Carta aberta à FEPAM

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Participei da reunião da FEPAM na quinta feira, 03/12/2009, onde foi-me apresentado dois documentos para análise: Benefícios e Deveres do Federado Colaborador e o Termo de Compromisso a ser assumido pelo “Federado Colaborador“. Na ocasião destaquei alguns pontos de que trato nas últimas 3 colunas no AltaMontanha que gostaria que todos lessem atentamente antes de se pronunciar a respeito.

Apesar de que a filiação à FEPAM ou qualquer outra federação possa parecer a nós “Montanhistas Independentes” uma coisa desnecessária e até inútil no momento, advirto que num futuro nem tão distante a realidade pode se mostrar muito diferente. Cada dia mais parques e Unidades de Conservação vem sendo criadas em nossas áreas de atuação, sem respeitar a verdadeira “Cultura de Montanha”, mas sim uma visão puramente ambientalista  e retrógrada que considera tudo como “Área Intangível” e nos equipara aos “Turistas de Aventura” que somente poderão visitar pequenas áreas demarcadas destes parques com a companhia de guias ou monitores. Em muitos lugares isto já acontece.

Quem cala, consente. Então é mais do que hora para demonstrar nosso descontentamento e ainda há tempo para mudar o rumo dos acontecimentos antes que alguém vá preso por subir “A Crista do Gigante” no Marumbi como o caboclo que descascou um pedaço de árvore para fazer chá e medicar a mulher. Enderecem suas sugestões e reivindicações á

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O momento é oportuno e a federação precisa da colaboração de todos para se afirmar e encontrar o melhor caminho para o montanhismo paranaense.


Carta aberta à FEPAM

Que fique clara a minha intenção honesta e desinteressada de colaborar com a iniciativa da Filiação Individual dos Colaboradores da FEPAM e a todas que a entidade venha a propor na direção de defender e promover o montanhismo. A cultura de montanha no Paraná e no Brasil atravessa um momento delicado e necessita de uma melhor representação institucionalizada. E somente agora me disponho a colaborar com a FEPAM porque acredito nas intenções desta gestão e nos valores individuais que a compõe. Também estou consciente das dificuldades em conciliar pressões, interesses, desinformação e compromissos diversos. O que penso sobre montanhismo é público e nem um pouco consensual, mas procuro disseminar estas idéias pela lógica e pelo convencimento sem jamais usar subterfúgios escusos.

É desta maneira que emito meu parecer sobre o TERMO DE COMPROMISSO proposto para filiação dos colaboradores:

1.) Não é possível exigir comprometimento sério com algo que não se conhece. O que é o Código de Ética e quais são os Estatutos da FEPAM? Esta informação é de suma importância e não está disponível no site da FEPAM que é seu principal meio de comunicação com o público.

2.) Para evitar se expor ao descrédito antecipado e a hipocrisia deslavada deve-se evitar regras que de antemão sabe-se que serão desrespeitadas. “Quando houver regras locais de visitação, me comprometo a respeitá-las”. No Brasil real esta regra é uma sentença de morte ao montanhismo como esporte e a capitulação total ao turismo de aventura. À federação só restará, depois de algum tempo, expulsar todo mundo ou fazer vista grossa para os que não forem pegos em flagrante. É uma armadilha desnecessária que prejudicará a credibilidade da FEPAM. Se os compromissos alheios a vontade impuserem algo neste sentido é mais conveniente instituir alguma forma de advertência administrável politicamente.

3.) Mutirões e ações sociais são atividades próprias dos clubes para seus associados e voluntários. Os “Independentes” têm histórica repulsa à atividade e muitos a consideram prejudicial ao montanhismo, o que nunca os impediu de voluntariamente recolher o lixo encontrado nas trilhas ou chamar a atenção de algum “desavisado”. Para a afirmação da federação como entidade superior jamais deve ser confundida com um “clube dos clubes”.

Estar disponível para atender aos chamados de emergência como combate a incêndios florestais ou operações de resgate nos limites de sua capacidade individual é vocação natural dos “Independentes” e a organização destas iniciativas é dever da federação.

Espero ter colaborado com estas observações, abraços a todos.

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Sobre o autor

Julio Cesar Fiori é Arquiteto e Urbanista formado pela PUC-PR em 1982 e pratica montanhismo desde 1980. Autor do livro "Caminhos Coloniais da Serra do Mar", é grande conhecedor das histórias e das montanhas do Paraná.

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