Carretera Austral: Primeiro dia no Chile

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100 quilômetros de pedalada entre Termas de Puyehue até Ensenada, passando pelo lago Llanquihue, o maior do Chile e por baixo do Vulcão Osorno no dia de Natal.

Acompanhe os relatos de Aline Souza em sua cicloviagem pela Carretera Austral desde o começo:

Carretera Austral de Bike

Dia 3 – 25/12/2018

 

  • Trajeto: de Villa Termas Puyehue à Ensenada
  • Distância: 110km
  • Acumulado de subidas:  1215
  • Acumulado de descidas: 799
  • Terreno: asfalto

A noite no acampamento foi um bom teste de equipamentos, esfriou bastante e a região, um Parque Nacional, era extremante verde e úmida. Meu sentimento foi que a barraca nova não manteve o interior da barraca quentinho (mas também não se propõe a isso). O colchão inflável foi perfeito, não senti o frio do chão nem a umidade. O saco de dormir para baixas temperaturas foi essencial, dormi com ele bem fechadinho. No Brasil nunca havia conseguido fechar o saco de dormir sem morrer de calor.

Para mim, dormir naquele camping foi muito parecido com um acampamento selvagem, já que não havia mais ninguém acampado. Durante a noite ouvi um barulho e levantei rápido, abri minha barraca e conferi minha bike. Será que preciso prendê-la nesse tipo de situação? Será que prendê-la mudaria algo se alguém quisesse realmente levá-la? Enfim, tentei manter pensamentos bons em minha cabeça, e dormir.

Acordei às 6h30, realmente queria sair cedo. Estava bem frio. Preparei tudo para fazer um café, no meu novo equipamento de cozinha e … descobri que havia perdido meu isqueiro. Bem que me falaram: leva dois, três isqueiros, né @bikeadois?

Missão café abortada. Comi uns biscoitos, desmontei acampamento, guardei tudo e passei na recepção para usar o Wi-Fi, fiquei um bom tempo lá dentro, estava bem quentinho.

Sai a pedalar as 8:30, continuava frio e com aquela neblina nas montanhas.

Saindo pela manhã com bastante frio

Iniciei bem feliz, descendo os 4km que subi no dia anterior (na foto aparece uma subidinha, era a única).

Depois dos 4km voltei para a Ruta 215. Asfalto com subidas e descidas, nada muito desafiador. Pedalei percorrendo o lago Puyehue, certamente muito lindo, mas o clima nublado tira um pouco do encanto, não me inspira para tirar fotos.

Dia nublado de natal. Lago Puyehue ao fundo.

Pedalei forte por 30km, até a primeira cidade, Entre Lagos, onde busquei um café. Era dia de Natal, encontrei apenas restaurantes e mercados abertos. Parei no mercado, comprei nectarinas, avocados, iogurte, isotônico e balinhas de goma, tudo por menos de 5.000 pesos, foi nesse momento que constatei o roubo do Camping no dia anterior (raiva), paciência.

As distâncias a serem percorridas

Comi bem e antes de sair verifiquei o mapa, sabia que ali por perto desviaria da Ruta 215.  Foi nesse momento que percebi que meu trajeto previsto para o dia era muito maior do que eu imaginava. Tinha uma planilha inicial onde constava 86km, mas o trajeto estava dando 110km. Não queria acreditar, pensei, tem algo errado, mas olhei, olhei e vi que sim teria 110km a cumprir até o Hostel que havia reservado.

Primeiramente ficaria num camping, e o “engano” aconteceu quando reservei um hostel mas pra frente do camping, pensando na vantagem de fazer menos quilômetros no dia em que chegaria em Puerto Montt, mas esse menos significou mais no dia anterior, acho que faltou avaliar esse pequeno detalhe. Enfim …

Sai pensado, vamos lá Aline, siga o caminho e veja o que dá. Se te sentires muito cansada podes parar antes, o próprio camping anterior é uma opção.

