A UIAA é para o montanhismo o que a FIFA é para o futebol. Entretanto, diferente do futebol em que a FIFA organiza as Copas do Mundo, a UIAA não organiza mais os campeonatos de escalada, que desde 2007 ficaram a cargo da IFSC, a Federação Internacional de Escalada Esportiva.
Com a divisão entre a parte esportiva da escalada e o montanhismo, a UIAA é agora apenas uma entidade de referência que estabelece padrões para equipamentos de segurança e também para guias voluntários. Ela também organiza campeonatos mundiais de escalada em gelo, mas para o montanhista brasileiro, ser filiado à este entidade não há, diretamente, muitas vantagens e o custo para isso é alto para nossa confederação: Quase 5 mil reais!
Fora a perda de funções com a criação da IFSC, a UIAA também perdeu a capacidade de homologar guias profissionais de montanha, que ficou a cargo da UIAGM, a “União Internacional de Guias de Montanha”. Desta maneira a UIAA apenas homologa o guia voluntário e não profissional.
Dentro da CBME há a necessidade maior de pagar as taxas anuais da IFSC, já que o Brasil tem atletas participando do cicuito mundial de escalada esportiva e inclusive está formando sua primeira seleção juvenil para participar neste ano do mundial de Valence, França. Os custos anuais da IFSC são de 4.500 reais. Se somados com o custo da UIAA, a CBME terá uma conta anual de cerca de 9500 reais e poucos recursos para saldar estas dívidas.
A CBME, apesar de ser uma conferação modelo dentro das atividades dos chamados “Esportes de aventura”, tem uma receita muito baixa, pois poucos montanhistas brasileiros são federados. Hoje para ser sócio da CBME, o montanhista tem que ser filiado à alguma federação estadual, que são 5 ( Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará). A federação de Santa Catarina será criada no mês que vem, mas há Estados onde o montanhismo é bem tradicional, como Minas Gerais, que sequer tem uma federação. Geralmente os filiados são associados aos clubes de montanhismo, no Rio e em São Paulo o montanhista independente pode ainda ser filiado diretamente, sem necessariamente ser sócio de clube.
O grande problema é que no Brasil existem apenas 1200 pessoas federadas a algum clube e esse número é muito pequeno levado em consideração o número de praticamentes de montanhismo e escalada.
“O valor total das anuidades dividido pelo número de
sócios dá menos de 8 reais POR ANO para cada sócio. Certamente que
os dirigentes da UIAA e do IFSC fazem esta conta e devem se pergutar: por que
será que o pessoal do Brasil não consegue pagar as nossas anuidades?” Disse por email Silvério Nery, presidente da CBME. , Segundo ele, este talvez esse seja um bom momento para reflexão e para que o montanhista e escalador brasileiro tente
compreender melhor a situação das entidades que administram o montanhismo
e a escalada no Brasil.
Dentre as perdas que o Brasil teria com o não pagamento da UIAA, está a perda de descontos em refúgios e pagamento de taxas de permissão para algumas montanhas na Europa, a necessidade de se contratar guias de montanhas em alguns países, como no Peru. Existe também um outro
benefício que poderia ser perdido, que é o reconhecimento da CBME pelo Ministério do
Esporte (que já é reconhecida) e pelo COB (que a CBME ainda está batalhando). Somente
são reconhecidas as entidades nacionais filiadas à entidade máxima
do esporte à nível mundial. Entretanto, embora a fundação do
IFSC seja recente, Nery acredita que a filiação ao IFSC cumpriria essa
função.
Contando todos os prós e contras e levando em consideração que a UIAA está perdendo representatividade, é possível que em 2009 o Brasil deixe se ser sócio da entidade.