Na última semana a revista Desnível publicou uma lista de arrepiar qualquer escalador de rocha. Nela estão as 24 vias de escalada mais difíceis do mundo, todas possuem mais de 100 metros e foram selecionadas de acordo com o grau máximo proposto por aqueles que a escalaram.
Nelas estão vias de diferentes estilos, como Big Walls, multipitch, escalada clássica e escalada alpina.
Confira a lista:
1- Valhalla (380 m, 9a+), Getu (China)
Edu Marín conseguiu completar seu projeto chinês no último mês de março, foram 9 horas de esforço ininterrupto depois de passar seis meses trabalhando na via com seu pai “Rookie”. Valhalla é uma linha futurista, equipada pelo próprio Edu Marín e seu irmão com 14 cordadas, sendo 120 metros verticais e outros 260 metros horizontais pelo impressionante teto em forma de arco de Getu. O escalador de Barcelona propôs a graduação de 9a + para o seu crux mais duro (a fenda de Odin na 5ª cordada ) e dois 8c + para duas outras cordadas, considerada por ele de dificuldade extrema (8ª cordada que ele chamou de Thor e a 12ª chamada Valkyries).
2- Dawn Wall (900 m, 9a), El Capitan (Yosemite, EUA)
Falar de uma via longa e de extrema dificuldade é falar da Dawn Wall no El Capitan (Yosemite), escalada por Tommy Caldwell e Kevin Jorgeson em janeiro de 2015, após anos de trabalho constante e contínuas frustrações. A via foi repetida por Adam Ondra em pouco mais de uma semana em novembro de 2016. E assim tivemos a confirmação de sua graduação máxima, 9a. Para muitos, a Dawn Wall continuará a ser a via de escalada mais difícil do mundo, apesar de seu grau máximo não atingir o mesmo nível exigido na via Valhalla. E como o próprio Edu Marín reconheceu, são duas formas de estilos completamente diferentes: enquanto Valhalla é o expoente máximo do multipitch, Dawn Wall é a quintessência dos Big Walls.
3- Nirwana (200 m, 8c+?), Loferer Alm (Áustria)
Talvez o projeto mais exigente da longa carreira de Alex Huber – e um dos mais desconhecidos – seja esta via de Loferer Alm de 2012. O alemão, Fabian Buhl fez a primeira repetição em 2014 e a descreveu como “um dos maiores desafios do mundo em via”. O seu compatriota Roland Hemetzberger conseguiu a segunda repetição em 2016, chamando-a de “uma referência e uma das melhores rotas dos Alpes”, embora tenha sugerido uma correção de sua graduação máxima para “8b + hard“. Daí a questão em seu grau, que aguarda novas repetições para ser confirmado.
4- Zembrocal (140 m, 8c+), Ilha da Reunião (França)
Yuji Hirayama, Caroline Ciavaldini, James Pearson, Jacopo Larcher e Sam Elias contribuíram para a abertura das sete cordadas da Zembrocal, na ilha da Reunião em junho de 2013. Sendo quatro dessas cordas de oitavo grau, eles esperaram até o último pegue do último dia para que Yuji Hirayama conseguisse livrar a quinta cordada de 8c+. A linha ainda aguarda o encadenamento.
5- Lurgorri (250 m, 8c/+?), Picu Urriellu (Picos de Europa, Espanha)
Os irmãos Pou abriram uma linha impressionante em julho de 2006 no lado oeste de Naranjo de Bulnes, começando em uma caverna e terminando em Los Tiros de la Torca. Seus 250 metros incluíam 6 cordadas e a primeira é de longe a mais difícil. Em 13 de agosto do mesmo ano, eles conseguiram passar em livre e Lurgorri e Iker Pou sugeriram a graduação de 8c + para aquela exigente primeira cordada. A cordada em questão é de cerca de 25 metros e imediatamente cativou outros escaladores, como Dani Andrada, que foi o primeiro a repeti-la em agosto de 2008, propondo uma redução na graduação para 8c.
