O casal de montanhistas argentinos Débora Anibaldi e Pablo Kunzle sobreviveu após ser soterrado pela neve durante uma avalanche na região da Laguna Turquesa, a cerca de 17 quilômetros de Ushuaia, na Argentina. O acidente ocorreu em julho e, felizmente, teve um final feliz: ambos foram resgatados com vida graças à rápida ação de três outros montanhistas.
O resgate foi liderado por Alfonso Lavado, que estava descendo do cume do Cerro Carabajal ao lado dos amigos Facundo Ureta e Mateo Archilla. O trio havia se atrasado devido à formação repentina de uma nuvem que encobriu o céu. Nesse momento, avistaram um “depósito de avalanche” recente. Pouco depois, notaram uma luva se movendo à distância e se lembraram de ter visto um casal naquela área horas antes.
Imediatamente, acionaram o resgate e iniciaram os trabalhos para retirar as vítimas da neve. “Cavamos por cerca de meia hora até retirá-los. O momento foi único: nos abraçamos. Não podíamos acreditar no que estava acontecendo e no milagre de ter visto aquela luva na imensidão da montanha. Ambos estavam hipotérmicos, mas não gravemente feridos. Demos a eles cobertores térmicos, roupas secas e chá quente. O helicóptero Tipo 18 de Heliushuaia chegou e os evacuaram”, contou Lavado, que também é guia de trekking e montanhismo, nas redes sociais.
Segundo o guia, o casal ficou soterrado por cerca de uma hora no total. “Temos uma visão privilegiada e somos sensíveis ao menor movimento. Mas houve uma série de coincidências, como aquela nuvem que apareceu e uma descida atrasada, caso contrário não teríamos visto… Agimos em equipe, como verdadeiros profissionais, e felizmente não estávamos errados e podemos contar a história”, completou Lavado.
A Comissão de Socorro de Ushuaia e o Grupo de Especialistas em Busca e Resgate (GEByR) informaram que Débora e Pablo não utilizavam Detector de Vítimas de Avalanche (AVV) nem carregavam o equipamento básico de segurança. As autoridades reforçaram a importância de entrar nas montanhas devidamente equipado, incluindo AVV, pá, sonda, vestimenta técnica e GPS, além de informar previamente a rota a ser seguida, como forma de minimizar os riscos em áreas instáveis.
Em entrevista ao jornal Clarín, Débora relatou o que sentiu após sobreviver. “Pablo e eu praticamos montanhismo há mais de trinta anos e nunca imaginamos que estaríamos do outro lado da avalanche. Já vimos várias na vida, mas sempre da encosta oposta. Sentimos uma alegria infinita e um pouco de desconforto e raiva por termos agido como novatos. Subestimamos a montanha, e ela nos deu uma segunda chance. Foi uma lição de vida”
Lavado também comentou sobre os erros cometidos pelo casal. “Débora e Pablo fizeram tudo errado. Subiram uma ladeira perigosa e já tinham sido avisados desse perigo devido a possíveis avalanches. Depois, subiram com os esquis calçados e os tiraram quando ouviram algum barulho (neve quebrando). E depois, sempre ficaram juntos, quando é importante ficar separado caso precise ajudar alguém.”
Ver essa foto no Instagram

















