Camping do Parque Estadual do Marumbi não tem previsão para ser inaugurado

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A lentidão na reforma do camping, no Parque Estadual do Marumbi se arrasta desde 2011. Após 4 anos, ele finalmente está pronto, mas não há previsão de inauguração.

No ano de 2011 se iniciou uma reforma no camping e na Sede do Parque Estadual do Marumbi, berço do montanhismo brasileiro e um dos locais mais tradicionais no Paraná para prática de escalada, montanhismo e Hiking. Esta reforma visaria a melhoria nas condições de visitação desta importante unidade de conservação, que é o único dos 6 parques estaduais na Serra do Mar com estrutura (Parque Estadual do Pico Paraná, Parque Estadual Roberto Ribas Lange, Parque Estadual da Baitaca, Parque Estadual da Serra da Graciosa, Parque Estadual das Lauráceas e Parque Estadual do Marumbi). Todos administrados pelo órgão ambiental estadual do Paraná, o IAP (Instituto Ambiental do Paraná).

Na administração de unidades de conservação, existem conflitos de opiniões sobre como deve ser a gestão dos parques. De um lado os mais conservadores acham que na precarização da infraestrutura, como uma estrada de acesso ruim e ausência de local de pernoite etc, diminui a frequência de visitantes e isso garante uma maior “preservação da natureza”, numa visão em que a presença humana causa impactos e que os parques devem ser restritos para a manutenção do estado natural “selvagem”, uma visão chamada de “Preservacionista”. A outra visão é que ao visitar uma unidade de conservação estruturada, a experiência do contato com a natureza faz com que o homem crie uma relação mais próxima com o meio ambiente, um sentimento de gostar daquele lugar e portanto de cuidar daquilo que se gosta. Através desta relação acaba existindo uma necessidade de criar novas áreas naturais protegidas. Com a visitação e oferta de serviços, os parques poderiam obter renda e assim aumentar o controle e a preservação do meio natural. Esta é a visão chamada “conservacionista”.

A visão do IAP na gestão de parques nunca foi declarada, porém alguns fatos nos dão algumas pistas. No Marumbi, o IAP restringiu o acampamento no parque apenas ao camping ao lado da sede, proibindo o pernoite na montanha. Diversas trilhas também foram fechadas, como a trilha do Facãozinho, utilizada em 1879 na conquista do Olimpo, na primeira ascensão esportiva que marca o começo do montanhismo brasileiro e o acesso ao Pico do Leão, que é o ponto mais alto da Serra do Marumbi, proibições que saíram da esfera do ambientalismo e atingiram em cheio a cultura do montanhismo, onde os principais valores são “aventura” e “liberdade”. Em outros parques, como o do Monge, a escalada é simplesmente proibida e até outras atividades que não geram impacto, como o voo livre, sofre com restrição.

Quando em 2011 o IAP informou que a estrutura do parque seria revitalizada, parecia que haveria uma flexibilização na visitação das Unidades de Conservação. A medida não era revolucionária, mas mostrava uma mudança.  Não seria construído um centro de visitantes com venda de souvenirs e museu temático, não seria construído restaurantes, nem um hotel, que é a estrutura básica de um parque nacional americano, país onde as unidades de conservação geram renda para o governo, para a comunidade do entorno e muitos empregos diretos e indiretos, além é claro de manter preservado seu patrimônio natural e paisagístico. No Marumbi a mudança seria simples:  Reforma da sede do parque que é uma casinha com uma cozinha, uma sala e dois quartos, reforma do alojamento, onde existem diversos beliches e de outras 3 casinhas menores que a da sede, onde fica abrigado o Corpo de Socorro da Montanha e um mini museu.  Para o visitante comum haveria a reforma do camping, que é um terreno gramado onde o visitante pode montar sua barraca e existem banheiros, chuveiros e uma pia para cozinhar.

De acordo com o IAP o motivo para a lentidão na reforma foi o sistema de licitações. Em 2012, um ano após a empresa vencedora da primeira licitação, a AZN, que faria a reforma do parque, não havia cumprido os termos do contrato e o mesmo foi rompido, deixando os serviços pela metade. Para finalizar a reforma, foi necessário fazer um novo edital e esperar a nova empresa que venceu a concorrência pública retomar as obras. A nova empresa, a Paraná Edificações, só começou a trabalhar no ano passado e a retomada dos trabalhos custou R$ 670 mil aos cofres públicos, de acordo com o próprio IAP.

Passado um ano da retomada da reforma, o camping e as construções no entorno já estão praticamente prontas e com uma novidade, a construção de um quiosque com mesas. Com isso, o visitante não precisa mais cozinhar e nem comer no chão.

Contatamos a sede do IAP em Borda do Campo, a funcionária em plantão nos avisou que não há previsão para reinauguração do camping, pois não há mais funcionários trabalhando no Marumbi, razão pela qual não conseguimos falar no telefone de lá, o (41) 3462 3598.

De acordo com a funcionária, como o IAP não tem um quadro efetivo, pois o órgão ambiental não tem concurso público desde 1990, será necessário terceirizar o quadro de funcionários. Para isso, será realizado uma nova licitação para escolher a empresa vencedora e só assim o camping poderá ser entregue à população. A funcionária não soube dizer em que pé anda esta licitação e nem afirmar se há uma previsão para que o camping seja liberado.

Eficiência nos serviços prestados

Se por um lado o sistema impede que o IAP seja eficiente na reforma de um camping, de outro eles esbanjam eficiência e agilidade, infelizmente, na supressão vegetal de mata nativa. Foi o que aconteceu recentemente em um terreno com 800 m2 em prainhas, a um quilômetro da entrada do parque do Marumbi.

Ali, o proprietário obteve a licença para suprimir 20 árvores. Porém, de acordo com denúncias, foi desmatado o terreno inteiro. Após novas denúncias a Força Verde foi ao local e interditou a obra, no entanto, apenas um mês após o ocorrido, o terreno já estava liberado e o proprietário já estava erguendo uma casa no local.
 

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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