O trajeto a partir dali é um circuito bem comum, chama-se Circuito Lago Lhanquihue, percorre o Lago Llanquihue, trajeto muito bem sinalizado e bonito.

O trajeto do dia! 110 KM!!!

Paisagem do Vista do Lago Rupanco

O caminho (claro) é de um sobe desce constante, mas nada extremante desafiador (acho que estou me acostumando ao peso da bike).

Desde a U-775 já era possível vem a pontinha do Vulcão Osorno, e eu parecia uma criança pequena, queria registrar cada posição com minha câmara, mesmo sabendo que chegaria bem pertinho dele e teria ângulos bem melhores.

Com uns 60km nas costas, parei para comer. Não, não parei num restaurante, parei na beira da estrada, embaixo de uma árvore, comi ovos cozidos, amendoim, biscoito e balinhas (bem feliz).

Parada para comer ovos!

Mas pra frente vi um café que pareceu bem interessante, pensei: porque não?! Parei olhei, não vi ninguém, tinha uma campainha, até ali ainda não estava acostumada com essa coisa de chamar as pessoas para te atender, mas por aqui assim mesmo que funciona.

A dona, uma graça, me fez um café e ficamos de papo um bom tempo. Me afirmou que passam muitos ciclistas por ali e que também passam muitos brasileiros. Me mostrou um livro de um brasileiro, Raphael Karan, que passou por ali e virou seu amigo.

Café simpático no meio da estrada

O papo estava bom mas precisava seguir. Sai dali com a boa notícia de que a 1km meu trajeto mudaria de sentido, pegaria a U-99-V e não teria mais vento contra.

Na U-99-V fiquei literalmente de cara com o vulcão, coisa mais linda. Tenho fotos de muitos ângulos (vou poupa-los), mas penso que as duas fotos abaixo representam bem.

Pedalando com o Vulcão Osorno ao fundo!

Ainda a uns 20km do meu destino final, vi muitos carros parados e fui verificar. Se tratava de uma “prainha”, bem estranha para mim. Areia escura, cheia de mato, água igualmente escura, mas o povo estava lá, animadão, pegando sol e fazendo churrasco.

Prainha ao lado do lago LLanquihue

Dali segui por uma ciclovia até Ensenada. Inicialmente foi estranho m, já que a ciclovia era na contra-mão, mas logo acostumei. Muitas subidas depois, cheguei exausta ao destino final (rss).

Ufa! Chegando no Hotel após 110km de pedaladas.

O bom de não ter saído tão tarde, é que mesmo fazendo 110km cheguei por volta das 19h no Hostel. Tomei aquele banho, lavei algumas coisas, descansei um pouco e sai para dar um volta. O dono do Hostel me sugeriu visitar a Laguna Verde. Aceitei a sugestão.

Dali segui em busca de algo para comer. A vila é bem pequena e não estava encontrando nada aberto. Parei num mercadinho e conversei com o dono, disse que havia restaurantes a alguns quilômetros dali, eu disse que não teria como ir pois estava a pé.

Acabei pedindo para ele se podia me fazer um sanduíche, ele não tinha mais pão fresco, mas aceitei um mais velhinho que foi  esquentado com queijo. Com a fome que eu estava, minha sensação foi de que estava uma delicia.

Pedi uma cerveja local para acompanhar.

Cerveja local de Ensenada Chile.

Fiquei um tempo de papo com o senhor, muito simpático. Disse que me arranjaria um namorado Chileno, será?

Dali, segui para minha caminha, quentinha e confortável.

Continue (clique na imagem abaixo)

Carretera Austral: De Ensenada à Puerto Montt

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Sobre o autor

Aline Souza, mais conhecida como Aline Elétrica por ser engenheira elétrica é uma multi atleta de Florianópolis - SC. Ela pratica corridas de aventura, trekking, ciclo turismo e escalada em rocha. Siga ela no Instagram @alineeletrica

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