Aclimatação – Primeira incursão ao campo 1

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3 da madrugada. Um frio moderado acompanha a nossa saída do campo base em direcção ao campo 1, ou base avançado.


Atravessamos o enorme glaciar que vence quase mil metros de desnivel. Formamos uma cordada de três. Acompanha-nos Dirk, um simpático alemão que se juntou a nós para cruzar o glaciar em segurança.

Dias antes, uma equipa internacional, com o objectivo de abrir uma nova via no Gasherbrum III, tinha já marcado todo o trilho. Foi um trabalho que lhes ocupou vários dias, devido a desfavoráveis condições de neve e às labirinticas caracteristicas do glaciar.

Aqui fica o nosso agradecimento a esta equipa, que facilitou imenso o acesso, a todos os que pretendem escalar os Gasherbrums.

Relativamente ao ano passado, o glaciar encontra-se (por enquanto) em optimas condições. Não sentimos saudades nenhumas dos ameaçadores blocos de gelo que outrora pendiam sobre as nossas cabeças, nem das grandes crevasses, que punham à prova as nossas capacidades atléticas (e mentais!).

Nesta primeira incursão, demoramos sete horas para alcançar o campo 1.

Para curar a caminhada e relembrar a nossa tão rica gastronomia, juntamos ao corriqueiro chá, um belo naco de salpicão. Como se tal não fosse absolutamente compensador, um salmão em molho de tomate e basílio acalmou as nossas mentes (e estômagos) famintos.

A noite não tardou em chegar e decorreu com normalidade, entenda-se normalidade como: a Daniela em (quase) perfeitas condições (não se livrou de uns ataques de tosse, residuos da crise de sinusite) e o Paulo com uma clássica dor de cabeça!

Por volta das cinco da manhã, com o frio a morder-nos os ossos, retornámos ao campo base, onde chegamos muito a tempo de tomar o pequeno-almoço. É incrivel, como as longas sete horas para subir, se transformaram em escassas duas e meia para regressar!

Cá por baixo, voltamos a dedicar-nos à vidinha fácil de campo base, preparando desta forma a próxima etapa da aclimatação, antes de tentar escalar… qualquer coisa!

Paulo Roxo e Daniela Teixeira, direto do campo base do Gasherbrum II

Daniela Teixeira, colunista do Altamontanha é escaladora e montanhista de Portugal. Conta com o apoio de Rab, Pod sacs, Faders, Edelweiss, Princeton Tec e Espaços Naturais.

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Sobre o autor

Daniela Teixeira e Paulo Roxo é uma dupla portuguesa que pratica escalada (rocha, gelo e mista) e alpinismo. O que mais gostam? Explorar, abrir vias! A Daniela tem cerca de 10 anos de experiência nestas andanças e o Paulo cerca de 25. A sua melhor aventura juntos foi em 2010, onde na cordilheira de Garhwal (India - Himalaias), abriram uma via nova em estilo alpino puro na face norte da montanha Ekdante (6100m) e escalaram uma montanha virgem que nomearam de Kartik (5115m), também em estilo alpino puro. Daniela foi a primeira e única portuguesa a escalar um 8000 (Cho Oyu). O Paulo é o português com mais vias abertas (mais de 600 vias abertas, entre rocha, gelo e mistas). Daniela é geóloga e Paulo faz trabalhos verticais. Eles compartilham suas experiências do velho mundo e dos Himalaias no AltaMontanha.com desde 2008. Ambos também editam o blog Rocha Podre, Pedra Dura (rppd.blogspot.com.br)

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