Não botando muita fé, lá foi Renato Affonso até o bairro rural do Pântano ver do que se tratava…
Já da estrada, um elefante gigante destacava-se em formato de pedra…
Pouco depois, descobriu-se que a escalada já era praticada na tromba do ´elefante´ pelo escalador Pedro Zeneti (Jacaré) e sua turma desde 1994.
Um pouco mais à frente, as Pedras do Boi e a do Pântano fazem cair o queixo e suar as mãos…
A região de Andradas é mais uma das regiões de escalada desse Brasil que eu ainda não conhecia, localizada no sul de Minas, a mais ou menos 230 km de São Paulo.
Partindo de São Paulo, pegamos a Rodovia dos Bandeirantes até a saída para a Anhanguera na altura de Jundiaí, seguindo pela mesma até o km 83, onde pegamos a saída para a Rodovia D. Pedro, já na altura de Campinas. De lá, pegamos a saída para a Rodovia Ademar de Barros, passando por Mogi Mirim e Mogi Guaçu, acessando logo depois a saída para Andradas.
As pedras e o abrigo estão localizadas no bairro rural do Pântano, a aproximadamente 25 km da cidade.
Antes de chegar ao ´cenário natural de pedra´, demos uma paradinha básica na Vinícola Casa Geraldo, localizada logo no início da estrada que liga Andradas a Ibitiura de Minas.
Minha expectativa não era muito grande, apesar de ter a certeza que memso assim eu provaria alguns tintos…
Eis a nossa enorme surpresa ao degustar alguns e apreciar muito um cabernet sauvignon 2008 bem honesto!
Após uma explicação super atenciosa e acolhedora de um dos enólogos, levamos 3 garrafas, impressionados não só com a qualidade, como com o preço.
Perguntei ao especialista porque eles não vendiam os produtos em supermercados em São Paulo e ele explicou que não davam conta de manter a qualidade e produzir a quantidade suficiente requerida para estar neste mercado…
Sorte de quem passa por lá e pode conhecer esse trabalho e essa delícia preparada com tanto cuidado… Confira o site do restaurante e vinícola: http://www.casageraldo.com.br/
Devidamente alimentada e relaxada, seguimos para o abrigo, na expectativa das escaladas no dia seguinte.
Exatamente como eu havia lido em alguns artigos, a região é lindíssima e oferece um número enorme de vias para todos os gostos, com vias tradicionais não muito longas (maioria variando de 3 a 5 cordadas – de 150 a 200 metros), mas vias exigentes.
Minha introdução em Andradas começou na Pedra do Pântano, mais especificamente na via “Monstro do Pântano” – VI tranquilo e uma boa opção para aquecer e aclimatar para a via de mais comprometimento que nos aguardava…
… ANDRAgônia é uma via de 7º grau, com alguns crux de 7b beeeem exigentes, distribuídos por 180 metros e 5 cordadas, aberta pelos escaladores Filippo Croso, Rodrigo Zuccon e Marco Nalon em 2007.
Como a via foi conquistada em meados de janeiro, com ventos e chuvas ´Patagônicas´ nos finais das tardes de verão, eis que surgiu o nome que mescla ANDRAdas com PataGÔNIA…
Eu diria que o nome imponente da via combina exatamente com o comprometimento que ela exige mesmo em um dia ensolarado como o que nos contemplou nesse domingo… Concentração indispensável principalmente para mim, escaladora mais acostumada a negativos, agarras maiores, com uma utilização de pés diferente…
Esse estilo de escalada me desafia muito, pois o sofrimento físico é bem diferente do que sinto na escalada esportiva…
Porém, da mesma forma, existe a superação após um caminho árduo… sensação que sempre me completa!
Na Andragônia, o estilo vertical e muitas vezes positivo requeriu (mais uma vez) um trabalho técnico e delicado de toda minha estrutura… E me fez admirar ainda mais escaladores (como meu parceiro Filippo Croso) que guiam com foco e aparente naturalidade esse tipo de desafio.
Nada como estar aclimatado durante anos com uma realidade!!!!
Legal lembrar que para descer da via, o ideal são duas cordas de 60 metros ´emendadas´, pois as cordadas são de mais ou menos 40 metros cada uma e uma das paradas é em móvel (sem parada fixa para rapel).
Outra opção de rapel é chegar ao topo da via, e descer pela parada final da via “Pão Francês” (à esquerda da Andragônia), com paradas que possibilitam a utilização de apenas uma corda.
Confiram mais um relato sobre essa via no blog do amigo Pedro Hauck – (ALTA MONTANHA), escalador que tivemos o prazer de encontrar nesta trip em Andradas, ao lado de Hilton Benke, Samanta Shu, Otávio e Camilo Rebouças, entre outros, com óootimas prosas durante as comilanças no abrigo!! (http://www.abrigopantano.com)
Mais um parceiro de conversê (sobre escalada e vinho) em Andradas foi o escalador Davi Marski, que essa semana traz em seu blog não só a visita à região, como o encontro com uma cascavel (sem picada, por sorte), e o link para um texto bacana que fala sobre o que fazer (e o que não fazer) caso ocorra uma picada.
No dia seguinte, foi minha vez de guiar uma das poucas esportivas do Pântano – “Universo Paralelo” – 7a super técnico, vertical, com 14 costuras, tijolante quando não se acha as pequenas agarras rapidamente!!
Amei!!!!
Para não tirar o gostinho de Andradas, vale lembrar que o início desta via utiliza proteções móveis (camalot 0.4 e 2) em um trecho delicado antes da primeira chapeleta(Não é legal cair aí…. rsrs), a partir de onde inicia-se o estilo esportivo bem protegido.
Na sequência, fechamos o dia antes da chuva ´andragônica´ chegar, escalando a MARAVILHOSA “Tendências Sociofóbicas” – uma via que entra em um diedro perfeito, requerindo alguns espacates insanos, força, concentração e conhecimento na colocação de móveis na fenda do diedro (camalots do n. 0.3 ao 1, e algumas nuts pequenas/médias).
Desacostumada com essa movimentação de diedro, confesso que tijolei os glúteos… kkkkk..
Umas das vias mais incríveis e visuais do Pântano!!!
Obrigada Filippo pela parceria e guiada em mais esse caminho pela vertical!!!
Em breve poderemos adquirir um guia de Andradas, sendo finalizado pelo Pedro Zeneti (Jacaré), Daniela Lopes e Filippo Croso, com todas as dicas e croquis para escalar na região.
Valeu a todos pela ótima vibe deste feriado…Ainda este ano espero poder voltar à Andradas para escalar no Elefante, no Boi, no Pântano e rever os amigos da floresta!!! hehehe
Beijos e muita luz,
Janine