A Carretera Austral, inicia em Puerto Montt no Chile e termina em Villa O’Higgins. No entanto, alguns ciclistas ou caminhantes cruzam a fronteira com a Argentina e estendem o percurso até El Chaltén, pela Ruta 40, ganhando com isso o privilégio de uma vista diferente do monte Fritz Roy.
Já faz algum tempo que leio a respeito desse roteiro, e esse ano, depois de assistir a palestra do casal Aline e do Ari (@bikeadois), que percorreram a Carretera no último verão, a vontade veio com tudo.
Conversei com alguns amigos a respeito e não encontrei alguém realmente interessado nessa aventura (muitos tinham interesse mas não podiam no período). Cheguei a cogitar percorrer o trajeto sozinha, até marquei um encontrinho com minha xará, do @bikeadois, para tirar umas dúvidas sobre o trajeto e pedir a opinião dela a respeito, mas quando realizei que precisaria acampar selvagem numa região onde podem ser encontrados pumas, confesso que fiquei com medinho (imagina estar no meio do nada sozinha, acampada no mato e ter que levantar para fazer um pipi, ou estar quentinha na barraca e ouvir um rugido lá fora).
Certo dia estava no chat do Instagram conversando com Julien, um colega Francês que conheci no Caminho de Santiago, e comentei com ele sobre meu interesse na Carretera. Ele não havia ouvido falar da Carretera, mandei uns links e ele, assim como qualquer um, se encantou com as belezas do local. Afirmou que tinha interesse em fazer o percurso. Inicialmente não coloquei muita fé, mas o tempo foi passando e Julien continuou me questionando sobre o projeto. Por fim, coloquei uma data limite para decidirmos ir ou não ir, afinal teríamos muitas coisas para organizar. Pedi um confirmação dele até setembro. Em outubro, estava fazendo o Circuito Lagamar com dois amigos quando Julien me disse que compraria as passagens. A essa altura do campeonato já não tinha mais esperanças, estava até avaliando outro destino para minhas férias. Mesmo com pouco tempo para tanta coisa para organizar topei ir.
Passagens compradas hora de planejar os detalhes. Fazer a Carretera de bicicleta envolve um bocado de planejamento, o trajeto passa por regiões pouco habitadas e não raras vezes necessário realizar acampamentos selvagens. Dessa forma, o ciclista não tem como escapar de levar todo o kit de acampamento. Além disso, na região pode fazer muito frio e chover muito, o que envolve peso extra em roupas. Tudo isso exige se planejar para não se colocar em riscos desnecessários.
Comecei fazendo minha lista do que precisaria levar e do que precisaria comprar. Primeira coisa que comprei foi um kit de bikepacking da @Arestaequipamentos. Fui recebida pelos Queridos Luciano e Bárbara na casa deles. No encontros por lá sempre rola aquele bate-papo sobre aventuras, mate e boas risadas. O Luciano tirou as medidas da minha bike e em poucos dias fui buscar meu kit que inclui: marimbondo, carranca, porta-volumes e framebag. Ameeei.
Outra coisa que tive que avaliar com certa urgência, foi a compra de uma barraca nova. Tenho uma barraca novinha, modelo Nepal, da Azteq, e adoro ela, mas 2,5kg é um peso elevado para uma barraca de Cicloturismo.
Depois de muita pesquisa, conversa com a galera mais experiente, e considerando que a maioria das barracas leves (até 1,5kg) que pesquisei não são vendidas no Brasil, comprei a Cloud 2 da Naturehike, para 2 pessoas e com 1,4kg (podia ter comprado um modelo para 1 pessoa, mas não tinha um ganho expressivo no peso e sendo mulher, sabia que gostaria de um espaço extra na barraca para poder deixar minhas coisas dentro e até poder organizar tudo) me pareceu a melhor relação custo x beneficio.
Mesmo eu já tendo feito diversas aventuras, não possuía um kit cozinha para acampamento. Essa foi minha segunda pesquisa. Conversei com a xará e acabei comprando panela, cafeteira e pote térmico da Stanley, todos eles muito bem avaliados e com garantia infinita (um luxo para um acampamento).
No feriado de novembro meus amigos Sandro Beltrame e Marco Aurélio, que sempre falo que foram as duas pessoas que realmente me introduziram nesse mundo, me fazendo sonhar com suas histórias de viagens e aventuras, me convidaram para fazermos o Circuito Vale Oeste de Cicloturismo, circuito novo e desafiante, dada sua altimetria. Ocasião perfeita para testar algumas habilidades e equipamentos.
