Mais fatos interessantes sobre a temporada do Himalaia 2017

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Uma atualização dos mais importantes acontecimentos da temporada de pré monção no Himalaia de 2017

por Rodrigo Granzotto Peron
 
ADRIANO FREIRE CULMINA O EVEREST
 
O paulista Adriano da Cunha Freire, 42 anos, atingiu o cimo do Everest em 16 de maio, tornando-se o 18º brasileiro a culminar esta montanha.
 
De se notar que o alpinista tentou no outono do ano passado o Manaslu, como integrante de equipe norueguesa, mas acabou parando na antecima.
 
OUTROS BRASILEIROS NO EVEREST
 
Considerando que o clima mudou e fortes ventos passaram a soprar no Everest, os ataques ao cume de Karina Oliani (na Face Norte) e Joel Kriger (na Face Sul) ficaram postergados para a próxima janela de bom tempo. Segundo a meteorologia, há boa chance de ataque ao cume entre os dias 18 e 21.
 
“PENETRA” SE DÁ MAL NO EVEREST
 
Essa incrível história é um misto de comédia e tragédia.
 
Um “clandestino” sul-africano tentou escalar o Everest sem o permit (licença-de-escalada) emitido pelo Governo Nepalês. Aportou no campo-base, deu uma de malandro, tentou ficar “invisível” e chegou a escalar por duas vezes acima da Cascata de Gelo (em uma ocasião, atingiu 7010 metros).
 
Por fim, um oficial de ligação, Gyanendra Shrestha, desconfiou do alpinista, que escalava solitário e em horários estranhos, e a farsa foi desfeita.
 
O nome do “aventureiro” é Ryan Sean Davy, 43 anos, que recebeu uma multa de USD 22.000 (aproximadamente R$ 70.000,00), que é o dobro do valor do permit que ele não quis pagar, e ganhou um banimento de escaladas no Nepal pelos próximos dez anos.
 
Ao longo dos tempos, há registro de vários cumes nas montanhas de 8000 metros sem a licença de escalada (há inclusive um célebre caso brasileiro), mas nos últimos tempos as autoridades locais têm apertado o cerco, uma vez que o dinheiro arrecadado com os permits é uma das principais fontes de renda do Nepal.
 
KANGCHENJUNGA – UÉ, CADÊ A CORDA FIXA QUE ESTAVA AQUI?
 
No Kangchenjunga, as condições para fazer cume no ataque do dia 16 estavam ideais, com pouca neve e tempo firme (o que não é comum naquela montanha).
 
Aproveitando-se da rara oportunidade, iniciaram o ataque ao cume várias expedições em conjunto, incluindo time japonês, o time multinacional de Matthew Du Puy, Chris Jensen Burke, Chris Warner, Pema Tshering Sherpa e Lhakpa XVI Sherpa, e a expedição da Seven Summits Treks, que incluía Khoo Swee-Chiow (Cingapura), Nadav Ben Yahuda, Arjun Vajpai (IND), Atul Sharma (IND), Sophie Lavaud (FRA), e o trio de escaladoras nepalesas Maya Sherpani, Pasang Lhamu Sherpani e Dawa Yangzum Sherpani.
 
Tudo ia maravilhosamente bem e acima de qualquer expectativa, até que, aos 8000 metros, a fila de escaladores empacou. Motivo? Os sherpas encarregados de abrir a rota levaram menos cordas do que o necessário, e não havia como prosseguir até o cimo.
 
Em razão desse fiasco, todos tiveram que descer sem o cume. Muitos estavam indignados com a falha logística. O famoso cingapuriano Swee-Chiow colocou em seu Facebook: “Estamos todos muito furiosos”.
 
TODOS OS 14 OITOMIL
 
Após dois anos sem nenhum alpinista concluir a saga dos 14 oitomil, 2017 promete ser um ano repleto de novos nomes na listagem.
 
Em 11 de maio, no Annapurna, o casal italiano Nives Meroi e Romano Benet concluiu os 14 sem oxigênio engarrafado (feito raro, por exemplo Nives é apenas a 2ª mulher a conseguir esta proeza).
 
Em 12 de maio, no Dhaulagiri, o eslovaco Peter Hamor também concluiu os 14 (todos sem oxigênio, exceto pelo Everest).
 
Ficamos agora na expectativa por Ferrán Latorre (ESP), no Everest, e pelo alemão Ralf Dujmovits, que já completou os 14 oitomil em 2009, mas que tenta agora finalizá-los sem oxigênio engarrafado (é sua sétima tentativa noox no Everest).
 
Embora noticiado na mídia, Azim Gheychisaz (Irã) não completará os 14 oitomil no Lhotse nessa temporada. Na verdade o cume dele no Manaslu em 2012 não é considerado válido pela grande maioria dos historiadores e dos estatísticos dos 8000 por ele ter parado na antecima.
 
ALGUMAS OUTRAS CURIOSIDADES
 
No Everest, a empresa AlpenGlow ofereceu este ano o “Everest Rapid Ascent”, num programa de aclimatação artificial prévia (eles instalam barracas hiperbáricas na casa dos clientes), o que minimiza o tempo na montanha (eles prometem que da chegada ao campo-base até a ida para casa serão meros 30 dias), e mais cilindros de oxigênio por cliente, o que melhora o desempenho na montanha. Tudo pela “bagatela” de USD 85.000 (cerca de R$ 270.000,00).
 
O concerto promovido pelo DJ inglês Paul Oakenfold no campo-base nepalês do Everest em abril continua gerando polêmicas. Apesar de algumas vozes em sua defesa, ouviram-se críticas de todos os lados, a maioria ressaltando que a comercialização da montanha transformou o Chomolungma num circo (frase muitas vezes repetida nos últimos anos). Alguns sherpas criticaram duramente a “rave”, por entenderem que o Everest é um lugar sagrado, morada dos deuses. Não obstante as críticas, de se notar que festas regadas a som alto e alguns excessos são vistas em ambos os campo-base há muitos anos.
 
Finalmente, após três anos sem cumes, o Lhotse foi ascendido por múltiplas expedições, incluindo a primeira ascensão islandesa, a primeira irlandesa e a primeira “vegana”! (o alpinista Atanas Skatov, escalando com a Seven Summits Treks, chegou a seu quinto cume de 8000 metros, e se intitula o primeiro vegano convicto a escalar esses cumes).
 
 
Texto: Rodrigo Granzotto Peron
Data de conclusão do artigo: 17.05.2017
 
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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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