Prum rolezinho breve e sem necessidade de despertar cedo, saltei antes das 8hrs na Estação Lapa, pertencente a Linha Diamante da CPTM. Imediatamente me dirigi a Rua Clemente Alvares, de onde parte a maioria dos busos em direção daquelas bandas ao norte de Osasco e cia. Mastiguei um salgado e bebi um pingado numa padoca próxima, antes de partir pontualmetne as 8:10hrs no “054- Cajamar(Jordanésia)/São Paulo(Lapa)”, da viação Urubupungá. A manhã estava radiante e a transparência total do firmamento era sinal q aquele dia seria terrivelmente ensolarado e quente. Viagem relativamente rápida, não tardou pra paisagem emoldurada pela janela desse lugar ao asfalto da Rod. Anhanguera (SP-330), de onde destoou a silhueta escarpada e imponente do Pico do Jaraguá, elevando-se pela direita.
Desembarquei em Cajamar as 8:45hrs, em frente ao “Boiodromo”, na Av. Vereador Joaquim Pessoa Barbosa. Na verdade estava em Jordanésia, distrito q integra o município de Cajamar. Como tinha q chegar ao centrão de Cajamar (alguns kms a sudoeste) resolvi seguir o resto a pé, embora existisse condução direta até lá. Cruzei o Córrego dos Cristais até o final da avenida, de onde tomei o asfalto da Av. Dr Antonio Joao Abdala interminavelmente, dando adeus a Jordanesia. E tome chão interminável, onde a paisagem começa entediante (fachadas de industrias e enormes aterros) mas depois de um tempo o verde começa a se mostrar cada vez mais presente, ao serpentear morros e reflorestamentos. Numa curva foi possível avistar, enfim, o morro almejado e sua “orelhinha” reluzindo ao sol da manhã.
Cheguei no centrão de Cajamar, na verdade o distrito sede, as 9:40hrs. Com ar de bairro menor, Cajamar nem parecia ser o centro nem mto menos o distrito sede de td aquela região. Menor ate q Jordanésia, o lugar tinha os mesmos ares pacatos de qq micro-cidade interiorana. Pois bem, uma vez lá bastou seguir até a esquina da Faculdade Anchieta e tocar pela Rua Pedro Domingues, q num piscar de olhos se torna uma precária e empoeirada via de terra. Daí em diante não tem mto erro pois basta seguir sempre por ela sentido oeste, isto é, a via principal e ignorar qq bifurcação menor ou q perca altitude. No caminho tb avistei o q parecia ser um araçazeiro, arvore abundante na região e q tb empresta seu nome á Cajamar, uma vez q “cai-a-mar” significa fruto colorido e manchado, em tupi.
A pernada pela estrada de chão transcorreu então sem gdes intercedências ou maiores problemas, e se a região já transpirava ar interiorano ele se intensifica ainda mais na via ao passar por plantações de milho, e cruzar algumas poucas casinhas com cavalos e galinhas correndo por td lado. Mas não tarda pra deixar td civilidade pra trás e o silencio reinar absoluto pela larga vereda, serpenteando a morraria e ganhando altitude imperceptivelmente. Até então somos poupados de ter sol na cabeça pela presença duma oportuna florestinha q garante sombra refrescante necessária neste início de subida.
Mas após acompanhar um bom tempo um pequeno córrego q marulha a nossa direita e passar por um pequeno laguinho a nossa esquerda, abandonamos a sombra da estrada palmilhada – cada vez mais precária – q segue sentido oeste acompanhando a encosta da serra em nível. Ao invés disso, tomo uma vereda menor, erodida e sulcada, q sobe forte e sinuosamente a íngreme encosta sentido norte, até atingir o topo dum espigão serrano q deriva daquele detentor da placa. Uma vez no alto dessa crista, as 10:30hrs, intercepto outra vereda q retoma o rumo oeste, subindo suavemente e descortinando bela vista de td o entorno: desde o vale inicialmente percorrido, o serrote da placa e o espigão oposto, q provavelmente será nossa rota de retorno. Em tempo, a vegetação desta panorâmica se resume basicamente a reflorestamentos de eucaliptos.