O Cicloturismo foi lindíssimo, em 4 dias percorremos 202 km, com acumulado de 5.590 m. Passamos por paisagens lindas, fizemos trekking em 2 dos 4 dias e tomamos muito banho de cachoeira. Mas para mim, que estava planejando fazer cerca de 100km por dia na Carretera Austral, foi como um balde de água. Já havia estudado e feito um planejamento inicial para a primeira parte da Carretera e depois dessa viagem, decidi que não planejaria mais nada, chegaria lá e faria o que estivesse em condições de fazer.
Estava avançando bem no planejamento (do que podia ser planejado), mas o dia da viagem estava se aproximando e eu continuava com muitas dúvidas. Conversei com a Aline e ela e o Ari prontamente me receberam na sua casa para me ajudarem. Não só me receberam como preparam quitutes gostosos para nosso encontro, o que incluiu massa de pizza feita de manhã pelo Ari e preparada a noite para comermos, tudo fresquinho, vegetariano e delicioso. Gratidão eterna a esses dois. 🙏🏻
Obs: era tanta coisa para conversar que esquecemos de tirar uma fotinha do trio 😔
Sai do encontro mega pilhada e cheia de anotações. A lista de coisas a fazer até a viagem aumentou consideravelmente e meu nervosismo também, tinha menos de 1 mês até minha partida.
Foco nas necessidades …
Fui mais uma vez encontrar o Luciano, da Aresta Equipamentos. Percebi que não conseguiria carregar toda a tralha no kit bikepacking e havia emprestado um bagageiro especial com o Sandro. O Lu tentou me persuadir a ir só com o bikepacking, mas realmente não dava pra mim. Sendo assim, ele na ajudou mais uma vez com suas dicas e sai de lá com o alforge emprestado da Barbara. Gratidão eterna a esses dois 🙏🏻
Comprei um fogareiro, protetor de vento e algumas outras coisas faltando 2 semanas para a viagem, optei por itens da naturehike, sendo que o modelo do fogareiro permite o gás ficar afastado do fogo (dica do casal @bikeadois).
Com praticamente todos os itens separados, no último domingo antes de viagem sai para um simulado (chamo de choque de realidade). Me assustei quando coloquei todas as bolsas e todos os itens na bike (cerca de 90% do que pretendia levar) a bike ficou muitooo pesada. Na companhia do amigo Kennedy pedalei até a Lagoa do Peri, como estava iniciando a adaptação ao peso, e considerando alguma possível instabilidade optamos pelo caminho mais fácil, sem morros. Percorremos 50km. Todo equipamento se comportou muito bem. Caro que não foi fácil pedalar com quase 20kg de carga, mas a experiência me deixou tranquila.
Por último conversei com meu mecânico, @pezaobikes para avaliar o que poderíamos fazer para evitar problemas durante o trajeto. Trocamos pneus, corrente, freios, niples, manoplas, colocamos fita anti-furo … consegui um banco emprestado com a Janinha querida. O Pezão deu aquela regulada em tudo e 3 dias antes a bike estava prontinha para ser embalada.
Enquanto a bike estava sendo ajustada fiz as compras finais … durante esse período coloquei todos os itens que pretendia levar no sofá e ficava olhando para eles varias vezes ao dia. Só no último dia mesmo que consegui tomar algumas decisões importantes (como não levar todos os equipamentos comprados da Stanley 💔), as quais terei que assumir os resultados.
E aí, gostaram dessa etapa preparatória? No próximo post vou detalhar tudo que estou levando nessa empreitada 🙃
CONTINUE LENDO:
:: Carretera Austral: Equipamentos
2 Comentários
Oi Aline,
Gostaria muito de falar contigo. Vou fazer essa viagem no final de dezembro. Viagem solo. Eu fiz apenas 1 viagem de bike, que foi por todo litoral do Uruguai. Foram 800km. Mas já faz tempo. Se pudermos conversar. Acho que seria ótimo
Adoreiiiii teu post!
Oi Marcelle,
Boa tarde!
Não recebo notificação dos comentários postados.
Se ainda precisar de algo entre em contato pelo meu Insta: @alineeletrica
Abs
Aline