Aventureira argentina irá percorrer todo o Caminho da Mata Atlântica do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul

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A aventureira Julieta Santamaria quer se tornar a primeira pessoa a completar o Caminho da Mata Atlântica, uma trilha de longo curso com mais de 4 mil quilômetros que passa pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Julieta com o mapa do Caminho da Mata Atlântica. Foto: Julieta Santamaria

Julieta com o mapa do Caminho da Mata Atlântica. Foto: Julieta Santamaria

Ela contou que sempre gostou de aventuras, trekking e hiking, mas que em seu país natal não conseguia se dedicar a isso. Isso mudou quando chegou ao Brasil e começou a fazer caminhadas em trilhas com mais frequência, aproveitando cada oportunidade, fosse acompanhada ou sozinha.

Durante oito meses morando em Ilhabela (SP), ela percorreu quase todos os trajetos da região. Foi nessa época que conheceu Marcos, um amigo que a apresentou ao Caminho da Mata Atlântica e a incentivou a fazê-lo. Em novembro de 2023, ela começou a planejar sua aventura e a treinar para aumentar sua resistência. Em março de 2024, iniciou a trilha.

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“Nesses meses eu treinei. Aproveitava tudo aquilo que eu tinha disponível para aumentar minha resistência: fazia trilhas de 30 km, usava a bicicleta, nadava. Mas não há preparo que se compare a sair e viver o dia a dia”, disse Julieta.

Ela também contou que planejou fazer a trilha de forma autossuficiente, mas logo no começo percebeu que precisaria da ajuda de outras pessoas. Segundo a aventureira, ela recebeu apoio e incentivo de moradores, trilheiros e da Fundação Florestal em São Paulo, de diversas formas, como hospedagens, comida, dicas de segurança, auxílio na rota, liberação para percorrer alguns trechos e companhia durante algumas trilhas.

Julieta montando sua barraca. Foto: Julieta Santamaria

Atualmente, ela está percorrendo o Caminho da Mata Atlântica há 6 meses e já andou cerca de 2.300 quilômetros. Ela conta que não caminhou todos os dias porque um de seus objetivos era conhecer os lugares e se conectar com as pessoas. “É disso que se trata caminhar: conectar-se com o outro, conhecer a história de outras pessoas, deixar-se acompanhar, porque mesmo viajando sozinha, quase nunca estou realmente sozinha”, afirmou.

Julieta chegou ao estado do Paraná em agosto, após passar pelas belas paisagens dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Ela começou o percurso pela trilha da Cachoeira do Mocotó, no Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro, e levou pouco mais de um mês para percorrer os 660 km da trilha dentro do território fluminense. Após cruzar o estado fluminense de norte a sul, entrou em São Paulo pelo Trecho Litoral Norte, mais especificamente pela praia de Camburi, e percorreu paisagens do litoral e do interior do estado até chegar ao Paraná.

A aventureira no Pico Siririca. Um dos trekkings mais difíceis do Paraná. Foto Ana Momm

Entre os desafios do Caminho da Mata Atlântica, ela considera que controlar a mente para viver na estrada, muitos dias longe de casa e sozinha é o maior deles. “Mesmo sendo bom, mesmo aprendendo, muitas vezes é legal compartilhar com um companheiro ou companheira. Você pode conhecer lugares lindos e surreais, mas quando tem uma companhia amiga, o lugar se torna muito mais especial”, contou.

Julieta também precisou aprender a controlar o corpo em relação às necessidades básicas como comida e água, enfrentou ataques de insetos (abelhas, vespas e saúvas) e teve pequenos percalços em algumas trilhas. Ela também lembra que o cansaço acumulado é grande, principalmente quando para por alguns dias.

Por outro lado, ela conta emocionada sobre as experiências que teve durante essa jornada. Para ela, o mais importante de toda essa caminhada são as conexões que faz com outras pessoas. “Para mim, os lugares mais especiais são onde eu fiz amizades que vou levar para toda a vida”, revelou.

Ela recorda com carinho do Núcleo Bertioga no Parque Estadual da Serra do Mar, onde fez boas amizades, e da Ilha do Superagüi e Ilha do Mel no Paraná. Julieta também viveu encontros emocionantes com animais da fauna brasileira, como cachorro-do-mato, queixada, irara, cobras, muriqui, macaco-prego e anta.

Julieta e alguns amigos que fez durante a trilha. Foto: Ana Momm

“Para qualquer tipo de desafio, o que mais precisamos é fé. Eu aprendi nessa caminhada que não importa se você segue exatamente aquilo que tinha planejado, porque os caminhos vão se abrindo e tudo vai se encaminhando à medida que você avança. Então é preciso foco e fé, e se for para você, vai acontecer”, disse.

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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