Bom seria se fôssemos como as tartarugas, que vivem nesse planeta há mais de 300 milhões de anos sem causar dano a nenhuma outra espécie. Além de viverem por muitos anos, comem pouco, gastam pouca energia e sobrevivem em sintonia com o ambiente. Talvez seus maiores agressores sejamos nós e nosso desejo incontrolável de destruir aquilo que não conhecemos.
Caminhar por entre a formação rochosa que leva esse nome pode ser uma descoberta de nossas próprias ideias e pensamentos que temos a respeito de nossas vidas.
A Pedra da Tartaruga, imponente, está ali ao alcance de todos os tipos de pessoas, pois o acesso é fácil e exige pouco esforço. Assim como o animal que é capaz de desovar mais de 100 ovos por vez, a pedra é capaz de encantar muitas pessoas com suas curvas e renascer o nosso olhar para a vida que se encontra além de um horizonte tão próximo.
Estar lá em cima e observar o mundo tão pequeno, silencioso e populoso é uma restauração da alma e renovação de nossos conceitos. O pôr do sol revelando as curvas das montanhas mais distantes deixa para trás a escuridão da noite que logo é preenchida com as luzes da cidade e a magnitude das estrelas que unidas revelam imagens projetadas por cada pessoa ali presente.
Em breve a lua surge e uma chuva de estrelas cadentes é vista rasgando o céu como se estivessem em busca da terra repleta de pessoas andando na escuridão.
As barracas já estão montadas, as conversas se intensificando e a magia da noite em seu silêncio profundo nos permite ouvir um cão latindo ao longe, uma criança chorando, um grilo cantando.
Os olhos mal se abrem e já é possível sentir os primeiros raios do dia entrarem pelas fendas das barracas. Aos poucos os rostos sonolentos começam a aparecer e estender em direção aos Três Picos: é de lá que vêem os primeiros raios solares anunciando um novo dia.
A tartaruga que nunca adormece e acompanha o ir e vir de tantas formações rochosas está com suas estruturas prontas para receber as cordas e ter em sua carapaça mortais que desejam voar, mas que precisam estar presos para não se perderem nas curvas na tartaruga.
O rapel encanta e celebra a vida daqueles ousados que escorregam pelas cordas como formigas andando nas paredes. A adrenalina de ver o mundo de outro ângulo impulsiona o aventureiro a novas e novas descidas, sempre com o coração na mão e a certeza que a liberdade não tem preço.
Nesse momento sentimos como se fossemos uma tartaruga que pode ser lenta ao andar pela terra, mas quando encontra as águas, alcança outras velocidades. Andamos a passos lentos por esse mundo, mas quando alcançamos nossa liberdade, ganhamos mais movimento e somos capazes de ir muito além do que nossa mente imagina.