A cabana e a cachoeira da Fazenda

4

Situada no sopé do contraforte noroeste da Serra do Japi, a Faz. Cachoeira já foi uma das maiores fazendas cafeeiras da região de Jundiaí (SP). Guarda não apenas rico acervo histórico entre as paredes do seu charmoso casarão principal como belezas naturais nas encostas q se debruçam por sua propriedade. Por conta das rigorosas restrições de acesso, eis aqui uma árdua pernada que alcança a mais bela queda do Ribeirão Cachoeira, q inclusive empresta seu nome á fazenda, pelo outro extremo da serra. Uma vigorosa caminhada de quase 45km percorridos em gde parte pela cumeeira, com direito a pernoite do lado duma cabana abandonada q guarda uma estória, por assim dizer, bastante peculiar.

Após alguns perdidos onde cruzamos td Perus, Franco da Rocha e Francisco Morato pela Rod. Tancredo Neves (SP-354), eu, a Carol e a espoleta Chiara chegamos a Jundiaí pouco antes das 11hrs. Antes tivéssemos ido lá diretamente pela Anhanguera (SP-330) ou Bandeirantes (SP-348), onde o trajeto teria sido bem mais breve. Paciência, de qq maneira o q importava era q agora bastou acompanhar a sinalização e tocar sentido o pacato bairro de Santa Clara, a oeste da cidade. Lá, na frente do tradicional point de encontro de bikers, o bar “Recanto Sta Clara”, o Levi nos aguardava já havia um tempão mas felizmente não fez cara feia pelo nosso considerável atraso.
Cargueiras nas costas, imediatamente pusemos-nos a andar de modo a render a pernada daquele dia, pois tínhamos na frente um desnível de quase 700m e algo de 18kms pela frente. Há muito o cinza da urbe tinha dado lugar ao onipresente verde natureba, uma vez q estávamos quase no sopé da enorme Serra do Japi, elevando-se majestosamente ao norte, bastante próxima. Santa Clara é um simpático bairro rural marcado por sítios, um boteco, campo de futebol e a charmosa capelinha amarela q empresta o nome ao bairro. Dali começava nossa árdua pernada da vez.
Ignoramos então a bifurcação sentido Paiol Velho e Pirapora do Bom Jesus e tocamos sempre pela principal, popularmente conhecida como “Estrada da Laranja Azeda”. Larga, de chão batido e bem poeirenta, esta via toca sinuosamente pra sudoeste. Após o rústico portal de madeira, esta via sobe suavemente a serra em meio a muitos morros, chácaras e sítios, bordejando alguns reflorestamentos nas raras baixadas. Claro q neste inicio de caminhada é preciso ignorar os inúmeros cães estridentes no caminho e atentar pras onipresentes placas lembrando das restrições de acesso á Serra do Japi.
E tome caminhada interminável pela frente! Felizmente o tempo se mostra nublado claro, relativamente quente mas sem sol pra martelar na cachola! Após deixar o “Morro da Globo” bem trás, bordejar uma lagoa, onde a poeirenta estrada se encontra ornada de enormes bambuzais de ambos lados, é q a subida aperta um pouco. O escasso trânsito de veículos desta vez já não levanta poeira como da outra ocasião, provavelmente devido ao chão da estrada estar mais firme e compacto pela umidade da chuva do dia anterior. Apenas bikers cruzam nosso caminho, aos quais acenamos sempre cordialmente, assim como um ou outro tropeiro subindo ou descendo a pacata via. Coisas típicas da roça.
Após um tempo alcançamos nova bifurcação, onde tomamos a via da direita, nos mantendo na “Laranja Azeda”. Essa encruzilhada, agora na cota dos 978m, é marcada não somente pela profusão de placas mas pelos belos e impressionantes monolitos rochosos afloram num bosque de pinnus na margem esquerda. Contudo, é a partir daqui q as residências começam a rarear até sumir de vez. E após uma capelinha que precede um extenso baixadão, as vistas se ampliam e descortinam generosas vistas deste miolo montanhoso da Serra do Japi, mas logo a subida empina outra vez em meio a muito reflorestamento. E é aqui onde a velocidade de td mundo diminui e a subida prossegue morosa e pausada.
