Conciência Negra, como grupos atuam para tornar o montanhismo mais inclusivo

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Pela primeira vez, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra como feriado nacional. Mais do que uma simples pausa na rotina, o dia 20 de novembro representa um convite à reflexão sobre os desafios enfrentados pela população negra em diferentes contextos, incluindo os espaços de lazer e práticas esportivas.

Historicamente, o montanhismo tem sido considerado uma atividade elitista, com barreiras econômicas e culturais que limitam o acesso e refletem a baixa diversidade entre seus praticantes. Apesar disso, a representatividade negra nesse universo tem crescido ano após ano, impulsionada por iniciativas que promovem inclusão e igualdade.

Integrante do Escalalec em dia de escalada no Parque da Muritiba. Foto: @escalalec

No Brasil, grupos como o Negritude Outdoor e o Afro Trekking têm liderado ações que ampliam a presença de pessoas negras em trilhas e montanhas, destacando a importância de ocupar esses espaços como uma forma de resistência e protagonismo. O projeto pioneiro Escalalec, na Bahia, conecta jovens negros da Chapada Diamantina à escalada em rocha, unindo esporte, educação e conscientização racial. Outra iniciativa que merece destaque foi o 1Curso de Introdução à Escalada em Rocha no Quilombo Kalunga, realizado na Chapada dos Veadeiros. Esse projeto capacitou moradores locais, oferecendo uma porta de entrada ao montanhismo em uma das maiores comunidades quilombolas do Brasil.

No cenário internacional, os Estados Unidos, país historicamente marcado por conflitos raciais, têm se destacado com ações transformadoras. Um exemplo é a Full Circle Everest Expedition, realizada em 2022, que marcou história como a primeira equipe composta exclusivamente por montanhistas negros a alcançar o cume do Monte Everest. Essa conquista trouxe visibilidade à luta por inclusão nos esportes de aventura, inspirando novas gerações de alpinistas ao redor do mundo.

Grupo Full Circle Everest Expedition. Foto: divulgação

Além disso, coletivos norte-americanos têm desempenhado papéis importantes na promoção da diversidade no montanhismo e na escalada, como:

  • Brown Girls Climb: Focado em mulheres negras e indígenas, promovendo eventos e criando uma comunidade de apoio.
  • Brothers of Climbing (BOC Crew): Criado para oferecer um espaço seguro e acolhedor para pessoas negras na escalada.
  • Climb the Gap: Sediado em Los Angeles, reúne escaladores negros e busca promover a diversidade no esporte.
  • Black Ice: Inspirado no documentário homônimo, incentiva a participação de afro-americanos na escalada no gelo.
  • Memphis Rox: Um ginásio de escalada sem fins lucrativos que prioriza o acesso da comunidade negra e outras populações marginalizadas.

Ginásio Menphis Rox. Foto: Divulgação.

Essas iniciativas, no Brasil e no mundo, mostram como o montanhismo e a escalada podem ser ferramentas poderosas de transformação social, quebrando barreiras, desafiando estereótipos e ampliando horizontes. No Dia da Consciência Negra, é essencial celebrar essas conquistas e reforçar o compromisso com a promoção de espaços mais diversos, inclusivos e acessíveis.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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