A partir daqui provavelmente apareçam bifurcações, mas basta sempre se manter no ramo q suba pois aqui, em tese, “tds os caminhos levam a Roma”, no caso, a placa, cada vez mais e mais próxima. No entanto, já logo no alto desta pré-crista resolvo sair da minha rota na primeira bifurcação, as 10:40hrs: ao invés de seguir reto pela esquerda, subindo suavemente, invisto no ramo da direita, q desce e acompanha a encosta em direção a uma dobra serra. Motivo? Água cristalina e gelada, brotando do alto duma nascente e esparramando-se pela encosta sob a forma duma pequena quedinha, a menos de 5min da picada principal. Por estar com pouca agua e este trecho ser bem exposto ao sol, não pensei duas vezes em me regozijar com o precioso líquido, q verte duma “cachu” de pouco mais de metro e meio.
Retorno a vereda principal num piscar de olhos q toca inconfundivelmente pra oeste, subindo suavemente. Como já mencionado tds os caminhos levam ao cume, portanto não se preocupe com as bifurcações, q agora se sucedem continuamente. Eu me mantive praticamente sempre pela esquerda pois visivelmente seria uma rota mais direta pra placa, ao invés das demais, q quiçá me deixassem um pouco mais longe da placa, no extremo leste da crista principal. Só sei q a minha rota bordejou a encosta, desceu um pouco e finalmente embicou – e bem forte – pra cima num aclive quase de 45 graus, totalmente exposto ao sol! Não bastasse a piramba da reta final, a própria via se resumia a uma vala composta de terra e pedras soltas, onde havia de ter cautela onde pisar pra não escorregar ou levar capote. Desnecessário dizer q carro aqui sem chance, moto e uma magrela quicá subam, mas esta última carregada no ombro.
Uma vez no alto, suando em bicas e arfando feito condenado, atravessei um último e estreito trecho de bosque até enfim desembocar na crista principal. E tomando uma trilha de atalho contorno o cocuruto da placa pela esquerda até dar aos pés da dita cuja, a exatas 11:30hrs. Diferente da placa de retransmissão do Ciririca, esta daqui tem finalidade de servir de referência ao trafego aéreo. Com aproximadamente 25m de altura por 15m de largura, quadriculada em branco e laranja, a placa salta aos olhos dos pilotos da aeronaves, por mais míopes q sejam. Localizada num dos pontos mais altos da serra, a visão e o panorama que este pico proporciona são realmente fantásticos: ao sul temos td trajeto feito até ali, além de Cajamar, Jordanésia, Polvilho (outro distrito de Cajamar) e, beeem atrás, o Pico do Jaraguá; enqto a minhas costas no quadrante norte temos td parede esmeralda da Serra do Japi, Jundiaí, Franco da Rocha, Caieiras, Santana do Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus. Com algum esforço é possível ver o Morro Negro, na Serra do Voturuna, a oeste.
Após descansar por meia hora retomei o caminho da volta, mas não por questões de horário apertado e sim de sede. O sol estava bem forte e o calor estava de pelar, fazendo com q os modestos 500ml da minha garrafa fossem insuficientes pra este q vos escreve. Pois bem, pra voltar por um caminho diferente avaliei a panorama descortinado a minha frente e vi q era sim possível retornar pelo espigão paralelo aquele pelo qual viera. Pra isto bastou tocar pela trilha q corta o alto da crista principal no sentido leste-oeste, tocando nesta última direção, inconfundivelmente.
E assim percorri boa parte da crista sentido oeste com sol na cabeça ate q me deparei com uma bifurcação, onde abandonei a crista e tomei a via q descia pela esquerda, pois esta ia no sentido desejado. Além do mais, a vereda principal tendia pra noroeste, ou seja, sem chance. Pois bem, comecei a perder altitude rapidamente no q parecia ser um estradão tremendamente erodido e repleto de buracos, e ao fazer uma curva no sentido desejado, eis minha surpresa q bem no meio daquela encosta me deparo com um improvável, rustico e bem-vindo boteco!! Era o “Bar do Antonio”, onde não me fiz de rogado e encostei afim de me proteger daquele sol escaldante e mandar ver uma cerva gelada! Logo percebi q ali era pto carimbado de motoqueiros, pois não tardou a um quarteto encostar ali pra servir do almoço oferecido num simplório self-service.
