O Parque Estadual do Monge situa-se na escarpa que separa o Primeiro e o Segundo Planalto do Paraná. Ele abriga grandes paredões de arenito, onde haviam dezenas de vias de escalada de qualidade, que foram proibidas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) há alguns anos, sob a alegação de que o arenito é uma rocha frágil e que a escalada é uma atividade impactante para o meio ambiente.
Participando do conselho consultivo deste parque desde 2008, a Federação Paranaense de Montanhismo (Fepam) viu a possibilidade de ter suas sugestões atendidas depois que o IAP começou um plano de recuperação ambiental neste parque.
O plano, que visava a remoção de árvores exóticas do interior do parque e a utilização do dinheiro arrecadado com a venda da madeira na reforma e adequação da infraestrutura turística, além da recuperação da vegetação nativa foi feito pela metade, pois apenas as árvores exóticas foram cortadas.
Tal fato, aliado no atraso do cronograma de entregue parque e das severas proibições motivadas pela preservação ambiental revoltou a população da Lapa, que viu o Parque do Monge destruído ao invés de revitalizado, o que gerou muito questionamento sobre as proibições existentes e sua eficiência na preservação.
A Fepam acredita que a escalada é uma atividade pouco impactante, sendo que os benefícios de escalar são desproporcionais se comparados aos impactos que ela gera. Por conta disso, foi feito um levantamento científico mostrando ao IAP a dimensão destes impactos, e o benefício de escalar.
O Projeto
Foi feito um avançado levantamento sobre o conhecimento a cerca da gênese da paisagem do Parque do Monge, envolvendo aspectos geológicos e geomorfológicos, deixando claro que o arenito Lapa não é tão frágil quanto dizem e que esta resistência é responsável pela manutenção do paredão rochoso do parque.
Em seguida foi utilizado argumentos mostrando o perfil do escalador brasileiro e como esta população tem um bom nível de educação, o que resolve um dos maiores problemas dos parques: a questão da conduta do visitante. Em seguida foi mostrado que se liberado a escalada, os escaladores do Brasil inteiro poderão freqüentar o parque, trazendo muitos benefícios à cidade da Lapa, que é uma cidade histórica e que vive parcialmente do turismo.
A fepam sugeriu também que fosse realizado um levantamento para identificar áreas onde o arenito poderia apresentar uma fragilidade (falhas, fraturas que pudessem comprometer a sustentabilidade de um bloco rochoso) e assim fazer um zoneamento de onde pode e onde não pode escalar. Também foi salientado as diferenças entre os escaladores e os visitantes mais comuns do parque, que são os turistas religiosos, mostrando que um tipo de visitação é de massa e provoca grandes impactos, sendo necessário investimento em infraestrutura para minimizá-los, enquanto que o segundo é realizado numa pequena proporção, não necessitando de nenhuma intervenção ou investimento.
O documento foi protocolado no IAP no final de Agosto e até agora não há informações sobre um possível parecer e proposta de convenio entre o parque e o IAP. A Fepam espera que suas demandas sejam atendidas e que os escaladores possam realizar um bom trabalho em conjunto com o Parque do Monge, implementando esta atividade, que pode sim colocar a cidade da Lapa no Mapa da escalada do Brasil. Este parque e a cidade têm todo um potencial para isso.
Veja mais:
Site da Fepam: Projeto escalada no Parque do Monge
Coluna do Pedro Hauck: Para liberar escaladas em Parques: Um exemplo!