Antes de td também, gostaria de lhe falar q como bom mogiano q sou, sempre fui fã confesso da região serrana do município de Biritiba-Mirim, q freqüento desde a mais tenra idade pelas possibilidades de passeios infinitos em meio a natureza. E isso bem pertinho de minha cidade, Mogi das Cruzes. Da hora! E sobre isso gostaria de discutir numa boa com o senhor: Queria q você me explicasse melhor a situação atual da região q envolve a “Picada do Geraldo”, q acredito vc deve reconhecer sua importância histórica na construção de varias obras próximas, sendo q a própria SP-98 é a mais significativa delas. Isso datado no inicio da década de 80. Putz!
Em tempo, essa região td fiquei conhecendo pelos relatos do Jorge Soto (conhece?), aquele quatro-zóio-cabeludo-barbudo q não tem nada pra fazer e sai por ai, se enfiando em roubadas pela Serra do Mar. O cara é pancada das idéias, mas ao menos presta um serviço divulgando novas opções pra quem curte um matinho básico. É, pois tem neguinho q só acha q aqui tem Cachu da Fumaça e Cachu Furada! Affee, mal sabem o resto de atrações naturebas q tem aqui perto! Sou mó fã do Soto, mas não digo isso abertamente pq senão vão achar q sou frutinha, e sacumé: macho q é macho não elogia outro macho, pow! Mas tenho q reconhecer q o “feladamãe” conhece mais minha terra q eu mesmo, residente local..aff!
Pois bem, estes dias eu e minha amigona Silvia (oriunda duma obscura lista de caminhadas, uma tal de T&T) fomos passear por essa antiga estrada, q pelo descaso e desuso tornou-se a trilha conhecida q é hj. Bem, até o inicio dela td mundo toma um belo chão de asfalto, após descer no posto da Balança, q no nosso caso foi as 9hrs. Este trecho de rodovia realmente é um diferencial e seleciona naturalmente quem alcança o rabicho desta vereda, mas quem é determinado o bastante faz com o pé nas costas. Mas melhor deixar o pé no chão e as costas levarem a mochila, ne?
Bem, a idéia original era realizar um circuito q começasse pela estrada-picada, visitar alguns atrativos aqui e ali, e depois desviar pra norte-noroeste ate cair na “Estrada da Adutora”, e de lá voltar por Manoel Ferreira. Ah, quero deixar claro q essa foi uma dica dada pelo Jorge Soto (sim, sempre ele!) numa breve troca de emails! Antes, claro, dele me mandar “tomar naquele lugar” por ser chato e insistente demais. Mas sou brasileiro e não desisto nunca mesmo…hihihih!
Voltando a vaca fria, eu e a Silvia então andamos aquele tantão de asfalto ate q finalmente chegamos na via supracitada, enqto fomos deixando o som da rodovia logo atrás. Imediatamente fomos inundados pelo som inebriante da mata e natureza a nossa volta, q de cara encantaram a Silvia. Poxa, eu tb queria ter trazido minha mãe aqui mas ela não pode vir pq faleceu faz um tempo, então já viu né? E meu irmão tb, pq ele sempre q tenta ler os relatos não conmsegue, pois é analfabeto e fica achando q estes textos são td invenção do Soto. Eu digo q não são pq eu mesmo já refiz boa parte das andanças dele aqui, e depois posto no facebook dizendo q é de autoria minha. Hehehe!
Seguindo em frente, logo nos deparamos com algum lixo e material automotivo no chão. Já tinha escutado o boato q este comecinho de trilha havia se tornado uma zona de desmanche, mas nunca dei ouvidos. Pior q era verdade. Cabos eletricos, forros e outras coisas estavam ali, espalhadas maculando o entorno daquela trilha. E ai, “Sr Proprietario”, como q fica isso ai? Desmanche é coisa séria, além de perigosa. Não sei se agora aqui ta quinem Paranapiacaba tava década atrás, qdo a hospitalidade do povo marginal de Rio Gde da Serra por quem é de fora nos deixou pra lá de comovidos. Isto pq até hj choro de emoção qdo recordo daquela ocasião em q, no meio duma trilha, um trio encapuzado levou nossos pertences como lembrança. Mas agora a coisa la mudou, isso é fato. Mas será q agora isso ocorre aqui tb, “Sr Proprietário”? Procede essa info?