Mas após passar pela Faz. Monte Castelo e tocar um tanto sentido sudoeste, a estrada faz uma curva fechada em 90 graus pra noroeste, na cota dos 1100m. Sempre nos mantendo na via principal, a ascensão prossegue suave pela empoeirada via. E tome chinelada! A rota sobe rumo noroeste na direção dum largo selado onde adentramos num enorme vale bem mais selvagem, bordejando sinuosamente a encosta das montanhas ao norte, agora pra oeste. Este trecho é mais bonito em termos de vegetação pois os reflorestamentos deram lugar a verdejante mata ciliar secundária. E nas frestas e janelas desta mesma vegetação é possível ver o qto já se subiu; uma vista tão vertiginosa e deslumbrante dos fundos vales ao redor como dos abruptos contrafortes serranos apontando pro céu.
Qdo a estrada faz uma curva pro sul é q subida aperta de vez onde a via, agora relativamente calçada num misto de pedra e asfalto, embica mesmo. E tome piramba forte sob o calor escaldante das quase 13:30hr, onde vamos de encontro o selado q une dois gdes picos do Japi, ambos coroados por enormes antenas q espetam o firmamento. No caminho, a esquerda da via, há uma canaletinha de captação onde corre água cristalina e pode ser a ultima opção de obtenção do precioso liquido. E claro q aqui temos uma breve parada pra molhar a goela.
A subida então prossegue árdua e cansativa, mas ao menos a brisa q sopra do leste refresca o suor q agora escorre farto no rosto. Uma vez no selado, ao olhar por sobre o ombro os horizontes descortinam-se de tal modo q percebe-se q não há mais o q subir. Ignoramos a via da esquerda (q leva na solitária antena da 105FM), nos mantemos na principal e q segue indefinidamente pra leste.
E assim, por volta das 14:15hr alcancamos o pto culminante da Serra do Japi, onde um punhando de antenas de telefonia divide amplo espaço do cume, com a “Torre da TV Cultura”. Ali, do alto dos 1340m do lugar é preciso fazer força pra ter algum visual, tomado por arvoredo em volta, e quiçá por isso seja meio frustrante no quesito paisagem. Mas por entre as frestas pude avistar parte da Serra da Hermida e do Guaxinduva, belos contrafortes do Japi situados, respectivamente, ao norte e ao sul. No entanto, não estávamos sozinhos no cume. Havia um pessoal fazendo manutenção das antenas, acompanhados da Guarda Municipal. Além dum simpático tiozinho, o Sergio, q tomava conta duma das antenas e nos contou de sua paixão por pernadas como constantes furtos de cabos do lugar.
Pois bem, após descansar e beliscar alguma coisa, prosseguimos nossa pernada na direção duma porteira preta no lado do cercado duma das antenas. A porteira é visivelmente repleta de arame farpado, sinal de ser proibido seguir em diante embora não haja placas avisando disso. Mas por uns buracos na grade ao lado é possível passar pro outro lado sem maiores dificuldades. Estamos oficialmente adentrando agora na Fazenda Cachoeira, propriedade particular.
Dali em diante bastou tocar pela obvia vereda que se pirulita mato adentro, inicialmente sentido norte pra depois se firmar sempre na direção oeste, perdendo altitude de forma suave e imperceptível. A vereda é visivelmente uma antiga estrada de manutenção esquecida, tomada parcialmente pelo mato, cercada de vegetação típica de altitude, arbustos e arvoredo baixo de galhos retorcidos. O avanço é tranquilo e bastante agradável, e o arvoredo tombado no caminho não representa maior dificuldade, pois dele basta desviar pelos lados.
