Um intenso trabalho que envolve muitos voluntários está em curso, e conta com a ajuda de um casal de brasileiros que viajava pelo país na época e se comoveu com a situação do país.Maria da Paz (natural de Portugal) e Walmyr Freire (carioca da gema), meus amigos pessoais,tinham dado um tempo em suas rotinas na cidade maravilhosa e estavam havia mesesviajando pelo mundo quando a tragédia aconteceu. Estavam passando pelo Butão em direçãoà Índia, e não conseguiram ficar indiferentes em meio ao ocorrido. Decidiram literalmentearregaçar as mangas e trabalhar de forma voluntária, ajudando a construir casas semi-permanentes a base de bambu, material abundante naquelas redondezas.
Juntaram-se a uma dupla de portugueses que estava em Katmandu no dia do terremoto e que tinham resolvido ficar para ajudar. Começaram distribuindo comida. Apelaram aos amigos e família via Facebook. O movimento cresceu, ficou grande e agora já são vários voluntários que já estão até construindo casas. O foco do trabalho é em uma vila chamada Chapagaon, que, segundo eles, estava bastante destruída.
Casas Semi-Permanentes
Segundo o casal, é importante ressaltar que estão construindo com a população local, que está bastante envolvida. Um dos seus objetivos é ensiná-los novas técnicas de como se trabalhar com bambu. A ideia é fazer com que eles possam replicar esse tipo de construção no futuro.Porém, devido aos terremotos, as condições financeiras que essas pessoas se encontram, ao tipo de construção que foi observada na área e ao preço dos materiais pós-catástrofe,resolveram também acrescentar pilares de concreto com varões de ferro no interior das construções, revestidos por tijolos.Os pilares intermediários e a estrutura do teto são de bambu. Para o chão da cas,a estão sendo aproveitados os tijolos partidos.
A casa é pequena para os padrões brasileiros: 5,40m x 3,4m, devido ao tamanho do bambu e ao tamanho das placas de zinco disponíveis. Como relata o casal, “o tamanho é ótimo para quem está vivendo em tendas construídas com restos e sobras. Ou vivendo onde antes estavam as vacas e as cabras… Milhares estão em condições sub-humanas. As monções estão a caminho e várias pessoas ainda dormem sob pedaços de plástico.” Uma casa semi-permanente é uma casa que, no futuro, pode ser aumentada (usando os pilares já construídos).
Você também pode ajudar
Walmyr e Maria estão dando um exemplo de amor ao próximo, deixando de lado a viagem que estava em curso para se dedicar exclusivamente a ajudar essas pessoas, com quem não tinham qualquer ligação. Para que consigam construir o máximo de casas possíveis, precisam de doações e dinheiro para compra de material. As doações podem ser depositadas na seguinte conta:
Banco Itaú
Agência 5672
Conta corrente 14313-7
Maria da Paz Sequeira Braga
CPF 060.249.467.24
Pode parecer estranho pedir dinheiro para terceiros, mas conheço os dois e atesto a idoneidade do casal. Tenho certeza que cada centavo será revertido para ajudar aquelas pessoas. Cada vez mais percebo que eles são pessoas maravilhosas, especiais, com quem temos muito a aprender. Doar seu tempo para o próximo, ainda mais em meio a viagem que vinham realizando é sinal de grande evolução espiritual.
Para acompanhar mais de perto o trabalho que estão desenvolvendo, entre nas páginas
https://www.facebook.com/walmyr.freire
ou
https://www.facebook.com/paz.braga.9
Reflexão
Voltando para o assunto montanhismo, que é foco principal desse portal… É o segundo ano consecutivo que a montanha dá as cartas. Ano passado uma avalanche no Everest matou 18 sherpas no início da temporada. Desde então venho me perguntando se terá sido coincidência que apenas nativos tenham morrido.
Esse ano mais uma vez a montanha não permitiu ascensões. Dessa vez cobrou muito mais caro o preço da falta de respeito que estão tendo com a mesma. Novamente foram os nativos que pagaram a conta.
Não sou contra expedições comerciais, mas sou contra deixar qualquer lixo na montanha. Toneladas e toneladas de lixo, incluindo barracas, cilindros de oxigênio, cordas e toda sorte de materiais de montanhismo estão espalhados pela montanha. Uma coisa é não se sentir capaz de escalar uma montanha sozinho e, respeitando seus limites, contratar ajuda especializada para chegar ao seu objetivo. Outracoisa é o descaso que as expedições comerciais (sim, eles são responsáveis pelos seus clientes), de forma geral, têm com a montanha. Simplesmente deixam muito lixo para trás, pois é “complicado” trazer tudo de volta.
Acho que a logística deveria ser repensada. Deveria ser obrigatório descer com tudo o que subiu. Essa deveria ser a premissa, esse deveria ser o limite de cada um. Não consegue descer com o que subiu? Então não procure fazer alta montanha, pois seu interesse em chegar a seus objetivos não pode ser maior do que conservar aquilo que você diz amar. Gastar uma fortuna, deixar a família e amigos para sujar o quintal dos outros não me parece uma atitude honrada. Para mim, isso diminui ou invalida ter alcançado o cume.
Também acho que as pessoas deveriam ir somente até onde seu organismo é capaz, em solitário ou com ajuda de terceiros. Sou a favor de abolir a utilização de oxigênio, a não ser em caso de emergências médicas. Rebaixar a montanha para sua limitação tira o brilho e o sentido do montanhismo.
Acredito que as avalanches que impediram as escaladas ao Everest por dois anos consecutivos tenha sido um doloroso recado de que a natureza não aguenta mais essa falta de respeito. A natureza é um organismo vivo, em constante evolução. Somos apenas uma vírgula nogrande livro do tempo geológico. Ou repensamos nossas atitudes ou nossa passagem pela Terra será bem mais breve do que poderia ser. Pensem antes de subir uma montanha se conseguem descer com tudo o que levaram. Como têm sido duramente demostrado, precisamos das montanhas para realizar nossos objetivos pessoais, mas elas não precisam de nós para continuar em sua inabalável plenitude.