6- Pan aroma (500 m, 8c/+?), Cima Ovest de Lavaredo (Dolomitas, Itália)
Alex Huber teve a ideia de abrir esta via impressionante no Cima Ovest de Lavaredo (Dolomitas) e fez a primeira cadena em 2007, graduando-a como 8c. Sua linha atraiu fortes escaladores, ansiosos para repeti-lá. Entre eles Hansjörg Auer, Iker Pou e David Lama. Edu Marín também realizou a sua repetição no verão de 2014. Na verdade, esta é a última repetição conhecida e durante a sua escalada, ele quebrou uma agarra o que tornou a via mais difícil. Ele sugeriu alterar o grau para 8c +.
7.- Solo per vecchi guerrieri (150 m, 8c), Vette Feltrine (Dolomitas, Itália)
Maurizio ‘Manolo’ Zanolla abriu esta via de baixo para cima com Federico Gorda em junho de 2006 e ele próprio empreendeu a primeira subida livre em agosto. O alpinista italiano não foi claro sobre o grau exato da sua criação e resolveu a questão dizendo que seria algo localizado em algum lugar entre 8c e 9a. A parte mais difícil de Solo per vecchi guerrieri está no último das suas quatro cordadas. As repetições não demoraram, feita por Mario Prinoth naquele mesmo outubro de 2006 e Riccardo Scarian no verão seguinte. Jenny Lavarda foi a primeira mulher a escalar essa via em 2009, enquanto os irmãos Pou também fizeram sua marca em 2010. A última repetição data de 2016, feita por Alessandro Zeni.
8- WoGü (250 m, 8c), Rätikon (Áustria)
Beat Kammerlander junto com vários colegas foram os responsáveis pela abertura da via WoGü no Rätikon em 1997, em memória do malfadado Wolfgang Güllich. Ninguém conseguiu livrar a via naquela época, e tivemos que esperar mais de uma década até a chegada de um jovem chamado Adam Ondra que, aos 15 anos de idade, mostrou que a longa via não o intimidava. O grau proposto é de 8c não mudou nas duas repetições que ocorreram desde então: a de Edu Marín no verão de 2016 e a de Roland Hemetzberger em setembro de 2017.
9- Orbayu (500 m, 8c), Picu Urriellu (Picos de Europa, Espanha)
A via Orbayu aberta por Iker Pou e Eneko Pou no Picu Urriellu (2009), graduada 8c + / 9a, ficou famosa como a linha mais difícil do mundo naquela época. As repetições levaram alguns anos para chegar e, com elas, vieram os descontos do grau, que acabaram se acomodando no 8c. Nico Favresse, Adam Pustelnik, Cédric Lachat, Edu Marín e Gorka Karapeto são seus repetidores.
10- Zahir+ (300 m, 8c), Wendenstock (Suíça)
Zahir foi aberta pelo suíço Iwan Wolf e Gunter Habersatter em 2004, quando eles cotaram a via de oito cordadas com a graduação máxima de 8b + (6c, 8ª +, 8b +, 7c, 7a +, 7b, 7b +, 6c). A graduação a colocou como uma das mais difíceis no cenário internacional. Durante a primeira repetição da via, em 2009, os alemães Jörg Andreas e Felix Neumärker acharam mais lógico pular a umas das paradas. Eles nomearam essa variante de Zahir + e registra uma proposta de 8c. Ela nunca foi repetida.
11- Tough enough (380 m, 8c), Tsaranoro (Madagascar)
A linha Tough enough foi aberta em 2005 por Daniel Gebel e Ari Steinel e parcialmente re-equipada em 2007 por François Legrand e Evrard Wndenbaum para permitir a sua escalada em livre. No entanto, a oitava cordada que era muito difícil motivou Laurent Triay a procurar uma variante (8b +) em 2008. Isso ajudou os seus amigos, Arnaud Petit e Sylvain Millet a conseguirem a repetição em livre da via. Adam Ondra viajou em outubro de 2010 para experimentar a linha, e assegurado por Pietro dal Prà, conseguiu a cadena rapidamente. Em seguida, o tcheco quis experimentar a linha original e conseguiu a primeira repetição da via na sua versão original três dias depois.