Mas após cerca de 20min de descida tropeçamos com uma bifurcação significativa, na cota dos 1240m, marcada por um decrépito banco de madeira no sopé duma bonita arvore ornada de samambaias. Uma placa indica ali ser uma tal de “Árvore da Dona Silvia”, provavelmente uma homenagem á alguma matriarca da Fazenda Cachoeira. O lugar é bonito em si pois, além da árvore, é cercado de um amplo gramado salpicado de vestígios de lajes rochosas aflorando no chão. Além disso, é dali que partem duas grandes veredas que descem a serra na direção oeste, mas através de cristas distintas. E nossa ideia era descer por uma e retornar por outra. No caso, descer primeiro pela bifurcação da direita.
Dali começou uma então uma descida tão suave e imperceptível como interminável. A vereda variava muito suas feições, ora se alargava e estreitava, ora se mostrava de chão compacto de terra ora com valas pedregosas expondo seus afloramentos de quartzito. Apesar destas constantes mudanças, a via é obvia e bem evidente. Havia sim algumas ramificações menores pra ambos lados que vão de encontro apenas a algumas caixas com colméias. Portanto é preciso transitar por aqui em silencio e certa discrição pra não despertar a ira das bichinhas.
Não demorou pra mata ciliar e secundária darem lugar a extensos bosques de eucaliptos, e foi aqui que tivemos nosso primeiro perdido ao sair da picada principal em prol duma ramificação q descia pela esquerda e nos levar num miolo de reflorestamentos ressequidos, mas onde ouvimos o rumorejo valioso do precioso liquido correndo no meio duns arbustos a margem da vereda. Prosseguindo então sempre pela principal na direção noroeste, agora  em meio a belos bosques de pinnus, a vereda desvia naturalmente pra sudoeste onde logo trombamos com mais uma saída pela direita, indo pro norte. Abandonamos a via principal e tomamos esta ramificação, q bordejava a suave encosta de serra palmilhada.
Num piscar de olhos, mais precisamente as 18hr e já quase com sol se pondo a oeste, a vereda terminou numa graciosa cabana de madeira abandonada, cercada de pinheiros e prostrada numa espécie de mirante com linda vista pro norte. Trancada porém ainda relativamente bem conservada, as inscrições na madeira de “Uma cabana, minha amada e nada mais” sugerem a motivação romântica de construção da residência. Depois soubemos que ela foi erguida pelo dono da fazenda pra ali ser realizada a cerimônia de casamento com sua amada. Bem, se esta estória procede ou não, por favor, alguém me corrija. Pois bem, cansados pela longa jornada, foi ali mesmo que montamos nosso pernoite, ou seja, do lado da bucólica cabana.
Ali, na cota dos 1050m, vimos as luzes de Itupeva, Vinhedo e Indaiatuba começando a faiscar e iluminando td a extensa baixada ao norte. Imediatamente pusemos os fogareiros a funcionar e mastigamos nossa gororoba previamente preparada em casa, sob o olhar voraz da comilona Chiara, q áquela altura preferiu ficar mocada na barraca. Mas logo começou a ventar bastante, o que fez cair a temperatura cair consideravelmente e nos obrigar a enfiar na barraca em definitivo.
O sono não tardou em vir e assim tivemos uma noite bem agradável e bem dormida, pontuada pelo constante som do farfalhar do vento no pinheiral. Sim, precisaríamos estar revigorados pra encarar a dura jornada de volta no dia sgte.
Levantamos na manha sgte assim não apenas qdo os braços do Astro-Rei tocaram o sobreteto das barracas, mas principalmente pela algazarra promovida por bugios nalgum fundo vale da encosta. O dia estava relativamente limpo e promissor, a despeito das péssimas perspectivas meteorológicas, mas o melhor foi que tds haviam descansado muito bem e, consequentemente, mostrava-se bem dispostos pra continuidade da pernada.