Por mim teria ficado ali a tarde td, entornando cervejas, mas precisava terminar a pernada, de preferência sóbrio e inteiro. Do boteco a tendência é acompanhar a vereda principal q toca pro sul, mas por sugestão do próprio dono do estabelecimento pego uma picada menor e mais discreta q nasce do boteco, e desce a íngreme encosta sentido sudeste. E coloca íngreme nisso! Um descidão interminável de quase 100m, escorregadio de terra, exposto e vincado de erosões e buracos onde tive q acionar automaticamente o “freio de mão” em td momento. Mas qdo a piramba suavizou a vereda tomou rumo em meio a aprazível florestinha q rasgou um selado q interligava aquela crista ao espigão desejado. Surgirão bifurcações mas o sentido é obvio e bem intuitivo, navegação puramente visual uma vez q a bússola q sempre carrego sequer saiu da mochila. Vale mencionar q neste trecho ouvi a algazarra de macacos nalgum canto do fundo do vale.
Após uma subidinha suave onde uns cavalinhos pastam perto dum arvoredo queimado, alcanço enfim o topo da crista desejada e dali basta tomar a picada q acompanha a abaulada morraria sentido leste, ora pelo alto ora pela encosta. É possível apreciar td caminho efetuado pela crista oposta, horas atrás, em meio as constantes frestas da mata. E assim a pernada segue durante bom tempo ate q alcanço outra bifurcação, onde tomo por curiosidade o ramo da direita, q desce e mergulha na mata pro sul. Em meio a td isso, o sol castigando forte o corpo e brisa q é bom, nada.
Em questão de 10min desemboco na beirada exposta do chamado Morro da Pedreira, q na verdade é uma gigantesca jazida de pedra granítica preta, cavada na montanha por anos a fio. Sua altura realmente impressiona. Imagine somar a altura do morro q deve ter uns 100m a um buraco cavado q deve ter seus mais de 50m abaixo do nível do chão! No fundo da pedreira é possível ver um laguinho de águas verdes, algo tentador naquela altura daquela tarde quente. Mas a vertigem de apreciá-lo daquele íngreme barranco já era suficiente. E seguro, claro. É bom avisar q se for descer até o lago é preciso ter cuidado pois do jeito q aquela terra está tão mexida por maquinas de terraplenagem o chão nem sempre é compacto e firme e sim solto e fofo, podendo ceder a qq momento.
Retornando a picada principal me mantenho sempre por ela, rumo leste, até q passo por baixo dumas linhas de torres de alta tensão. Aqui podem surgir bifurcações, mas da mesma forma q na ida tds os caminhos aqui levam a Cajamar. Eu me mantive por um q terminou me deixando atrás duma torre de telefonia, na qual bastou dar a volta no morro pra finalmente cair na primeira rua do vilarejo de Cajama, por volta das 14:30hrs.
Num piscar de olhos me vi na simpática pracinha principal onde encostei num boteco pela segunda vez, desta vez pra bebemorar esta simplória empreitada e aguardar condução. Foi ali q tomei conhecimento q havia busuca direto pra Cajamar, o “055 – Cajamar (Centro)/São Paulo(Lapa)”, não havendo necessidade de ter de ir a Jordanésia pra chegar ate ali. Pois bem, foi então nesse mesmo buso q tomei de volta pra paulicéia, ali mesmo na pracinha, por volta das 15:30hrs, dando adeus aquele pacato município da microregião de Osasco.
É possível refazer o trajeto aqui descrito de bike, mas tendo em mente q em mtos trechos a magrela será carregada no ombro por conta da alta declividade do terreno. Outra sugestão é emendar este rolezinho até mais longe, indo pra Jundiaí ou Japiapé, uma vez q a crista principal oferece visivelmente esta alternativa pro norte. Pro sul outra opção é esticar pros “Fornos de Ponunduva”, atrativos centenários situados a margem da estrada q corta o vale do rio homônimo, sentido Pirapora do Bom Jesus. Resumindo, a “Placa de Cajamar” não é apenas a principal atração da região. É tb pto de partida pra inúmeras outras opções aventureiras bem próximas da urbe de Sampa.