Há muito tempo moro fora do Brasil, ou melhor, não moro, já que desde 1989 quando decidi deixar minha antiga profissão de médico pediatra e seguir pelos caminhos do mundo, nunca mais tive moradia fixa. Apesar de passar muitos meses por ano viajando e guiando na Ásia, hoje em dia percorro boa parte do mundo fazendo trekkings, escalando e guiando viagens de aventura.
Há um pouco mais de um ano eu e a Andrea, minha esposa, decidimos colocar uma data para um sonho antigo, escalar o Everest em abril de 2010. Para isso fizemos um calendário de treinamento e preparo bastante ambicioso: Em 2008 escalamos o Aconcagua em fevereiro, passamos três meses fazendo trekkings e escaladas na América do Sul de junho a agosto e outros dois meses em trekkings no Nepal em outubro e novembro. Em 2009 fizemos três longos trekkings no Nepal de março a abril de 2009, escalamos o McKinley em junho de 2009, e escalaremos o Elbrus e Kilimanjaro em julho, o Cho Oyu, (Tibete) a sexta mais alta montanha da Terra em setembro e outubro e o finalmente o Everest em abril do próximo ano.
Escrevo agora da Guatemala, terra da Andrea, aonde viemos a pedido da maior rede de televisão do país para conceder entrevistas já que a Andrea acaba de ser a primeira mulher a escalar o ponto mais alto da América do Norte, o McKinley.
Sou apaixonado por esportes de aventura e embora não seja um expert em nenhum, já fiz inúmeros, desde pára-quedismo, mountain bike, white water kayak, sea kayak, e muitos outros. Mas, é nas montanhas, principalmente nas montanhas nevadas onde estou no meu elemento e onde me sinto mais completo e feliz.
Não poderia ter passado tantos anos na Ásia sem fosse tocado pela espiritualidade que permeia a vida de todos seus habitantes. Primeiro foram os sorrisos calorosos e sinceros, cheios de felicidade, dos monges tibetanos que encontrei por minhas andanças. Fui à busca da razão desses sorrisos e fiz dois cursos residenciais de filosofia budista em monastérios da Índia e Nepal. Aos poucos comecei a me sentir confortável em pensar em mim mesmo como budista e hoje essa maravilhosa filosofia guia meus caminhos, embora não seja freqüentador de nenhum centro e não siga uma escola de budismo em particular.
Agradeço a equipe pelo convite de me tornar um de seus colunistas e espero que possa contribuir com matérias de interesse aos seus leitores. Antecipadamente me desculpo pela falta de constância dos meus artigos devido ao cronograma intenso de montanha desses próximos 12 meses.
Quem quiser acompanhar minhas andanças ou saber das viagens que organizo, os convido a acessar meu site: www.manoelmorgado.com.br ou da Andrea (em espanhol) www.rumboaleverest.com