A escaladora espanhola Silvia Vidal completou a primeira ascensão da via Sincronia Mágica no Cerro Chileno Grande, em março. Ela levou 33 dias para conquistar a rota e fez a ascensão totalmente em solitário. Esta é a primeira via aberta na face oeste dessa montanha, localizada na região de Aysén, na Patagônia.
Silvia começou a sua escalada em sete de fevereiro, um pouco antes da pandemia de Coronavírus se espalhar. Antes de partir para a parede, ela precisou carregar seus equipamentos até a base da montanha. Para isso, a escaladora levou cerca de 15 dias transportando mais de 150 quilos de equipamentos e comida para a base de Cerro Chileno Grande.
“Fiz várias abordagens através da floresta, da morena glacial e do outro lado da geleira, carregando cada vez 25 kg de equipamento”, contou Silvia. Para conseguir carregar todo o peso necessário, ela fez seis viagens de ida e volta, totalizando 150 quilômetros de caminhada, e só contou com ajuda em um único dia.
A escalada no Cerro Grande Chileno
Logo na primeira etapa Silvia já passou por um imenso desafio psicológico e físico para estabelecer seu acampamento base. Mas a escalada ainda estava por começar. A parede da face oeste possui bastantes trechos verticais. Segundo a escaladora também há uma grande variedade de técnicas para ser escalada como chaminés, fendas com vegetação que impedem uma boa proteção, além das lajes sujas e escorregadias. “É uma parede complexa e difícil de progredir, não tanto pelo grau da subida, mas pela quantidade de manobras necessárias para percorrer aquele terreno; muitos tetos, passagens, e pêndulos para ligar fissuras e placas”.
Ainda assim, a parte mais difícil para Silvia foi o trecho vertical, com poucas possibilidades de proteção. Nesse trecho Silvia progrediu utilizando um piolet para se fixar na vegetação. “Há cerca de 330m de terreno vertical, com muita vegetação que me impedia de apreciar a escalada por lá, principalmente porque eu nem sabia como rompê-la”, relatou a escaladora.
Mesmo estando na Patagônia onde o clima é bastante instável, Silvia contou com o bom tempo e pegou apenas duas tempestades. Ela diz estar feliz, visto que essa pode ser uma das maiores dificuldades e por fim a uma escalada. “Ainda assim diverti-me bastante, chovendo 50% dos dias (normal é mais)”, escreveu ela.
A escaladora estabeleceu três acampamentos na parede e levou 33 dias entre subir e descer, sendo quatro dias inteiros só para o rapel. Silvia chamou a via de Sincronia Mágica por conta de sua experiência nessa parede. A rota possuí 1.180 metros e graduação sugerida de A3 + / 6a + francês, que equivale ao sexto grau brasileiro. Além da escalada, Silvia também percorreu cerca de 30 minutos caminhando para alcançar o cume mais a oeste.
Quem é Silvia?
A escaladora Silvia Vidal nasceu em Barcelona e atualmente esta com 49 anos. Há cerca de 20 anos ela decidiu se dedicar a escalada em solo. Desde então ela coleciona em seu currículo diversas montanhas e escaladas pelo mundo. Entre as principais conquistas, destacam-se a Zodiac e Wyoming Sheep Ranch no El Capitan nos Estados Unidos, Life is Lilac no Shipton Spire na cordilheira de Karakoram, Naufragi no maciço Kailash Parbat no Himalaia; Silvia também já possui experiência na Patagônia onde escalou a Espiadimonis na Serranía Avalancha na Patagônia, e passou 32 dias na parede.