Ainda no comecinho da trilha, encontramos um casebre abandonado, mas com sinais de alguem morando nele, pois havia um colchão e algum material de uso pessoal dentro. Nos pirulitamos rapidinho pois podiam ser os criminosos mencionados acima. Mas ai saímos da trilha principal por outra q contornava a encosta de um morro, pois o Soto disse certa ocasião q ali havia uma pequena trilha q levava num piscinão. Como ele nunca foi lá logo me veio a mente fazer algo q ele nunca tinha feito a qq custo e esfregar depois na cara dele. Chupa, Soto!
Mas logo a tal trilha começou a fechar, ganhar declividade, tornou-se um brejo enorme e minha brava amiga explicitou seu receio q tivesse cobras ali. Medo este q tornou-se pavor qdo mencionei q as peçonhetas costumam picar o segundo da fila. Hihihihih! Um ditado rural diz q “onde tem rio tem picada”, e estavamos visivelmente acompanhando um rio mas sem porcaria de trilha alguma. Estavamos varando mato! Daí me ocorreu tocar pro ribeirão e dali começar a descê-lo ate encontrar o maledito poço mencionado pelo Soto, q estava próximo da trilha principal.
Dali começou uma cuidadosa descida de rio em meio a pedras escorregadias, onde nem eu nem minha amiga escapamos de carimbadas no “quinto apoio”. Teve uma hora q ela torceu o pé e fiquei preocupado, mas a Silvia – retada como ela só – prosseguiu a pernada firme e forte. Eu tb tive uma hora em q meti a canela numa pedra, mas como macho alpha da situação e não um franguinho playboy medroso e fresco. Claro q fiz cara de paisagem e engoli em seco um grito q seria ouvido até na 25 de Março, pq senão ia ficar feio pra mim, ne?
Aos poucos o terreno pedregoso e acidentado foi melhorando e nos vimos andando por largas lajes de pedra, por onde a agua do ribeirão escorregava suavemente ate ser despejada numa pequena e simpática represinha. Pela descrição estavamos finalmente no “Poço do Seu Geraldo”! Uebbba! Havia sinais de fogueira nas lajes e pouco lixo, sinal q o lugar serve de mini-balneário natureba. Eram exatamente 9:50hrs e mandamos ver um tchibum, claro! O sol estava quente e a agua estava fria, mas o banho deu uma bela refrescada naquele breve e imprevisto perrenguito. So tinha q ter cuidado na beirada do poço, pois era bem escorregadio. Dali partia, meio escondida no capinzal, a picada oficial q interligava aquele belo remanso á trilha principal! Bastava ter andado um pouco além do casebre q teríamos nos poupado do vara-mato e descida desnecessária de ribeirão, q por sinal homenageia Seu Geraldo e recebe o singelo nome de Rio do Lobisomem.
Após descansar, voltamos a trilha principal e retomamos a caminhada, refeitos pelo banho revigorante. Cruzamos o Rio do Lobisomem saltando as pedras e nos deparamos com o casebre abandonado do Seu Geraldo. Tava td revirado lá dentro, aparentando sinais de arrombamento. Uma pena, pois o velho matuto parece q fora desapropriado “a força” pela presença de marginais da região. Agora, pelo q ouvi dizer, ele tava morando num morro atrás da Balaça. E ai, “Sr Proprietário”, como fica a situação do Seu Geraldo?? O cara sempre morou aqui e sua casa tava td detonada!?
