Cientistas do Instituto de Performance Fisiológica Científica de Wisconsin pensaram se existia algo a mais no crescimento da barba no meio dos montanhistas do que uma simples resistência de se barbear, e conduziram um estudo em campo que, ao que parece, conseguiu determinar que a barba na verdade ajuda na absorção de oxigênio em regiões de ar rarefeito.
Estudo de campo no Everest
Escaladores do grupo "Save The Yeti" (Salve o Pé Grande) em expedição no ano de 2010 foram equipados com equipamento avançado e leve de monitoramento de frequência respiratória, e utilizaram este equipamento escalando sem o auxílio de oxigênio em cilindros, em todas as altitudes desde o acampamento base até o topo da montanha mais alta do mundo.
Metade do grupo estava completamente barbeado, e a outra metade foi orientada a deixar a barba crescer sem limites. Os resultados foram surpreendentes. No acampamento base, o índice respiratório de oxigênio foi equivalente em ambos os grupos (barbudos e sem barba). Mas, conforme a escalada foi progredindo e foram ganhando altitude, algo extraordinário aconteceu.
A 7.500 metros, a amostra dos barbudos mostrou, em média, um crescimento no índice respiratório de 7,3% comparado com os montanhistas barbeados. A 8.000 metros, a diferença tinha aumentado pra 10,7% e no cume, os barbudos estavam processando o oxigênio quase 15% mais eficientemente, um quantitativo que pode significar a diferença entre a vida e a morte no clima severo do Everest.
Messner "tinha uma idéia disto?"
"Os resultados foram realmente impressionantes", disse o Dr Wayne Gillette da WIPPS. "Aquelas pessoas que continuaram sem se barbear não só produziram melhores resultados nos testes, mas também reportaram ter resultados de desempenho na montanha muito melhores. Quanto mais longa ficava a barba, mais efetivo parecia ser."
"Nossos testes apontaram que montanhostas da antiga com grandes barbas poderiam ter alguma idéia deste fato. Alguns dos melhores do século XX como Reinhold Messner, Chris Bonington, Brian Blessed, são conhecidos também por suas barbas impressionantes, e nosso estudo sugere um embasamento científico para isto, e no rosto do montanhista, parece simplesmente uma escolha de moda."
O que vem acontecendo?
Os cientistas do WIPPS admitem que não compreendem por completo o mecanismo por trás deste fenômeno e a pesquisa continua. De acordo com Gillette, pode ser uma simples questão de turbulência aerodinâmica localizada causada pela concentração de pelos, acelerando o fluxo de ar na região da boca dos montanhistas.
Os pesquisadores trabalham agora em uma câmara hiperbálica com manequins altamente realistas com barba avantajada simulada em um esforço de compreender melhor o fenômeno, com variáveis ajustáveis como o tamanho dos fios da barba, espessura dos fios, rigidez dos fios, e tudo isto está sendo usado para chegar a uma especificidade de determinada barba otimizada para altitude, com a intenção de patentear o design e possivelmente criar uma barba sintética com esta "configuração".
"Barbas sintéticas como acessórios poderiam revolucionar a performance em grandes altitudes para atletas de desempenho normal, comum" diz Wayne Gillette. "Com a consistência correta e o tamanho adequado de barba, a absorção de oxigênio pode crescer em até 20%."
Ele também pensa além disto, que a idéia de barba sintética pode ser vista como uma maneira de "burlar" no montanhismo (como muitos pensam sobre oxigênio engarrafado), mas, acredita que é um simples melhoramento de um processo natural.
Independentemente das razões por trás do fenômeno, a mensagem para os montanhistas de altitude é bem clara, deixe o barbeador em casa se você quiser escalar melhor. E é claro, como bônus, você economiza no peso da mochila!