Andrzej Bargiel faz história ao descer o Everest esquiando sem oxigênio suplementar

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As escaladas de outono no Everest já são raras. Mais incomum ainda é que sejam realizadas sem oxigênio suplementar. Mas o alpinista polonês Andrzej Bargiel conseguiu unir as duas façanhas e ainda acrescentar um feito inédito: pela primeira vez, um montanhista desceu o Everest inteiro esquiando do cume até o Acampamento Base, sem o auxílio de oxigênio.

Patrocinado pela Red Bull, Bargiel alcançou os 8.849 metros de altitude no dia 22/09, após quase 16 horas de escalada ao lado do Sherpa Speed Dawa. Do cume, iniciou imediatamente a descida esquiando pelo Colo Sul, chegando ao Campo II ao anoitecer, cerca de cinco horas depois. Por segurança, interrompeu a descida durante a noite e, no dia seguinte, enfrentou a temida Cascata de Gelo do Khumbu. Em 23 de setembro, após pouco mais de 1h45 de descida, chegou ao Acampamento Base, completando a expedição em quatro dias, quatro horas e 15 minutos.

Bargiel escalando o Everest. Foto: Bartek Bargiel

“É um dos marcos mais importantes da minha carreira esportiva. Esquiar no Everest sem oxigênio era um sonho que eu vinha acalentando há anos. Eu sabia que as difíceis condições do outono e traçar a linha de descida pela Geleira Khumbu seriam o maior desafio que eu já enfrentaria”, declarou Bargiel.

Andrzej Bargiel e Speed Dawa. Foto: Andrzej Bargiel @andrzejbargiel

O montanhista fez um processo de aclimatação tradicional, alternando subidas a pontos mais altos com períodos de recuperação no Campo Base. Durante esse período, aproveitou também para estudar e traçar as rotas mais seguras para a descida de esqui. Um fator importante nesse processo foi o apoio de seu irmão, Bartek Bargiel, piloto de drone, que além de registrar imagens aéreas auxiliou Andrzej em trechos mais perigosos.

Descida no colo sul. Foto: Bartek Bargiel

Bargiel já era conhecido por vencer grandes desafios. Em 2018, ele se tornou o primeiro a realizar a descida integral do K2, a segunda montanha mais alta do mundo e famosa por sua dificuldade técnica.O polonês também acumula experiência em outras montanhas de oito mil metros: desceu de esqui o Shisha Pangma Central (2013), o Manaslu (2014), o Broad Peak (2015), além dos Gasherbrum I e II em 2023. Antes desse feito no Everest, Bargiel já havia tentado a descida duas vezes sem êxito, em 2019 e 2022. 

No Everest, Hans Kammerlander e Stefan Gatt tentaram realizar a descida de esqui desde o cume em 1996 e 2001 respectivamente, mas não a conseguiram fazer continuamente. Já o esloveno Davo Karničar completou a descida contínua, porém utilizando oxigênio suplementar na escalada.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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