Brasil inaugura site de monitoramento de terremotos

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Se engana quem acha que não existem terremotos no Brasil. Apesar de não perceptíveis, eles ocorrem bastante e influenciam na evolução do relevo, inclusive montanhas.

Sismólogos são aparelhos muito sensíveis que identificam terremotos. Apesar do Brasil estar no meio de uma placa tectônica e ser um ambiente “estável”, existem todos os dias pequenos terremotos que não são sensíveis por seres humanos, mas que são registrados per estes aparelhos espalhados pelo país. Depois de 30 anos da sismologia moderna, entra no ar oficialmente nesta sexta-feira, dia 28 de novembro, o protótipo do Serviço Sismológico Nacional.

O portal foi desenvolvido e é gerenciado pelo Observatório Nacional, responsável pela implantação da Rede Sismográfica do Sul e do Sudeste (Rsis). No Brasil existem 80 estações sismográficas. Essas estações transmitem dados em tempo real para o portal, que já está em operação. “Isso é bom porque o Brasil, apesar de não ser um país sísmico, pode registrar sismos de magnitude 6 ou acima de 6 [graus na escala Richter]. E isso pode causar danos se ocorrer em regiões habitadas.” Afirmou o geofísico Sergio Fontes, coordenador da Rsis.

Sergio Fontes observou que o comum, no Brasil, é que haja sismos de magnitude entre 4 e 5 graus. Ele explicou que o padrão de atividade sísmica brasileiro sugere a ocorrência de sismos acima de magnitude 6 graus no intervalo de 50 anos. O último foi registrado em 1955, em Mato Grosso. “Já passou de 50 anos”, comentou, rindo.

Fontes destacou a importância do Serviço Sismológico, porque amplia a participação do Brasil na rede sismográfica mundial, que conta com mais de 6 mil estações. “Além da ocorrência de um sismo de magnitude maior, esses dados fornecem informações bastante preciosas sobre a estrutura do interior da terra, que são muito valiosas para que se conheça a evolução do planeta, para os recursos naturais. Eu acho que é um avanço que o Brasil está fazendo.”

O tectonismo na influência do relevo brasileiro.

O modelado clássico de como evoluiu o relevo no Brasil é muito atribuído à influência do clima na elaboração da paisagem, ou seja, na influência da erosão formando planícies e montanhas baixas densamente vegetadas.

De acordo com o doutorando em geologia e montanhista Pedro Hauck, este modelado está sendo revisto. De acordo com ele, há muito indícios de que atividades tectônicas que ocorreram em eventos considerados recentes na Geologia (menos de 20 milhões de anos) tiveram um papel importante na evolução de montanhas do Sul e do Sudeste, em locais como a Serra da Mantiqueira e do Mar.

“Aprendemos até hoje na escola que o relevo brasileiro é antigo, isso é uma influência de uma velha escola da geomorfologia, que é a ciência do relevo, que dizia que no Brasil não havia nenhuma influência tectônica na evolução da paisagem”. Afirma o doutorando, que tem ampla experiência e conhece a fundo as montanhas brasileiras. “Esta teoria foi elaborada em 1898 e até hoje está nos livros”. Completa.

De acordo com Hauck, existem diversas evidências que na Serra do Mar paranaense, local que ele estuda, houve grande influência tectônica. Ele diz que reunindo todas estas evidências em um artigo e irá publicar em uma revista científica.

:: Visite o site da Rede Sismológica do Brasil

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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