Após algumas tentativas frustradas de empreeender o ataque final ao cume do Annapurna, o montanhista Waldemar Niclevciz enfim desistiu da montanha, pelo menos nesta temporada.
O Annapurna, de 8091 metros de altitude é a décima montanha mais alta do mundo e é considerada a mais perigosa de todas as que têm mais de 8 metros de altitude, com quase uma morte registrada para cada sucesso de cume.
Em seu site oficial, Waldemar Niclevicz emitiu o seguinte comunicado:
Hoje já estávamos indo para o acampamento 3, com a esperança de finalizar com êxito a escalada do Annapurna, mas, como aconteceu na tentativa anterior, fomos surpreendidos pelas avalanches, e muitos voltaram para o acampamento-base.
Logo que chegamos aos 6 mil metros de altitude, por volta das 7 horas da manhã, foi possível comprovar o tamanho absurdo da avalanche que nos havia assustado na noite anterior, ao balançar com força as nossas barracas. Pedaços de gelo, toneladas de neve, exatamente sobre o nosso caminho. E de repente um novo estalo, uma nova avalanche, ficamos paralisados observando aquela força descomunal da natureza, felizmente protegidos por uma grande greta, mas os nervos novamente voltaram a flor da pele.
Ao fundo observávamos o “corredor” por onde teríamos que passar, onde não teríamos nenhuma chance de escapar com vida se uma outra avalanche daquele tamanho desabasse. Praticamente todos os alpinistas que se encontram agora no Annapurna foram ali se agrupando, mas nenhum teve a coragem de continuar avançando, quem não desceu para o acampamento-base, acabou voltando para o acampamento 2.
Infelizmente, a temporada que no início parecia seca e estável, acabou se tornando uma primavera com abundantes nevadas e muito vento, o que aumenta, e muito, o risco de se escalar o Annapurna, devido as constantes avalanches. Não existe uma rota segura, até mesmo a “rota alemã” (mais segura que a original “francesa”) possui um trecho onde nos tornamos totalmente vulneráveis as avalanches: “o corredor”.
É muito fácil compreender porque a maioria dos alpinistas que desejam escalar todos os 14 Oito Mil deixam o Annapurna por último, e agora compreendo melhor as estatísticas que o apontam como o Oito Mil mais perigoso, com um índice de fatalidade de 33,51% (quantidade de alpinistas mortos em proporção à quantidade de cumes registrados).
Até que ponto vale arriscar? Transformar uma escalada numa roleta russa? Cada um tem a sua resposta. Para mim essa não é a temporada adequada. Eu estou voltando para o meu Amado Brasil.