12- Mora mora (700 m, 8c), Tsaranoro (Madagascar)
Os espanhóis Francisco Blanco e Toti Valés abriram esta via em 1999 e livraram dez das doze cordadas em seus longos 700 metros. Eles estimaram que a dificuldade das cordadas remanescentes fossem em torno do 8ª grau. Demorou mais de uma década para que Adam Ondra trabalhasse com ela em outubro de 2010, aproveitando o tempo que havia deixado depois de despachar rapidamente sua vizinha, Tough Enough. O tcheco voltou a usar seu estilo rápido e preciso para livrar e corrigir os graus: não era 8a que restava para ser livrada, mas 8c + / c. Edu Marín e Sasha DiGiulian passaram as suas férias em 2017 nesta parede e obtiveram a primeira repetição (e a única até à data), dizendo que a cordada mais dura seria 8c.
13- Corazón de ensueño (210 m, 8c), Getu (China).
Via aberta e escalada em livre por Dani Andrada em outubro de 2010. Mais tarde, em abril de 2016, foi repetida por Felipe Camargo e Alex Honnold.
14- Fly (600 m, 8c), Staldeflue (Suíça)
Esta longa linha é fruto dos esforços de Alex Megos, Roger Schaeli e David Hefti, que alcançaram a sua cadena em junho de 2014.
15- Wetterbock (10 cordadas, 8c), Göll (Áustria)
Outra das criações de Alex Huber, que a livrou em setembro de 2014. Fabian Buhl já a fez em solo.
16- Project fear (550 m, 8c), Cima Ovest de Lavaredo (Dolomitas, Itália)
Dave MacLeod usou a criatividade para criar essa variante do aroma Pan, com uma graduação bastante semelhante a original. Foi lançado em outubro de 2014. Subsequentemente, foi repetida por Robbie Phillips em julho de 2015 e por Poles Lukasz Dudek e Janusz Matuszek em agosto de 2017.
17- The gift (350 m, 8c), Rätikon (Áustria)
Alex Luger confirmou ser um excelente aluno de Beat Kammerlander com a cadena desta linha, uma das principais criações de seu mentor. Foi em 2015 e não há repetições.
18.- Delirium (13 largos, 8c), Wilder Kaiser (Austria)
Roland Hemetzberger assinou sua primeira ascensão mais ambiciosa em julho de 2015, com essa rota do Wilder Kaiser. Não há repetições.
19.- Corona (3 largos, 8c), Jastrabia Veza (Montes Tatras, Eslovaquia)
Jozef Kristoffy colocou os Tatras no mapa também como um cenário de linhas belíssimas de rocha com esta via em setembro de 2016, a qual ainda não há repetições.
20.- Hosanna (160 m, 8c), Verdon (França)
Cédric Lachat, que atualmente está no meio do projeto Swissway to heaven, foi responsável por livrar esta via em outubro de 2016.
21- Tarragó Plus (240 m, 8c), Montserrat (Espanha)
Edu Marin, que encadenou longas vias em todos os maciços importantes da Europa e até mesmo além das fronteiras do continente, repetiu em novembro de 2016 a via Tarragó (240 m, 8b +) que havia sido conquistada pelos irmãos Pou no Paret de Diables de Montserrat em 2013. Ela foi re-equipada após a sua controversa desequipação anônima. Então o alpinista de Barcelona ligou a cordada mais difícil com a anterior, sugerindo um aumento no grau para 8c e a mudança de nome para sua versão, Tarragó Plus.
22- Ganesha (200 m, 8c), Sonnenwand (Áustria)
Fabian Bühl, seguindo os passos de seu professor Alex Huber, escalou essa via em solitário em março de 2017.
23 – Kampfzone (5 largos, 8c), Rätikon (Áustria)
Beat Kammerlander completou sua última grande obra-prima em forma de via em Rätikon em setembro de 2017, com a cadena de Kampfzone aos 58 anos de idade. Ele trabalhou na via desde 2013 e no momento, não há repetições.
24.- Tortour (280 m, 8c), Schartenspitze (Áustria)
Mich Kemeter escalou em livre a Tortour pela primeira vez, em setembro de 2017. Sua via de Schartenspitze recebeu recentemente sua primeira repetição, em junho de 2019, feita por Lukasz Dudek, que a escalou sozinho com auto-seguro.