A morte de um esporte

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A escalada na cidade de São Paulo está caminhando para um definhamento nunca antes visto.


Após as festas de fim de ano, tudo tende a voltar à normalidade na cidade de São Paulo. Mas a sensação que se tem no momento é a de que a escalada hoje é um esporte com morte anunciada.

Hoje com os preços cobrados pelas academias da cidade de São Paulo está elitizando o esporte. Hoje está sendo muito mais atrativo para o paulistano, acostumado a sempre conviver com as dificuldades de uma cidade grande (transito, abuso do governo, falta de educação das pessoas, etc), convive agora com uma alta de praticamente 100% no preço cobrado por academias na cidade.

O custo benefício está tão alto que por muito tempo será difícil convencer alguém de ingressar ao esporte. Até mesmo em um momento que muitos estão deixando por falta de condições de bancar o novo padrão imposto pelas academias da cidade.

Os Preços cobrados foram feitos sem a real preocupação com a compatibilidade do serviço apresentado. Hoje o preço tem praticamente o mesmo valor das grandes academias da Europa e dos Estados Unidos. Porém a qualidade dos serviços, e da academia, apresentados não acompanhou o aumento.

Hoje há uma grande quantidade de escaladores que por morar em localizações da cidade que impedem o deslocamento a algum lugar mais barato, estão desistindo. Fato este de que conversando com uma quantidade considerável de escaladores muitos estão migrando para academias “comuns” que contém preços mais realistas, e mais próximos com o tipo de serviço e qualidade apresentados.

Hoje é impressionante que haja uma academia com múltiplos esportes e professores para cada uma das modalidades e ainda assim ter um preço muito abaixo dos que os de escalada.

Conversei com muitas pessoas, e todas já deram a escalada por encerrada em suas vidas.  A conclusão é de ficou caro demais. E ficou mesmo.

Hoje é quase igual treinar em uma academia de grife e franquia e bancar um treino para escalar. A grande baixa no número de pessoas indica que ao final deste ano, por motivos diversos, iremos ter um esporte ainda mais sem divulgação. Para quem pratica seriamente o esporte é péssimo, pois sem divulgação não há argumentos a quem poderia patrocinar o esporte. Não me espantará quando algumas marcas retirarem investimentos e produtos dedicados à escalada ao final deste ano. Todas, claro, culparão a grande crise mundial.

A matemática é simples, há outros esportes onde a prática é muito mais acessível que tem uma popularidade que justifique algum investimento. Em outras palavras, como o preço de prática de um esporte espantou todos para outros esportes, porque investir em um esporte condenado à morte?

Na Argentina, onde visitei recentemente, os ginásios não são suntuosos como aqui no Brasil. Ainda carecem de aumento de estrutura e etc. Porém em Buenos Aires, há cerca de 20 ginásios e centros de escalada. O local mais próximo de escalada em rocha fica a 350km de distância. O preço cobrado até mesmo pelo maior da capital é aproximadamente 40% do que é cobrado na cidade de São Paulo. Para quem justificar que o custo de vida em São Paulo é caro, procure no mesmo ranking mundial onde fica Buenos Aires.

Para mim pessoalmente acho triste ver um esporte que eu ano virar elitizado como golf, pólo, stock car entre outros. Espero sinceramente estar errado, mas pelo que estou assistindo nos últimos 3 meses, é algo que muita gente vai sentir ao longo do ano. Que São Paulo não é somente o tumulo do samba, é também o tumulo da escalada.

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