Uma iniciativa reuniu voluntários de Curitiba (PR) e Joinville (SC) para proporcionar a dois cadeirantes uma experiência única na montanha. O grupo Inclusão e Aventura, de Curitiba, e os Voluntários da Montanha, de Joinville, se uniram para levar Luan Henrique, de 11 anos, e Caroline Becker, de 35 anos, ao cume do Morro do Araçatuba, na região metropolitana de Curitiba.
Luan tem paralisia cerebral, que limita os movimentos do lado esquerdo do corpo, e Caroline nasceu com uma malformação congênita que a impediu de andar. Para ambos, a ascensão representou um sonho realizado.
“Nunca tivemos a oportunidade de levá-lo subir alguma montanha, pela suas dificuldades motoras seria muito mais difícil pra nós família conseguir realizar esse sonho”, contou Thalia, mãe de Luan. Mas a ideia de levar Luan para uma aventura surgiu a partir de uma funcionária da escola onde o garoto estuda. “Luan ficou extremamente feliz em saber que subiria uma montanha contando pra todos a todo momento com grande sorriso no rosto e alegria”, acrescentou.
No caso de Caroline, a participação veio por indicação de uma amiga. Inicialmente, ela hesitou. “De início fiquei receosa pensando em como seria porque não queria dar trabalho pra ninguém, mas hoje penso que a melhor escolha foi ter aceitado, pois a cada expedição é uma superação diferente que me deparo, e com a certeza de que tudo é possível quando se tem cooperação”, disse.
Com o auxílio de cadeiras Juliette (modelos adaptados para terrenos íngremes), cordas e cerca de 30 voluntários, os dois desafiaram as trilhas até o cume do Araçatuba. O percurso exigiu esforço físico intenso. “A parte mais difícil foi a última subida que é muito íngreme. Andávamos 10m e parávamos, o que necessitou de muita força física e cuidado, pois uma queda ali poderia ser bem complicada”, relatou Robson Lopes, um dos organizadores da ação.
A experiência marcou tanto os cadeirantes quanto suas famílias. “Durante o percurso na montanha o pessoal do Inclusão e Aventura foi muito atenciosos com nós. Encontramos as dificuldade já esperadas para uma trilha de quase 4 horas de subida, mas com pessoas tão generosas foi espetacular. Fazer amizades, realizar o sonho do Luan e também uma superação muito grande pra mim que tenho crise asmática e também fibromialgia. Um momento de muita felicidade e gratidão”, afirmou Thalia.
Caroline também ressaltou o impacto da experiência. “Conhecer o Voluntários da Montanha foi um presente que me tornou uma pessoa mais confiante e me ajudou a aceitar minha condição com mais afeto e amor, não só para mim mesma mas também a enxergar dessa mesma forma outras pessoas com condições iguais a minha”, revelou.
Uma nova experiência
Luan, apesar das limitações, é uma criança bastante ativa: participa de terapias, joga futsal com os colegas e, na montanha, conversou animadamente durante boa parte do tempo. Caroline também tem histórico de superações: já participou de acampamentos, fez trilhas em praias e busca atividades que reforcem sua autoestima. Ambos aproveitaram a conquista contemplando a paisagem. “A chegada ao cume foi bem emocionante! Ver a alegria no rosto deles em olhar todo aquele visual fantástico do cume do Araçatuba foi incrível. A montanha é para todos e poder participar do sonho deles é algo impagável financeiramente”, destacou Lopes.
A emoção do momento foi compartilhada por todos. “O momento que mais me marcou com certeza foi ter chegado ao lugar para onde esperávamos chegar: o cume. Uma paisagem encantadora, e uma sensação de liberdade indescritível. Como estava num dia de sol, deu pra ver de longe um pedaço da praia de Guaratuba, o morro do Quiriri, do qual fica abaixo do local de onde estávamos”, ressaltou Carol.
Lopes também fez questão de agradecer aos voluntários: “não existe nada que eu fale aqui que possa transmitir o que eu sinto”. Caroline também expressou sua gratidão. “Eu também achava que seria impossível mesmo recebendo o convite, na primeira vez! Mas me permitindo viver intensamente mesmo na dificuldade, reconheço que tudo é possível quando existe união, força de vontade, empatia e apoio em servir as pessoas com amor e carinho”, finalizou.
“Como muitos pais de PCD’s eu também não sabia que existia algum projeto assim e é extremamente realizador esse projeto lindo que vocês fazem. Muita, muita, muita gratidão”, disse Thalia.





















