Chapada Diamantina, Um Futuro Promissor

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Não tenho dúvida que dentro de 10 anos a Chapada Diamantina se tornará um dos principais centros de escalada do Brasil.


Venho acompanhando esta evolução desde 1986, quando abri duas vias em Lençóis. Hoje, Lençóis, Andaraí, Igatú, Capão, Mucugê e Ibicoara contam com cerca de 300 vias. Aproximadamente a metade fica em Lençóis. Na última vez que fui, mês de fevereiro deste ano, abrimos mais 7 vias em Lençóis e Igatú, entre elas: Batalha no Paraíso (VIIc), Formiga Atômica (VII a/b), Os Apuros de Juju (VI), Patricinhas Cangaceiras (VI) e Cascão (IV).

O potencial é gigantesco, mas muito poucos escaladores para explorar aquilo tudo. Entretanto, nos últimos dez anos a situação mudou, algumas dezenas de bons escaladores foram morar lá, abrindo vias de IX e, talvez, X grau. Mas quase não existem vias em paredes. Apesar de muitas dezenas de quilômetros de paredes incríveis, ainda não é fácil achar uma linha segura, sem blocos soltos. Mas é só ter paciência, porque existem linhas fantásticas.

As vias nos quartzitos e conglomerados em Lençóis são impressionantemente bonitas, não apenas pelo o traçado e a beleza das rochas, mas pelo o lugar em
si. Escalar ao lado de cachoeiras fantásticas, com água morna, limpa e acesso curto e fácil… Pouquíssimos lugares no mundo oferecem este conjunto de fatores ao mesmo tempo. Mas por outro lado, isso acaba tornando os escaladores preguiçosos (hahaha).

Escalar nos conglomerados é uma experiência interessante. Segurar naquelas bolinhas (seixos) escorregadias sem saber quais são as boas… E quando você as acham e pára para descansar, quando retorna, esquece quais eram as “bolinhas” boas… Sem dúvida é outro tipo de escalada. Mas a diversidade é grande: paredes com seixos pequenos, paredes com seixos e fragmentos de rocha enormes, paredes com buracos e paredes somente com regletes. Tem tudo isso, incluindo fendas muito boas.

Concluindo, levando em consideração a velocidade na produção de vias excelentes, o número crescente de escaladores nacionais e internacionais que estão indo visitar e morar lá, e beleza do lugar, em mais uma década a Chapada Diamantina vai se tornar um dos principais centros de escalada no país, não tenho dúvida.

Antonio Paulo de Faria

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Sobre o autor

Antonio Paulo escala há tanto tempo que parece que já nasceu escalando... 30 anos. Até o presente, abriu mais de 200 vias no Brasil e em alguns outros países. Ele gosta de escalar de tudo: blocos, vias esportivas, vias longas em montanhas, vias alpinas... Mas não gosta de artificiais, segundo ele "me parecem mais engenharia que escalar propriamente". Além disso, ele também gosta de esquiar, principalmente esqui alpino no qual pratica desde 1996. A escalada influenciou tanto sua minha vida que resolveu estudar geografia e geologia. Antonio Paulo se tornou doutor em 1996 e ensina em universidades desde 1992. Ele escreveu sobre escalada para muitas revistas nacionais e internacionais, capítulos de livros e inclusive um livro. Ou seja, ele vive a escalada.

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