Tomamos o desjejum enqto desarmávamos acampamento e pusemos-nos a caminhar pouco depois das 7:30hrs.Retrocedemos então até a vereda principal e continuamos a interminável descida da serra, em meio aquele extenso bosque q agora mesclava pinnus e eucaliptos. A perda de altitude é sentida assim como a mudança de direção, já q de sudoeste ela desviou lentamente pra nordeste. No caminho, imediatamente o reflorestamento deu lugar a uma mata secundária mais exuberante e subitamente nos deparamos com mais um belo mirante q abria generosa janela em meio a espessa vegetação. No dito cujo, situado na cota dos 1050m,  havia inclusive um precário banquinho de madeira – a semelhança da “Árvore da Dna Silvia” – com generosa vista pro quadrante nordeste, de onde se destacava o abaulado e verdejante domo da Serra da Hermida. Pausa pra cliques, claro.
Do mirante a vereda desce mais um pouco e vira novamente pra sudeste, agora palmilhando a encosta do contraforte norte da serra. No caminho há duas bicas antigas e um pequeno tanque q podem prover do precioso liquido, apesar de estarem mal conservadas e em desuso pelo tempo. Mas qdo a pernada suaviza em declividade e começa a tocar em definitivo pra noroeste, se afastando cada vez mais da serra e indo de encontro as casas da fazenda, é preciso atentar a uma ramificação pouco nítida 9tem algum mato alto no comecinho) q nasce pela esquerda. Uma vez encontrada esta vereda não tem mais erro, basta se pirulitar por ela rapidinho pra não se deparar com alguém de olhar carrancudo da fazenda.
Novamente voltando pra serra – rumo sudeste – a pernada começa a ganhar aos poucos td a altitude perdida, sempre nos mesmos moldes q a descida anterior, ou seja, bordejando a encosta florestada do contraforte norte da serra. A diferença é que agora subimos por outra lombada da mesma serra. E assim vamos ladeando, agora sentido sudoeste,  a encosta aos poucos, as vezes tangenciando pastos onde alguns bovinos ruminam tranquilamente, mas sempre voltando a mergulhar no frescor da mata fechada.
A caminhada se mantém assim por um tempo, agradável e compassada, até q começamos a ouvir o inconfundível som de água correndo em profusão. Dito e feito, pouco antes das 10hr damos de cara com um córrego de águas límpidas que pela carta corresponde ao que dá nome á toda fazenda, o Córrego Cachoeira. Chapinhando pela água cruzamos á outra margem, onde havia uma trifurcação. Ali optamos tomar a vereda que acompanhava o curso d’água, rio acima, e em questão de poucos minutos encontramos a primeira queda do mesmo. Uma laje inclinada de quase dois metros despejava água por uma canaleta rochosa, fazendo a queda se dar pela lateral. Pausa pra fotos claro, antes de continuar adentrando no vale.
Mas subindo um pouco mais o rio encontramos a principal vedete da região, na cota dos 800m, a queda que inclusive empresta seu nome a propriedade. Uns a chamam de “Cachoeira da Fazenda”, outros de “Monstrinho” e até dos “Quarenta metros”. Independente do nome, a queda consiste num alto paredão rochoso de quase 30m por onde as águas do ribeirão despencavam, no momento, por três véus alvos pela gde muralha. A vista é muito bonita pois a queda se situa em meio a um pequeno anfiteatro rochoso cercado de mato, uma espécie de vértice afunilado situado na encosta íngreme do morro. Conheço muitas quedas na Serra do Japi aquela que agora se mostrava na minha frente é uma das maiores, pois o desnível desta serra é pequeno e pouco recortado, a diferença da Serra do Mar, o q faz com q as cascatas sejam de tamanho reduzido. Mas aquela ali era exceção, pois justificava com méritos o nome dado ao rio e á fazenda. Pausas pra fotos, muitas!