A partir dali avançamos desimpedidamente pela trilha por um tempão, sempre nos mantendo na principal e ignorando as saídas laterais. Cruzamos enormes banhados, passamos por pontilhões escorregadios, ladeamos o sopé dum belo maciço rochoso o Pico da Mulher Gravida ate q chegamos numa bifurcação em “Y”. Aqui tomamos a direita, pq por um relato do Soto o ramo da esquerda vai dar no Bairro da Terceira, aventura esta q ele fez na cia dum cara q só se veste de Rambo, o Ricardo. O calor estava de rachar pois o sol brilhava forte la no alto, e não víamos a hora de chegar no nosso próximo pit-stop pra novo tchibum
Ao meio-dia chegamos no Rio Sertãozinho, q por conta das chuvas estava com suas águas turvas e era impossível avistar o fundo. Felizmente testei sua profundidade e foi possivel cruzá-lo numa boa, com água pouco abaixo da cintura. Do outro lado retomamos a trilha e, 20min depois, finalmente chegamos as margens da Represa Andes, onde nos presenteamos com uma pausa mais demorada. A vista do enorme lago encravado no meio da serra maravilhou a Silvia, q não escondeu seus olhos marejados. Imediatamente nos acomodamos no gramado da prainha fluvial da borda oeste e caímos prazerosamente na água! Após o refrescante banho forramos o estomago e até tiramos um cochilo, fazendo das mochilas travesseiros emergenciais. O sol logo deu lugar a uma nebulosidade clara e a represa cobriu-se de brumas incertas, mas até lá o mormaço vigente havia se encarregado de nos deixar pimentões-humanos-ambulantes.
Zarpamos um pouco antes das 14hrs, voltando pelo mesmo caminho, ate um pouco depois da bifurcação em “Y”. Ali, as 14:30hrs, nasce escondida uma vereda perpendicular a principal, q adentra no vale entre o Pico da Mulher Grávida e o Itapanhaú, sentido noroeste. Caminhada sussa e desimpedida esta, q logo começou a aumentar sua declividade conforme avançávamos. No caminho, pontilhões e belos exemplares de samambaias chamaram a atenção da Silvia, enqto eu me estapeava diante das nuvens de maleditos e inconvenietes pernilongos, q havia aos montes. Mas pena foi constatar a presença de caçadores. Não cruzamos com eles, mas seus vestígios eram mais q evidentes na forma de armadilhas e muito lixo, principalmente embalagem de ração de cachorro jogado ali. E ai “Sr Proprietário”, como fica isso ai? Ta certo q caçar é um “hobbie” quinem o nosso, mas matar bichinhos e emporcalhar não o é.
Pois então, foi qdo a picada aumentou a declividade, uma vez q íamos de encontro o selado entre os dois picos, q a coisa pegou pra Silvia. Tentei reduzir o ritmo de modo a q ela pudesse me acompanhar devidamente, mas ela não deu braço a torcer e seguiu firme e forte, suando em bicas. Mas as 15:10hrs fizemos uma parada providencial na Cachu Agua Fina, audível conforme nos aproximávamos dela. Ao nos depararmos com uma gruta formada por uma enorme rocha, há uma discreta picada q sai da principal e desce forte um estreito ombro serrano e dá na base da cachu. Na verdade é uma queda pequena, onde a agua é derramada por sobre uma laje vertical rochosa, á semelhança da “Cachu do Banquinho , so q maior, porém menor q a “Pedra Lisa”, estas duas ambas de Paranapiacaba. Ali perto tb havia uma boa clareira de acampamento sem sinal algum de lixo, onde a Silvia sentou afim de descansar e recuperar o fôlego necessário pra continuidade da trip.
Retomamos a caminhada bem mais dispostos e revigorados, dando continuidade ao resto de subida ate o selado entre montanhas. No caminho, desperta a atenção a presença de enormes rochas forrando td extensão da encosta. Algumas isoladas e cobertas de td sorte de vegetação; outras amontoadas formando gretas e fendas traiçoeiras a semelhança do “Conjunto Beltenebros”, perto dali. Uma pedrona particularmente desperta mais o interesse pois ela se assemelha á proa e dum enorme navio. Me senti o Leonardo di Caprio ao lado dum Titanic feito da mais pura rocha, numa comparação brega porém pertinente. Mas ao invés da trilha da Celine Dion, tínhamos no ouvido o cantarolar metálico e desenfreado duma araponga q parecia ter tomado uma cartela de Ectasy.
