O Andinista, que faz parte da equipe do site AltaMontanha.com, saiu de Curitiba no último dia 26 de dezembro, de carro, e em 4 dias já localizava-se à base da montanha, iniciando sua escalada em solitário.
No primeiro dia, chegou ao acampamento Confluência, e logo após armar sua barraca, fez um rápido ataque até o Acampamento Plaza Francia, base da parede sul. No segundo dia esticou até Pedra Ibanez, só não indo adiante devido a um alerta de tempestade, a qual não aconteceu.
Já no terceiro dia, chegou a Plaza de Mulas, onde armou acampamento e em seguida fez uma ataque rápido ao acampamento Canadá, voltando pra dormir em Plaza de Mulas. Nessa noite aconteceu a virada do ano de 2007 pra 2008. No quarto seguiu até Nido de condores, onde pernoitou.
Berlin, último acampamento previsto, foi alcançado no quinto dia. Às 5 horas da madrugada do sexto dia na montanha, Elcio partiu para o ataque ao cume, que com foi alcançado com êxito as 14 horas, retornando à Berlin onde passou mais uma noite.
No sétimo dia na montanha, fez a descida de Berlin à Confluência, sendo que só não concluiu todo o trajeto até Horcones porque os médicos e guarda parques não permitiram.
Elcio ainda relata que ocorreram muitos fatos engraçados em sua jornada solitária ao cume da maior montanha das Américas, entre elas o episódio de alguns austríacos que não conseguiam acreditar que o brasileiro estava ascendendo à montanha com botas de trekking e camiseta!
Para piorar ainda mais a situação dos “outros” montanhistas mortais, Elcio ainda “profanou” a montanha, ao permanecer em seu cume apenas de camiseta, sem agasalhos adicionais! (Naquele momento estava -30ºC…)
“Era muito engraçado. Todos me conheciam como o maluco que estava subindo o Aconcágua de bermuda e camiseta! Mas na verdade, eu acredito é que os malucos são os outros, por estarem caminhando sob muito sol e temperatura agradável cobertos de roupas quentes. Em minha opinião, o fascínio pelo Aconcágua acaba gerando muito psicológico nas pessoas, os fazendo crer que tudo é mais difícil do que realmente é. Assim, colocam mais agasalhos, respiram com mais dificuldade e andam mais devagar só por estarem nesta ou naquela montanha…”
Adepto da ideia de que velocidade é igual à segurança, o Paranaense fez de todos os esforços em levar o mínimo para cima, tentando aliviar ao máximo o peso que teria que carregar! Sua alimentação para os sete dias que esteve na montanha resumiu-se apenas em pratos frios e de rápido consumo, como chocolates e amendoins.
Porém ele ressalta o apoio que recebeu de diversos amigos e de pessoas que conheceu na montanha, entre eles um casal curitibano que estava fazendo o trekking longo e que o ajudaram fornecendo alguns pacotes de sopa de ervilha, que foram muito proveitosos no dia do ataque ao cume.
“Abrir a garrafa térmica e poder beber um pouco de sopa quente me trazia um alívio impressionante! Era como se minha autoestima retornava, não me deixando desistir do objetivo!”
Porém nem tudo eram flores. Alguns resquícios desta escalada ainda são sentidos pelo bravo montanhista. As pontas de seus dedos, apesar de não terem enegrecido, ainda estão insensíveis, fruto de um primeiro estágio de congelamento. Outro problema enfrentado por ele, foi decorrente da falta de uma alimentação mais correta e calórica, sendo que em seu retorno, acabou sendo “detido” pelos médicos, já no último acampamento (Confluência), por apresentar sinais evidentes de desnutrição.
“Eles não me deixaram seguir minha descida. E em contrapartida, preparam a melhor refeição que eu tive durante toda a minha viagem. Só tenho a agradecer toda a atenção que os guarda parques, médicos e assistentes tiveram comigo!”
Porém toda a história é muito boa para ser contada de forma tão reduzida. Assim, o montanhista irá transcrevê-la durante as próximas semanas neste Portal de Montanhismo, inaugurando sua coluna! Não perca…