Logicamente que a queda foi motivo pra um breve pit-stop não somente de contemplação, mas de descanso e beliscada de lanche. Infelizmente a base da queda é repleta de pedras irregulares que impedem a formação dum piscinão, embora houvesse algumas banheirinhas rasas. Mas e dai? Jogamos as mochilas na ampla clareira ao lado, onde havia sinais de fogueira, e pusemos-nos a simplesmente curtir o lugar. A Chiara, por sua vez, entreteve-se com a cabeça dum calango q ali jazia parcialmente devorada. Foi ali tb que trombamos com as primeiras vivalmas naquele setor “proibido”, no caso, dois bikers jundiaienses que faziam o mesmo roteiro nosso, porém no sentido contrário.
Pois bem, após muita curtição tínhamos que iniciar a volta, o duro retorno, diga-se de passagem. Nos despedimos da bela queda e retornamos pelo mesmo caminho ate a trifurcação mencionada, onde tomamos a continuidade de via principal, q prosseguiu bordejando a encosta da serra na direção sudoeste. Sempre subindo suavemente, o caminho bordejou um trecho de pasto e reflorestamento onde a Chiara fez correr uma trinca de bois sob curiosos latidos. Foi a partir dali q a ascensão mudou de sentido pra leste, abandonou o eucaliptal pra entrar em mata ciliar baixa e palmilhar a íngreme encosta sinuosamente. Visivelmente subíamos paralelamente ao vale do Ribeirão Cachoeira, praticamente acompanhando seu curso, so que do alto do seu ombro serrano esquerdo. E tome subida forte, que nos fez distanciar uns dos outros, onde cada um foi no seu próprio ritmo. Até a Chiara, coitada, já não tinha a velocidade e desenvoltura do dia anterior e se jogava ao chão nos vários pit-stops q tivemos pra retomada de fôlego.
A subida, agora pra sudeste, prosseguiu de forma morosa e compassada, mas constante. Até q trombamos com uma bifurcação marcada por um tronco caído, na cota dos mil metros. Foi aqui que abandonamos a principal pra xeretar a via da esquerda q, num breve ziguezague nos levou a um belo remanso onde o Ribeirão Cachoeira represava suas águas num lindo e enorme piscinão! Como aquela altura estávamos novamente cansados e suando em bicas, nos presenteamos com nova parada de descanso e, claro, um merecido e refrescante tchibum! O local é tão bucólico qto convidativo, pois havia uma clareira com vestígios de fogueira, do lado do q pareceu ser uma área de captação da fazenda, pois havia canos q nasciam do piscinão e se pirulitavam serra abaixo.
Revigorados e de banho tomado, retomamos a pernada serra acima, sempre acompanhando o vale do rio. O caminho árduo com forte declividade foi suavizando conforme se avança, ao mesmo tempo em q a vegetação rareava a nossa volta e permitia q o sol escaldante do inicio de tarde fritasse nossos miolos. As vestes a pouco úmidas já estavam novamente secas e empapadas de suor, mas o consolo era q além da subida estar findando o som do rugido do rio q nos acompanhava foi aos poucos sumindo. Sim, agora desviávamos um pouco pra leste, aparentemente abandonando o vale pra circundá-lo pelo alto.
Uma vez no alto a pernada se manteve quase q sempre em nível, singrando o alto das colinas q dominam o alto da serra e uma vegetação que alterna reflorestamento e focos de mata ciliar de altitude. Foi neste trecho bem mais extenso q tive alguma dificuldade de orientação nas varias bifurcações que surgiram e me deixaram em dúvida se estávamos no caminho certo. Mas felizmente minha navegação na base de mapa e bússola mostrou-se bastante eficiente qdo subitamente a vereda virou pra nordeste e dali seguiu em frente indefinidamente. Pra reforçar o caminho certo, no alto dos cocorutos do trajeto pudemos avistar q íamos na direção da “Antena da Cultura”. Ufaaa..
