Rosier Alexandre fala como foi sua experiência nesta trágica temporada no Everest

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Montanhista cearense era o destaque brasileiro na montanha mais alta do mundo. O Everest era a montanha que lhe faltava para completar o circuito dos 7 cumes.

Rosier Alexandre é um dos montanhistas que voltará para casa frustrado por não poder sequer tentar a escalada no Everest, mas com sorte de ainda estar com vida, após a temporada mais trágica na maior montanha do mundo, onde morreram 16 pessoas.
 
Em Kathmandu, esperando pelos equipamentos que ainda não chegaram do Campo Base, Rosier conversou com Pedro Hauck, editor do  AltaMontanha e falou um pouco sobre sua breve experiência no Everest em 2014. Ele promete que no que vem estará de volta ao Nepal para tentar o sonho de chegar ao teto do mundo e de quebra finalizar a escalada dos 7 cumes.
 
Primeiro montanhista nordestino a fazer cume no Aconcagua e muitas outras montanhas, Rosier já esteve cerca de 20 vezes acima dos 5 mil metros e já escalou 7 montanhas com mais de 6 mil. 
 
Pedro Hauck: E ai meu velho, que zica hein!
 
Rosier Alexandre: Bota zica nisso, para não ficar triste penso que estou vivo e posso voltar, quase não poderia, por pouco e eu estaria no meio.
 
PH:. Como está a situação no Nepal depois dessa tragédia?
 
Rosier Alexandre: Está feio, até meus equipos do base camp não conseguem chegar aqui, é compreensível, todas as equipes desceram juntas, não tem iaque nem porteador que dê conta de trazer tudo. Entre os escaladores, uma tristeza, 18 mortes, 16 só na avalanche, minha equipe tinha 3 escaladores, perdemos 3 Sherpas escaladores! Os caras estavam subindo para montar os campos altos… Um ano que vai entrar pra história e pra eu arrancar da memória.
 
PH: E como vai ficar a economia no vale do khumbu? imagino que os lodges e os restaurantes vão ter prejuízos? Como o governo está lidando com isso?
 
Rosier Alexandre: Cara, os lodges serão os menos prejudicados, os caminhantes é que fazem volume pra eles. O governo (do Nepal) é sacana, arrecada muitos milhões de licença e não quer fazer nada, não dá assistência aos Sherpas e nem a escalador nenhum. Tem muita coisa que precisa mudar. Um monte de montanha que se paga uma merreca de permissão tem guarda parques, aqui é 10 mil dólares e não tem nada.
 
PH: As famílias receberam algum tipo de indenização? As agencias vão pagar?
 
Rosier Alexandre: Essa é uma das brigas dos Sherpas com o governo. Eu não sei exatamente como é a relação trabalhista dos Sherpas com as agências. O governo paga atualmente 400 dólares por morte, nada.
 
PH: E seus patrocinadores? Como ficou? Você voltará em 2015?
 
Rosier Alexandre: Volto sim. Na verdade eu não tenho exatamente patrocinadores, eu tenho alguns parceiros que são clientes nossos e apoiam, bancam uma parte e eu banco outra, mas todos já declararam estar juntos em 2015. 
 
PH: Boa retorno e que tudo dê certo pra você no ano que vem!
 
Rosier Alexandre: Obrigado!
 
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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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