As 15:47hrs finalmente atingimos o almejado colo serrano, marcado tanto por uma encruzilhada como pela presença de muito lixo, pra então passar por outro lado da serra. Inicialmente suave pra depois ficar forte, a perda de altitude é feita num piscar de olhos. Alguma mata caída e gdes deslizamentos pode gerar confusão, mas a continuidade da trilha é meio q evidente, sempre tocando pra noroeste. E assim finalmetne a picada nos leva numa estrada maior de terra, as 16:10hrs, já dentro dos domínios de uma gigantesca área de reflorestamento de eucalipto.
Pois bem, quem conhece os reflorestamentos da Suzano Celulose sabe q estes são basicamente um emaranhado de estradas, e tinha q encontrar um jeito de sair dali. Bem, tinha a carta e uma bussola, e dali fomos tocando pelas estradas q fossem no sentido desejado, ou seja, oeste ou noroeste. Isto aprendi com o Soto, usando uma bússola q ganhei de brinde na revista Recreio. E la fomos nós, andando um tempo q pareceu interminável por estradas semelhantes q pareciam dar círculos. Confesso, este trecho francamente foi mais difícil de navegar q dentro da mata fechada. Andamos, andamos e andamos e nada de sair da fazenda, e foi ali q um medo real de passar a noite ali começou a sondar minha cachola. Um frio congelante q foi do alto da nuca aos confins do rego percorreu minha espinha era sinal q algo não ia bem, mas tentei não deixar isso tranparente pra Silvia. Ela já se queixava da dor no tornozelo e andava com certa lentidão pra não forçar o dito cujo. Bem, se tivessemos q pernoitar ao menos eu lembrava vagamente de como fazer fogo com dois pedaços de madeira e um gasoduto.
Mas felizmente as 17hrs caímos num roçado, onde um senhor da fazenda local nos informou estarmos próximos da Estrada da Adutora, q ganhamos logo depois. Uffaaa! Ate q minha navegação artesanal não estava tão mal assim, pois haviamos involuntariamente desviado a oeste além da conta de modo a encurtar o caminho até Manoel Ferreira, economizando bons kilometros de caminhada. Mas o melhor de td foi q logo conseguimos carona numa van escolar, q nos deixou no bairro desejado, pra alegria da Silvia e seu combalido tornozelo.
Uma vez em Manoel Ferreira, encostamos no boteco da Dna Luzia e mandamos goela abaixo quase um engradado duma breja chamada Ecobier. Meu, esta preciosidade desceu redondo pela bagatela de R$2,50 a garrafa, sendo q em Sto André ela é vendida normalmente a R$7!! Alem de trocar de roupa e remover os últimos carrapatos do corpo, forramos o estômago com salgados e uma porção de queijo, q fechou de vez nossa empreitada. Bacana foi escutar o povo local comentando seus causos rotineiros na roça, algo estranho pra quem é da cidade gde. Não é preciso nem dizer q o resto de viagem no buso foi feito sob efeito total da manguaça, nos braços onírico-etilicos de Morpheus. E meu ultimo trecho de pernada ate em casa, meio q zumbificado e chamando urubu de meu louro, pra finalmente desfalecer no banheiro utilizando o vaso como travesseiro.
Para finalizar, quero deixar claro q estou super contente por termos concluído um circuito q o Soto decerto nunca fez e pretendo publicar em breve meu feitio no facebook, onde espero ter muitos “curtir” de sua parte. Pretendo apelidar esse role de “Ferradura da Água Fina”. Mas ao mesmo tempo fico tremendamente entristecido por constatar lixo, desmanche, a desapropriação do Geraldo, caçadores e qq outra irregularidade nessa regiao tão bonita.
Queria tb me desculpar com o Sr pelo desabafo, mas sei q não é plenamente responsável pela irregularidades q comentei ao logo do meu breve texto. Ops, só agora vi q redigi um romance, foi mal de novo! Mas de alguma forma é o Sr q deveria tomar alguma providencia no intuito de sanar, diminuir ou até melhorar as condições daquela região. Eu e minha amiga trouxemos o máximo q de lixo q nossas mochilas comportavam mas ainda tem muito mais lá. Nos fizemos nossa parte e acredito q o Sr possa fazer alguma diferença tb, quem sabe.
Atenciosamente,
Jovem mogiano fascinado e preocupado por sua vizinha, a Serra do Mar de Biritiba-Mirim.
Jorge Soto
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