Anunciada, desde que cheguei, a tal greve nacional dos transportes (deve-se à indignação provocada por mudanças na legislação, aplicando severas multas a infrações de trânsito), não surte o efeito retumbante anunciado pelos líderes sindicais. Foram tímidos os paros, em Lima: apenas 50% dos motoristas não puseram seus veículos nas calles. Aqui em Huaraz, também a paralisação foi parcial. Mesmo assim gorou o passeio que eu planejara fazer até Chavin, outro sítio arqueológico.
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Fui obrigada a dormir, sexta-feira, em Guarulhos já que meu vôo pra Lima sairá sábado, às 8 e 30 da matina.
Acordo, não dá outra, cedíssimo, embora não vá fazer nenhum passeio longo. Hoje o dia está reservado pra conhecer Karimabad (abad significa população).
O dia amanhece bonito e quente como todos os de minha estadia em Skardu. Eu sinto-me triste porque o melhor da viagem terminou: o maravilhoso trekking e a convivência com os porters, admiráveis na árdua labuta de transportar, em suas costas, 25 kg de carga ao longo dos 12 dias de caminhada. Embora rudes e pobres, são gentis, alegres e respeitosos.
Quando acordo, já há movimento no camping. E olha que são 5:45. Assim acontece porque, como nós, os tchecos, também, retornam a Skardu a fim de curtirem os lagos Shangrila e Satpara. Aquela azáfama típica de desarmar acampamento toma conta do lugar. Cada porter cumpre sua função: alguns dobram as tendas, uns lavam louça e outros ajeitam toda tralha nos tonéis….enfim, uma excitação agradável de fim de festa, e de uma festa que foi boa.
Ali me acorda às 5:30. Como é horário de verão, uma hora a menos, na real são 4:30.
Quando Mussa vem me trazer o chá, bem quentinho, constato mais uma vez que está nevando. São 6 horas. Tudo branco dos flocos que caem desde a madrugada.
Após uma noite mal dormida, desperto às 6 da manhã. Nem a quantidade de roupas vestidas, tampouco o saco de dormir, foram suficientes pra me aquecer satisfatoriamente. Neste tipo de clima, tem de ser um de 10º C e o meu é de -5º C.
Às 5 a lua reflete, pela metade, seu brilho branco no azul esmaecido do céu. Como não está frio, visto apenas um moleton de fleece pra ir ao banheiro.
O acampamento está sendo desmontado. Os porters atarefados arrumam suas cargas enquanto Ali os observa pitando um cigarro acocorado. Uma mula também integra nossa expedição. Carrega querosene, fogões e sacos de 20 kg de farinha. Devemos partir, segundo meus cálculos, às 07:15, o que de fato ocorre.