Assim, por volta das 14:40hr pisamos novamente na “Árvore da Dna Silvia” e, posteriormente, no cume do Japi. Um merecido e prolongado descanso precedeu a árdua caminhada que ainda tínhamos pela frente. Pensamos em pedir carona pra Guarda Municipal, q dali recém vazava, mas desistimos da ideia pq ainda tínhamos nosso ultimo suspiro de orgulho em terminar o circuito a pé. A Chiara, coitada, era quem mais pastava com td aquela camelação. Suas perninhas pequenas andavam praticamente o dobro do que a gente percorria, fazendo a pulguenta se cansar desnecessariamente.
Após descansar retomamos o caminho de descida da serra, onde bastou soltar o freio de mão. So tivemos uma breve parda na canaletinha de captação de água, onde molhamos o rosto e enchemos os cantis pela ultima vez. Na sequencia tome descida, onde a pobre Chiara já mostrava aparente desfalecimento ao ter dificuldade de caminhar pelas pedrinhas soltas da já precária estrada. Isso fez que sua zelosa dona a poupasse da chinelada simplesmente colocando a pulguenta dentro da mochila, a exemplo das cholas bolivianas levando sua prole nas costas. Mas foi somente qdo pisamos na bifurcação da “Estrada da Laranja Azeda” que uma boa alma, oportunamente motorizada duma picape, nos deu carona até Sta Clara, nos poupando dos 4km restantes.
Roupa trocada, pegamos o veiculo e fomos pro posto q margem da Rod. Anhanguera, as 18hrs, onde nos fartamos de salgados, refris e brejas, comemorando assim a pernada proposta. A Chiara, por incrível q pareça, nem deu as caras pra roubar comida da gente; pelo contrario, ficou estatelada no banco traseiro recusando-se a dar sequer mais um passo (ou passinho, como preferir) como se quisesse nos dizer: “Daqui não saio e ninguém me tira!”. Também pudera, aquele dia foi muito mais puxado q o anterior pois a despeito do baixo desnível de 550m, a distância percorrida somava quase 25kms!!
Os contrafortes serranos da Fazenda Cachoeira vão além da área percorrida neste descompromissado relato, se estendem até os vales do Rio das Pedras, a nordeste, quase no sopé da Serra da Hermida; e nas encostas q se debruçam quase tocando o vale do Guaxinduva, ao sul. Há mto mais mirantes em cumes serranos , vários afluentes e cascatinhas q, menos conhecidas, esperam ansiosamente visitação, escondidas oportunamente nas entranhas da Serra do Japi. Sem falar nas trocentas picadas q se entrelaçam pela serra oferecendo belos circuitos q, como o deste relato, podem ser palmilhados em dois ou mais dias. Resumindo, o Japi é uma região farta de caminhos e nascentes, justificando assim não apenas o nome da serra, q em tupi-guarani significa “cabeceira”. Justifica o breve retorno a este beleza natureba que nada mais é que o guardião de Jundiaí.
Compartilhar

Sobre o autor

Jorge Soto é mochileiro, trilheiro e montanhista desde 1993. Natural de Santiago, Chile, reside atualmente em São Paulo. Designer e ilustrador por profissão, ele adora trilhar por lugares inusitados bem próximos da urbe e disponibilizar as informações á comunidade outdoor.

4 Comentários

  1. Boa noite!
    Teria como me enviar a localização da cachoeira e o contato da fazenda?
    Dá para chegar de carro?
    Obrigado!

  2. Boa noite Geraldo aqui é o Levi que participou dessa trip como Jorge , e não é possível chegar de carro ate a cachoeira , somente ate a torre da cultura , depois é uma grande pernada como descrito pelo Jorge, mas uma pernada que vale muito a pena …abçs.

  3. francisco jordão em

    A dona Silvia era a esposa do proprietário da Fazenda Eng.Eduardo Celestino Rodrigues, meus tios avós, a cachoeira está situada dentro da propriedade e acredito que tenha o acesso restrito, assim como a cabana de madeira no alto da serra.

Deixe seu comentário