Brasileiros realizam a segunda ascensão absoluta a montanha de 6 mil metros nos Andes

0

Vulcão Sierra Nevada é um complexo vulcânico com 8 cumes acima dos 6 mil metros. Ele fica na Puna do Atacama, em um dos locais mais remotos dos Andes na fronteira entre Chile e Argentina.

Devido ao fato de ser uma montanha extremamente remota e sem ascenso definido, o Sierra Nevada começou a ser explorado há muito pouco tempo. A primeira expedição nesta montanha foi realizada no ano 2000, com a ascensão do cume fronteiriço por uma equipe norte americana. No final daquele ano, outra ascensão realizada por Henry Barret culminou a cratera do Laudo, outro sub cume do Sierra Nevada.  Em 2005 espanhóis escalaram outro sub cume deste maciço montanhoso e em Dezembro de 2006 a expedição patrocinada pelo Banco do Chile instalou um livro no topo do cume limitrofe entre Chile e Argentina.
 
Nesta região de fronteira o mais alto divisor de águas é a fronteira entre os dois países. No entanto, como ao norte deste maciço vulcânico as bacias são fechadas, ou seja, as águas não escoam para o mar, mas sim para um complexo de lagoas salgadas chamadas de “Lagunas Bravas”, as fronteiras são linhas retas que unem cumes proeminentes de montanhas.
 
De acordo com a cartografia oficial do Chile e da Argentina, o cume mais alto do Sierra Nevada é um cone de 6127 metros de altitude que é o cume fronteiriço, onde está o livro do Banco de Chile, que teve sua primeira ascensão feitos pelos americanos em 2000. No entanto, em sua pesquisa para descobrir quais eram as montanhas acima dos 6 mil metros nos Andes e onde elas ficavam, o montanhista argentino residente no Brasil, Maximo Kausch descobriu que havia um cume a Oeste do fronteiriço que tinha 10 metros a mais que este e portanto era o cume mais alto da montanha com 6137 metros.
 
Perguntando a outros montanhistas de renome que conhecem a região da Puna de Atacama, Kausch descobriu que o cume mais alto que ele havia pesquisado era virgem portanto o Sierra Nevada seria o ultimo 6 mil andino sem ascensão, isso em pleno ano de 2014.
 
Para tirar as dúvidas definitivas, o renomado montanhista argentino Guillermo Almaraz organizou uma expedição à montanha, pelo lado argentino e fez cume em Dezembro de 2014. Nesta expedição ele confirmou que este cume era de fato mais alto e assim a ultima montanha com mais de 6 mil metros nos Andes foi conquistada.
 
Expedição Brasileira
 
Em novembro deste ano, uma expedição liderada por Maximo Kausch visando escalar montanhas virgens acima dos 5 mil metros esteve na região da Puna de Atacama. Após escalar 10 cumes na região, muitos deles sem nome e sem registro de ascensões, Kausch decidiu escalar o cume que ele havia descoberto anos antes.
 
Pesquisando um acesso desde o Chile, o grupo que também era composto pelo geógrafo paulista Pedro Hauck e pelo mecânico gaúcho Jovani Blume, realizou uma aproximação pelo vale do rio Juncal, atravessando desertos de rocha, areia e bacias fechadas compostas de salares e lagos salgados até chegar na base da montanha, num local de 4500 metros de altitude. Tal aproximação não foi nada fácil, um dos carros atolou na areia e eles tiveram medo de que o vento pudesse danificar os veículos, pois semanas antes, uma rajada de vento destruiu um vidro do carro do Pedro e o aditivo anti congelante do jipe de Jovani congelou, rachando o radiador do óleo a válvula termostática.
 
De acordo com relato publicado no site pessoal de Pedro Hauck, a maior dificuldade foi chegar na base da montanha. Uma vez lá o grupo encontrou uma rota boa e muito bonita. Eles realizaram um acampamento avançado numa altitude de 5200 metros e de lá atacaram o cume, encontrando boas condições de neve, fazendo cume e retornando em apenas 2 dias.
 

 
Com esta ascensão, Maximo Kausch alcançou a marca recorde de 70 cumes acima dos 6 mil metros nos Andes e Pedro 36. Jovani, que estava realizando sua primeira expedição à cordilheira fez 2, um batismo impressionante, já que ambas foram montanhas pouquissimo escaladas e de acesso muito dificil. Depois desta expedição o grupo ainda escalou a montanha virgem e sem nome mais alta dos Andes e batizaram ela de "Parofes" em homenagem a Paulo Roberto Felipe Schmidt, um amigo que faleceu em 2014 de leucemia.
 
Veja mais:
 
 
Compartilhar

Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

Deixe seu comentário