de semana, romeiros eram barrados na entrada da reserva. Apesar de ser uma unidade de conservação ambiental, é o turismo religioso que impulsiona a visitação. Há a crença de que, em 1847, uma gruta servia de abrigo para o monge João Maria de Agostini, que era co­­nhecido na região por estudar plantas, medicar doentes, fazer orações públicas e profetizar. A ele são atribuídos milagres e muitos romeiros vão ao parque pedir bênçãos ou agradecer por graças recebidas.

Entre as mudanças previstas está a inclusão de um Centro de Visitantes, onde serão feitas orientações aos turistas, o espaço denominado Visitação Religiosa, onde ficará o Espaço Monge, com uma sala de ex-votos (objetos e velas deixados pelos fiéis), e a área da Trilha do Monge, com a instalação de guarda-corpos e outras medidas de segurança. Na lista de prioridades está o esgotamento de água adequado, a ser implementado pela Sanepar.

Mau cheiro

“O parque até cheirava mal por conta do mau funcionamento dos banheiros. Isso sem falar na bica – mesmo com avisos de que a água era imprópria, os fiéis levavam água de lá [por acreditar ser benta]e até batizavam crianças no local. Esse problema será resolvido”, afirmou Maria do Rocio Lacerda Rocha, chefe do departamento de unidade de conservação do IAP.

Na segunda fase do projeto será feito o Parque de Lazer. O local terá churrasqueiras, quadras e lanchonetes à disposição dos visitantes. A primeira fase das obras do parque está orçada em R$ 3 milhões. A Ecoparaná, vencedora da licitação, prevê a conclusão do novo parque em seis meses. Marcia Tossulino conta que o atraso até agora foi causado por problemas burocráticos, como liberação orçamentária para a realização da obra.

A visitação ao parque nas atuais condições, porém, deve ser feita com cuidado. Atualmente, a estrutura não oferece segurança para o visitante. Há duas semanas, a reportagem da Gazeta do Povo esteve no local. Ainda havia muito resíduo de demolição espalhado pelo local. O guarda-corpo do mirante foi retirado, representando um risco de queda para os turistas mais descuidados e para crianças. O corrimão das escadarias que levam à gruta está danificado em vários pontos e em outros, muito enferrujado. Segundo Marcia Tossulino, a entrada só é autorizada nos finais de semana e desde que acompanhada de fiscais que orientem os turistas. A reportagem esteve no parque em uma terça-feira e não encontrou qualquer restrição ou orientação para a visita.

Unidade foi fechada para se derrubar árvores

Além do risco de contaminação do meio ambiente por causa da falta de tratamento do esgoto dentro do parque, a unidade também abrigava muitos exemplares de espécies exóticas invasoras. O equivalente a 640 caminhões de toras de pinus e eucalipto foram comprados por uma madeireira por R$ 3,5 milhões, o que obrigou o fechamento do parque, há 18 me­­ses. A segurança dos turistas estava ameaçada pela derrubada das árvores. Aproximadamente 70% do que foi comprado já foi retirado e a previsão é de que a derrubada se prolongue até o fim do ano.

Para o vereador Célio Guima­rães (PV), não houve o cuidado necessário na retirada do pinus e muitas árvores nativas acabaram sendo afetadas. Vizinhos disseram ter visto caminhões carregados de madeira saindo do parque à noite. O IAP nega o corte de árvores de forma descuidada e sem acompanhamento. Funcio­nários estariam monitorando o processo.

“O momento da retirada é traumático, é feio e causa um impacto emocional. Mas são tomados cuidados que não acontecem quando a área não é protegida. Às vezes há quebra de ga­­lhos, mas não tivemos problemas além dos já esperados nessa situação”, frisa Maria do Rocio, engenheira ambiental do IAP que presidia o conselho consultivo do parque até o fim de julho. O cargo agora é ocupado por Vera Solange Karpen, engenheira agrônoma da prefeitura da Lapa.

O sistema de saneamento básico do parque estaria sendo projetado pela Sanepar, como compensação por multas ambientais. E cerca de R$ 500 mil devem ser investidos na restauração da mata nativa, com plantio de mudas.

Antes de ser fechado para reforma, o Parque do Monge era muito utilizado por praticantes de esportes de aventura. O uso do espaço para escalada, parapente e outras formas de ecoturismo só vai ser discutido após a finalização das obras, de acordo com o IAP. Mas os usuários defendem que o debate sobre quais esportes poderiam ser praticados e a forma correta de uso deveria ocorrer ainda durante a revitalização – para que eventuais adaptações pudessem ser realizadas.

Projeto para reativação da escalada na UC

A Federação Paranaense de Montanhismo estará entregando nestes dias um projeto para reativação da escalada esportiva no parque. A escalada era uma atividade tradicional no Monge, mas foi proibida há cerca de 6 anos.

No projeto foi realizado um estudo sobre a geomorfologia do parque, revisando os conhecimentos sobre a evolução do paredão rochoso que aflora no parque. No Plano de Manejo, de 2002, a geologia e a geomorfologia são tratados apenas superficialmente. O diretor de escalada da Fepam, Pedro Hauck, diz que o arenito Lapa, presente na escarpa do Parque Estadual, apresenta qualidade para ser utilizado pela atividade, o que precisa ser feito é apenas delimitar as áreas onde há risco ao escalador daquelas onde não existe problemas de queda de blocos.

A escalada em arenito é bastante desenvolvida no Paraná, que tem locais como Ponta Grossa e São Luis do Purunã onde existe mais de 500 vias. O arenito da Lapa, no entanto, é uma rocha diferente, mas nem por isso frágil. “Ela apresenta uma resistencia diferencial e muitas vezes é associada ao Arenito Vila Velha. O arenito Lapa, no entanto, é altamente silicificado, o que lhe confere uma resistência maior. Enquanto que em Vila Velha o arenito resultou na esculturação de formas bastante desgastadas (relevo ruiniforme, como a famosa Taça de Vila Velha), no Parque do Monge temos o predomínio do relevo escarpado, ou seja, indiretamente vemos a enorme diferença entre um e outro arenito”. Diz Hauck, que além de montanhista é geógrafo.

A Fepam está protocolando a entrega do documento que constará em ata na próxima reunião do conselho consultivo do Parque. A esperança é que o IAP reconheça a potencialidade da escalada e possa, junto com a Fepam, realizar um estudo para que a escalada possa definitivamente ser reativada no Parque do Monge.

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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